COLÉGIO ESTADOS UNIDOS


Por Redação JB Litoral Publicado 15/05/2015 às 15h00 Atualizado 14/02/2024 às 07h39

 A expansão da região portuária em Paranaguá está acabando, aos poucos, com uma das mais antigas unidades de ensino da cidade, o Colégio Estadual Estados Unidos da América. Localizado na esquina da Rua Governador Manoel Ribas com a Avenida Rua Gabriel de Lara, no bairro João Gualberto, o colégio, que foi fundado em 1944, ficou numa área de intensa atividade portuária. Nos últimos anos, o crescimento da atividade industrial no entorno do colégio resultou nas vendas das residências e no deslocamento das famílias para outros bairros. Com capacidade e estrutura física para atender em torno de 1.600 alunos, apenas 91 continuam matriculados. 

  A reportagem do JB foi conferir o estado da estrutura do prédio e o acesso dos alunos e profissionais da educação até a instituição de ensino. Pela Rua Governador Manoel Ribas é difícil o acesso, principalmente pelo intenso tráfego de caminhões pesados. Enquanto que pela Avenida Gabriel de Lara, o tráfego é quase impossível, diante da existência de um buraco enorme que há anos acumula água suja e restos de resíduos. Ao lado do muro, o matagal coberto por poeira toma conta do espaço, deixando um cenário de total abandono.
  No interior do prédio, há o alívio por respirar um ar menos pesado, pois as empresas da região emitem fumaça e fuligem prejudiciais às vias respiratórias e que causam também irritação nos olhos. Ao todo são 16 salas de aulas, com opções de informática, música e atividades esportivas, a maioria delas munidas de ar condicionado. O espaço que seria para a lanchonete da escola, está interditado há dois anos, com o risco do forro de madeira desabar. Na parte externa encontra-se a horta escolar, com apenas um pé de pimenta que sobrevive solitário. Do outro lado do pátio, há um ginásio, com quadra de futsal e vôlei coberto, mas existem buracos no telhado. O matagal também toma conta do entorno do espaço, acumulada com fezes de pombo, que podem transmitir a doença criptococose, causadas por fungos da ave. A reportagem ainda se deparou com duas salas com vidros quebrados, que guardam livros didáticos e outros produtos educacionais.
  Apesar do cenário de abandono, a agente educacional Delaias Nunes, que trabalha no local há 22 anos, diz que o trabalho precisa continuar. “Não podemos abandonar o nosso lugar de trabalho como estão fazendo com o colégio. Há crianças aqui e precisamos atendê-las e não desmotivá-las. Elas saberão do real papel da escola, assim como muitos saíram daqui e estão formados. Infelizmente, a nossa realidade é essa”, relata. São 34 professores que continuam oferecendo aulas no local e 10 agentes para manter o colégio em funcionamento. “Estamos aguardando uma posição do Governo do Estado, mas tenho que ressaltar que continuaremos aqui enquanto houver alunos”, conclui a funcionária.

Destino Incerto

O destino dos 91 alunos da instituição ainda é incerto, mas a real situação do prédio preocupa a direção do colégio e o Núcleo Regional de Educação de Paranaguá (NRE).
De acordo com o NRE, com a gradativa redução de procura por vagas na escola nos últimos anos, têm sido realizadas consultas públicas com os pais que ainda residem no bairro propondo-se a transferência dos alunos matriculados. No entanto, os pais ainda não aceitam a transferência dos filhos para outras escolas.
“Diante da recusa destes pais, a escola continua em funcionamento até que haja a total transferência dos alunos para outras escolas.
Mesmo com o pouco recurso financeiro da escola, o diretor tem envidado todos os esforços para mantê-la limpa e organizada. A escola tem ofertado atividades no contra-turno com programas educacionais e esportivos para manter os alunos na escola e torná-la, apesar de tudo, mais agradável”, explica a chefia do NRE, professora Selma Camargo Meira.

Diretor pede mais diálogo com a comunidade

Desde 2011 no comando do colégio, o professor Jozelito Serafim da Rocha (49), diz que as crianças não podem ficar sem escola e que o caso precisa de sensibilidade e boa vontade do Poder Público. “Atendemos um número reduzido de alunos. São 91 até por conta do entorno, famílias estão sendo indenizadas e tem diálogos para indenizações de outros terrenos. Mas entendo que aquelas crianças não podem andar mais que dois quilômetros para estudar. É uma escola que precisa de reparos e fica muito caro. O Estado tem apontado para a construção de uma nova unidade em outro bairro e esperamos que isso aconteça no menor espaço de tempo. Mas o caso precisa de sensibilidade, porque não podemos deixar essas crianças sem estudo ou determinar que elas tenham que ir para outra escola. Tem que haver diálogo”, ressalta.
De acordo com ele, o Governo do Estado, assim como a prefeitura, negociam um terreno no bairro Vale do Sol para a construção de uma nova unidade escolar.“Existe um projeto para uma nova unidade e houve conversa com a prefeitura e Estado que está bem avançada. Deu uma parada por causa da greve. Creio que um novo prédio, mantendo o mesmo nome por causa da tradição e as pessoas serem indenizadas com valores justos pelos seus terrenos, acho que seria o ideal”, declara.“Entendemos que por causa dessa demanda reprimida, tanto no bairro Vale do Sol, quanto no bairro do Jardim Iguaçu, é uma necessidade emergencial ter um colégio nesta região. Porém precisa ser resolvida em um curto período. O Estado está devendo para a cidade. Não existe aluno do estado, município ou bairro. O aluno é parnanguara. Ele estuda, se forma, muda de cidade, mas continua levando consigo o que aprendeu na escola. Entendemos que o governo, a prefeitura e Câmara precisam se alinhar. A última unidade de ensino em Paranaguá foi construída muito tempo”.