Com alta da gasolina, motoristas de aplicativos no litoral sofrem: “penso em parar”


Por Marinna Prota Publicado 25/08/2021 às 11h44 Atualizado 16/02/2024 às 11h09

A alta no preço dos combustíveis tem tido impacto direto no poder de compra da população. Com a gasolina mais cara, o transporte também elevou seus preços e a conta acaba sendo repassada para o consumidor. No caso de quem trabalha com o transporte de passageiros a situação é ainda pior, pois o reajuste nos valores cobrados não existiu e a despesa acaba sendo absorvida pelos próprios motoristas.

É o caso do Célio de Abreu, de 44 anos, ele trabalha como vigilante, mas complementa a renda fazendo corridas por aplicativos em Paranaguá. “Tá mais pesado trabalhar agora [com a alta da gasolina]. Dói no bolso, por causa desse aumento, aumenta tudo, até a manutenção do carro. Eu tenho conseguido tirar o meu sustento, mas tenho que trabalhar por mais horas”, relatou o motorista.

Segundo o Índice de preços Gaspass, o preço da gasolina nas bombas de Paranaguá tem ficado entre R$ 5.599 e R$ 5.799. No entanto, a alta não foi acompanhada por reajuste nas tarifas dos aplicativos e tem sido um obstáculo para quem precisa do dinheiro para sobreviver. “Se eu não tivesse meu trabalho fixo não ia dar. Tenho vários companheiros que estão desesperados. Trabalhamos de 8 a 12 horas, para ganhar entre R$140 a R$180, sem tirar a gasolina. Para você ter uma ideia, esses dias fiz R$177, mas abasteci o carro com R$100, então ganhei só R$77”, lamentou Célio.

 Em 2021, foram nove reajustes no valor da gasolina, um crescimento de 51% na conta de quem abastece o carro com esse combustível. O etanol também subiu e segundo Índice de preços Gaspass está entre R$ 4.599 e R$ 4.852, em Paranaguá. Para quem trabalha com o veículo, o sentimento é de desânimo. “Eu penso em parar sim”, finalizou Célio.

As altas no preço das bombas estão relacionadas com o mercado internacional e valor do dólar, que tem alcançado patamares próximos aos R$6,00. Como o barril de petróleo é precificado através da moeda americana, quanto menor o poder de compra do real em comparação com o dólar, mais caro ficarão os combustíveis no Brasil.