Com 87,1% das obras concluídas, revitalização da Orla de Matinhos não impacta a fauna, diz IAT


Por Flávia Barros Publicado 07/11/2023 às 00h48 Atualizado 19/02/2024 às 04h04

De acordo com o Instituto Água e Terra (IAT), as obras de revitalização da Orla de Matinhos estavam, nessa segunda-feira (6), 87% concluídas. Data em que o Instituto divulgou que o monitoramento feito para acompanhar a adaptação da fauna à revitalização tem apresentado resultados satisfatórios. O trabalho é feito pelo Projeto Básico Ambiental (PBA), desenvolvido em parceria com o Consórcio DTA/Acquaplan, responsável pelas obras no local. De acordo com o IAT, os dados mostram que até agora foram avistados 4.287 animais na região, de 36 espécies, com destaque para a aparição de grupos de boto-cinza (SotaliaGuianensis) e toninhas (Pontoporiablaenvillei), que correm risco de extinção.

Como é feito

A coleta de dados é feita por meio do Programa de Monitoramento de Tetrápodes (superclasse dos vertebrados terrestres, que inclui anfíbios, répteis, aves com penas e os mamíferos), que acompanha mamíferos marinhos, aves e tartarugas para identificar o comportamento dos animais e verificar eventuais impactos de ações feitas pelos homens. Esse acompanhamento é feito por água, terra e ar, com o auxílio de drones. O objetivo é amenizar possíveis danos à vida e ao habitat desses animais.

Segundo o biólogo do Setor de Fauna do IAT, Lucas Silva Azevedo, tendo esses dados, o órgão ambiental pode identificar espécies ameaçadas, vulneráveis e endêmicas, as quais têm maior relevância de conservação.

Os resultados preliminares indicam que a principal intervenção urbana da história do Litoral do Paraná não interferiu na convivência e existência de tetrápodes na região.

Quando temos informações da ocorrência dessas espécies na área de influência de um empreendimento, o órgão ambiental pode solicitar atividades específicas voltadas para a sua conservação. É também por meio do monitoramento que é possível detectar se houve alguma mudança na composição de espécies ao longo da instalação e operação do empreendimento, no caso a obra na Orla de Matinhos”, afirma o biólogo.

É o que ocorre com o boto-cinza. Todos os indicadores apontam para a adaptação completa do cetáceo, que frequenta a Lista Nacional de Espécies em Extinção do Ministério do Meio Ambiente.

Foto: IAT

A oceanógrafa e gestora da equipe técnica do Consórcio DTA/Acquaplan, Thelma Scolaro, explica que a Baía de Paranaguá abriga uma das maiores populações de botos-cinza do Brasil. “O boto-cinza reside na Baía de Paranaguá, mas eles saem com bastante frequência, muito possivelmente para alimentação, e estão presentes também na região costeira de Matinhos, por isso, esse monitoramento é de extrema importância”, diz Thelma.

Revitalização e impasse

Com previsão de término para o segundo semestre de 2024, e um investimento do Governo do Estado de quase R$ 315 milhões, as obras vivem um impasse judicial iniciado há quase um ano em um trecho de 600 metros, entre a região de Praia Grande e o Balneário Flórida. No local, as obras estão paralisadas por determinação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que contesta na justiça o manejo da vegetação nativa.

Na semana passada, segundo informou o IAT, nesta segunda-feira (6) ao JB Litoral, o juiz federal Flávio Antônio da Cruz, da 11ª Vara Federal de Curitiba, realizou uma visita técnica no local. A expectativa agora é que o mérito seja analisado e o impasse chegue ao fim.