Após 15 anos, Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres passará por obras de reforma e conservação


Por Flávia Barros Publicado 13/06/2023 às 01h32 Atualizado 18/02/2024 às 14h04

Ela é imponente com suas muralhas de 10 metros de altura. Rica em história e beleza, presenciou quase 260 anos de eventos significativos e, agora, pode passar por obras de conservação para proporcionar que outras tantas gerações, que estão por vir, também possam se encantar e aprender com ela. Isso porque a Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres, na Ilha do Mel, deve passar por reformas em breve.

Os serviços considerados prioritários pelo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), segundo o plano de conservação da Fortaleza, publicado em 2021, são as intervenções na Casa de Guarnição, que é o local de apoio para visitantes e funcionários, e as prisões. “A edificação precisava de muitas outras obras, mas a partir do plano de conservação estabelecemos as prioridades de intervenção e de estudos para subsidiar as etapas que devem levar à restauração completa do bem, que depende de recursos e também de equipe, já que o IPHAN-PR conta atualmente com poucos servidores”, disse ao JB Litoral a arquiteta do IPHAN, Sandra Correa.

O valor dessa etapa da obra é de R$ 446 mil, para execução em 4 meses. Em paralelo e fruto de uma licitação anterior, as pesquisas arqueológicas já estão em andamento e custarão R$ 245 mil. A previsão do IPHAN é que tanto as obras de conservação como as escavações arqueológicas sejam iniciadas em agosto.

O plano inicial também previa atividades de educação ambiental e patrimonial durante o cronograma de obras, mas a empresa que venceu a licitação e prestaria o serviço, desistiu. Ainda assim, de acordo com a recém-empossada superintendente do IPHAN/PR, Fabiana Moro Martins, que assumiu a função no início do mês, a atividade será mantida e com a Fortaleza de portas abertas, decisão que atende a um pedido da comunidade da Ilha do Mel.

Pretendemos fazer essas atividades em parceria com o CEPA/UFPR (Centro de Estudos e Pesquisas Arqueológicas), para crianças e professores, além de visitas guiadas às escavações. Também queremos melhorar a comunicação com os moradores e promover a participação das crianças nas oficinas, mas nossa equipe é pequena, então vamos tentar ajustar”, revelou a superintendente ao JB Litoral.

Autorização e regras


A Autorização Ambiental (AA) que permite ao IPHAN iniciar as obras foi concedida na semana passada, dia 12, pelo Instituto Água e Terra (IAT). O documento é válido por dois anos. De acordo com a AA, os serviços para a conservação da Fortaleza devem seguir a legislação ambiental do estado, como a destinação final correta dos resíduos de construção civil. O documento poderá ser suspenso ou cancelado em caso de não conformidade, violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou normas legais, omissão ou falsa descrição de informações, bem como colocar a população, fauna e bioma em riscos.

A pesquisa arqueológica e os trabalhos de manutenção e conservação da Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres serão executados com recursos destinados por meio da Emenda Parlamentar nº 3073005, da então deputada federal Christiane Yared (Progressistas), atual secretária municipal de Gabinete Institucional de Paranaguá. A verba foi destinada ao IPHAN/PR na gestão de Rosina Parchen, superintendente do órgão no Paraná de maio de 2021 até o último dia 31.

Além disso, os recursos da emenda também contemplam outras obras importantes na região, tais como: 

  •  Pesquisa arqueológica na área da Igreja Matriz de Guaratuba;
  •  Serviços de manutenção e conservação da Igreja Matriz de Paranaguá;
  •  Projeto de Restauração do Salão Paroquial de Antonina;
  •  Revisão e atualização do Projeto de Restauração da Igreja Matriz de Antonina.

A Fortaleza


A edificação começou a ser construída em 1766, por escravos, para proteger as minas de ouro descobertas em Paranaguá, em 1646, pelos portugueses. A muralha de pedra conta com 10 metros de altura e dois metros de espessura, voltada para o leste da Ilha, e atualmente é aberta para visitação, com exposições, encontros de capoeira e práticas relativas às religiões de matriz africana. É também um polo para produção de pesquisas e conta com uma biblioteca.

A conservação da Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres irá recuperar áreas degradadas, promover a recomposição com espécies nativas da flora, com foco em pesquisas científicas e na disseminação da educação ambiental, entre outras atividades promovidas pelo IPHAN.

*Com informações de AEN e IPHAN