Antonina nega que faltem anestésicos para partos agendados; JB Litoral esclarece como e onde nascem os bebês do Litoral


Por Flávia Barros Publicado 19/08/2022 às 13h58 Atualizado 17/02/2024 às 15h30
hrl hospital
Hospital Regional do Litoral tem maternidade que recebe parturientes de todas as cidades da região para partos de alto risco ou com complicações. Foto: Venilton Küchler

Quando uma mulher descobre que está grávida, surgem várias preocupações: onde fazer o pré-natal para acompanhar a própria saúde e a do bebê, como receber essa nova vida etc. E aquilo que, para muitas gestantes, é a principal questão: o parto. Em que hospital e de que forma o filho virá ao mundo.

O JB Litoral quis saber aonde e de quais formas nascem os caiçaras litorâneos da rede pública.  A reportagem conversou com todas as cidades da região após uma live, no final de julho, na qual o secretário de Saúde de Matinhos, Paulo Henrique Oliveira, falou sobre a dificuldade que os municípios estão enfrentando para comprar alguns medicamentos, pela escassez dos produtos no mercado. Na fala do secretário, ele disse que Antonina, por exemplo, estaria encaminhando 100% das cesáreas para Paranaguá por falta de um anestésico utilizado durante o procedimento. No entanto, procurado pelo JB Litoral, o secretário de Saúde de Antonina, Odileno Garcia, negou a falta de anestésico na cidade.


ANTONINA


De acordo com Odileno Garcia, a cidade conta com um centro cirúrgico e uma sala de parto para realização dos partos, tanto cesáreas quanto normais, onde são realizados, em média, 12 partos por mês no Hospital Municipal Dr. Silvio Bittencourt Linhares. Metade deles são partos normais e a outra com necessidade de cirurgia. “Encaminhamos para o Hospital Regional do Litoral apenas partos de risco intermediário e de alto risco. Fazemos cesáreas eletivas após 39 semanas de gestação, às segundas, terças e finais de semana. Temos plantão de obstetrícia quase todos os dias, exceto às quintas-feiras, que não temos plantonista. Não procede a informação do secretário de Matinhos”, disse o secretário de Saúde.


MATINHOS

Já o secretário de Saúde de Matinhos afirmou à reportagem que o sentido de sua fala, durante a transmissão por rede social, foi de que todos os municípios encaminham partos ao Hospital Regional do Litoral, eventualmente nos casos em que, por prescrição médica, se necessite de cuidado, exames ou medicamentos, incluindo anestésicos que não possam ser oferecidos para um parto seguro, “de modo a que nenhuma paciente seja exposta a qualquer risco, e que isso ocorre sistematicamente em todo o Litoral, não somente no município de Antonina”, contestou Paulo Henrique Oliveira.

Segundo a secretaria de Saúde da cidade, são realizados em média 50 partos, entre normais e cesáreas. A estrutura para atender às parturientes de Matinhos é composta por salas de acolhimento, pré-parto com cama, pré-parto, parto, pós-parto e banheiro, alojamentos com banheiro e, ainda, leitos para pacientes e acompanhantes, além de centro cirúrgico com duas salas cirúrgicas.

O chefe da pasta da Saúde também explicou em que casos os bebês não nascem em Matinhos.

Encaminhamos as parturientes a outras instituições hospitalares quando prescrito pelo profissional médico, em casos de emergência que se necessite do aparato de UTI neonatal, gestação de alto risco ou que necessitam de algum cuidado de maior complexidade, que não possa ser fornecido na Maternidade Navegantes”, finalizou Paulo Henrique.


GUARATUBA


Já Guaratuba encaminha apenas 6,5% de suas gestantes para partos fora da cidade, segundo a Prefeitura. A média mensal do Hospital Municipal de Guaratuba é de 40 partos.

Nossa estrutura conta com leitos de pré-parto, sala de parto, alojamento conjunto para mães, bebês e acompanhantes e, ainda, centro cirúrgico totalmente equipado para atendimentos 24h por dia, com equipe de profissionais habilitados para atender gestantes de risco habitual e intermediário. Compõe a equipe de plantão médico obstetra, anestesiologista, pediatra, enfermeiro e técnicos de enfermagem. Casos de emergências obstétricas que não podem aguardar transferência para o HRL, e que necessitam de intervenção imediata da equipe multiprofissional da maternidade, são realizados no próprio Hospital de Guaratuba com posterior encaminhamento para o hospital de nossa referência (HRL), se necessário for. Vale ressaltar que o Município de Guaratuba conta com o Ambulatório de Atenção Especializada (AAE) em Gestação de Risco. As que possuem alto risco de complicações obstétricas já são referenciadas durante o pré-natal para vinculação no HRL e os partos de alto risco são agendados no hospital de referência, o que contribui para a diminuição dos riscos de emergências e complicações no Município”, explicou a prefeitura, por meio de sua assessoria de comunicação.

Ainda segundo a Prefeitura, em 2021, o Hospital Municipal de Guaratuba realizou 519 partos. As gestantes atendidas no AAE em Gestação de Risco de Guaratuba, no ano passado, foram 298, dessas, 34 tiveram necessidade de transferência, o que representa 11,4% dos partos considerados de risco feitos fora da cidade; 6,5% do total.

MORRETES, PONTAL DO PARANÁ E GUARAQUEÇABA


As três cidades têm um ponto em comum: não têm maternidade. Em Morretes, são realizados cerca de dois partos por mês. Segundo a Prefeitura, o Município dispõe de kits para partos de urgência e encaminha todas gestantes para o HRL, exceto as que chegam ao hospital em período expulsivo, que é quando o bebê já está prestes a nascer. O Hospital de Morretes não tem obstetra, nem anestesista, nem pediatra de plantão.

Em Pontal do Paraná não é diferente, como explicou a secretária de Saúde, Carmen Moura. “Não realizamos partos em Pontal do Paraná, pois não temos maternidade, todos os partos são referenciados para Paranaguá e apenas o pré-natal é feito nas unidades de saúde da cidade.

A exemplo de Morretes e Pontal, Guaraqueçaba tem como referência o HRL, para onde as mulheres são encaminhadas, tanto para parto natural quanto para cesárea.

Nossa Unidade não realiza partos programados, pela dificuldade de logística e remoção, seria necessário a permanência de obstetra, anestesista e pediatra de plantão ou sobreaviso. Realizamos partos expulsivos ou em caso de impossibilidade de remoção”, disse ao JB Litoral o secretário de Saúde, Alcendino Ferreira Barbosa. Ele também informou que este ano nasceu um bebê por parto natural na cidade, e em 2021 foram quatro partos.

As gestantes fazem o pré-natal em nossas três unidades de saúde. Temos unidade que possui estrutura física adequada para realização de partos, mas precisaria de dimensionamento profissional para implantação de uma maternidade”, finalizou o secretário.


COM A PALAVRA, O HRL, “HOSPITAL-MÃE DO LITORAL”


Em todo o ano passado, nasceram 1.946 bebês no HRL. De janeiro a julho de 2021 foram 1.174 partos; 696 naturais e 478 cesáreas.

Em 2022, também de janeiro a julho, nasceram 1.239 parnanguaras, sendo 643 de partos normais e 596 cesáreas.

O diretor-geral do HRL, Hemerson Saqueta Barbosa, explicou à reportagem que “a maioria dos partos realizados no hospital são de mães provenientes de Paranaguá, Pontal do Paraná, Morretes e Guaraqueçaba, pois não possuem serviço de obstetrícia próprios. Matinhos e Guaratuba enviam quando necessitam de UTI neonatal e Antonina envia quando há intercorrências”, disse.

Para exemplificar os dados revelados sobre a origem das parturientes atendidas no HRL, a Unidade cedeu os dados relativos a maio, junho e julho deste ano: