Após fazer relatório minucioso sobre exportação de madeira nativa, chefe do Ibama em Paranaguá é exonerado


Por Marinna Prota Publicado 21/04/2021 às 11h10 Atualizado 16/02/2024 às 00h04

Por Marinna Protasiewytch com informações da Folha de São Paulo

Na noite desta terça-feira (20) veio a público a exoneração do chefe do Ibama em Paranaguá. Antonio Fabricio Vieira, era servidor do órgão há 26 anos e responsável pela unidade técnica do órgão no porto de Paranaguá. O afastamento ocorreu, segundo o documento que deve ser publicado no diário oficial por “necessidade de readequação da estrutura”.

O porto de Paranaguá é o segundo maior do país em volume de exportações em geral e também de madeira. A área portuária paranaense foi responsável por exportar um total de 118 mil m3 em 2020, considerando madeiras de áreas plantadas e nativas.

A exoneração do profissional foi assinada no último dia 19 de abril, pelo superintendente do Ibama no Paraná, Luiz Antonio Corrêa Lucchesi, conforme publicado pela Folha de São Paulo. O jornal ainda afirma que “Fontes ligadas ao governo atribuem a ação a um pedido direto do ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente), que teria telefonado ao superintendente do estado. O ministro nega relação com a providência. “Nunca falei com o SUPES-PR sobre nenhum assunto”, respondeu Salles ao blog”.

O relatório

Antonio foi o responsável por um relatório feito em fevereiro em que foi descrita a realização da fiscalização de “100% das cargas a serem exportadas pelo porto de Paranaguá, em um total de 35.822 m3 de madeira nativa” ao longo do último ano, movimentando cerca de R$301,2 milhões. A operação, segundo a Folha de São Paulo, deve gerar 30 autos de infração, por falta de documentação válida para todo o período de transporte da carga, já que a exportação de madeira nativa exige o Documento de Origem Florestal.

Além da fiscalização, no documento elaborado pelo servidor, ele mencionou que só contava com três servidores em atividade e pediu a admissão de mais cinco pessoas para poder atender a demanda do porto. O prédio do Ibama, na cidade, que foi interditado em fevereiro de 2021, também fez parte dos pedidos de Antonio, que argumentava sobre a necessidade de uma reestruturação no imóvel da unidade.

No trecho do relatório publicado pela Folha de São Paulo, é possível ver o que foi relatado pelo servidor exonerado. “Informamos que a sede e único prédio da administração da Unidade Técnica (em melhores condições de habitabilidade) encontra-se interditada pela Defesa Civil de Paranaguá, devido à má conservação da mesma e risco aos transeuntes, carecendo de reforma imediata”, diz o documento.