Em 10 anos, Guaratuba espera ter ponte e mudanças na mobilidade urbana


Por Marinna Prota Publicado 22/09/2021 às 17h27 Atualizado 16/02/2024 às 14h09

Quem está acostumado com o fluxo intenso de turistas durante a temporada, engarrafamentos e muita disposição para poder transitar pela cidade espera ansiosamente a mudança que um Plano de Mobilidade Urbana (PMU) bem executado possa trazer. Ainda em fase de escuta da população, por meio da realização das audiências públicas, o PMU de Guaratuba já é pensado para uma nova cidade daqui a 10 anos.

O ponto principal tem sido baseado na construção da ponte que vai ligar Guaratuba a Matinhos, onde hoje opera o serviço de ferry-boat. O projeto audacioso é sonho de muitos moradores, que precisam ou enfrentar as filas e problemas recorrentes na travessia ou utilizar um trajeto mais longo pela BR-376 para chegar a outra ponta no Cabaraquara. Ainda no ano passado, o governador Carlos Massa Ratinho Junior já afirmava que a expectativa era de fazer o projeto da ponte seguir adiante, com a elaboração de planos e a concessão de licenças.

Baseado nisso, o PMU, que vem sendo produzido pelo Instituto Tecnológico de Transportes e Infraestrutura (ITTI) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), realizou diversos estudos que contém melhorias nas rotas, sinalização e planejamento de fluxo de vias dentro da cidade. Na apresentação feita na 3ª audiência pública sobre o tema, que ocorreu de maneira on-line e contou com a presença de cerca de 50 pessoas, foram detalhados os pontos de mudança.

Dentre eles, o que deve gerar um impacto inicial e imediato, assim que a implantação começar, deve ser a mudança de sentido das principais avenidas da cidade. A alteração do fluxo deve ocorrer na Avenida 29 de abril, que pode vir da praia até a baía, e a Avenida Ponta Grossa fazendo o binário na posição oposta para escoamento do fluxo de volta, sentido praia. Outro ponto importante de movimento é a Rua Nicolau Abagge, que pode se transformar em um binário com sentido único, indo até o centro da cidade, enquanto a Rua Guilherme Pequeno fará o sentido inverso.

Debate nas redes sociais

Nas redes sociais, os moradores debateram sobre as alterações e, em alguns casos, apontaram que a sinalização das vias deve ser prioridade. “Precisamos de placas ou de algo que ajude o motorista a se identificar por aqui, é muito difícil saber em que rua estamos”, disse um dos internautas. Na mesma discussão, um dos moradores, que participou da audiência pública, salientou a importância da população falar neste momento e expor aquilo que acha mais viável. “A audiência era aberta ao público. Eu participei! Como alguns também. Tinha espaço para sugestões, inclusive. Mas a maioria só sabe reclamar na hora em que já está tudo decidido, quando é para participar, para dar sugestões, não tão nem aí. Não acho que é erro dos governantes nesse caso. É erro da população que é omissa mesmo”, pontuou Fran Bernert.

Segundo o prefeito Roberto Justus, do DEM, este é um momento em que todos têm voz para ajudar a definir o que irá ocorrer de fato com a mobilidade urbana da cidade. “A audiência pública é importante, pois é um dia em que a gente discute as soluções para as questões que foram diagnosticadas. Agora que nós vamos discutir se determinada rua vai ter um sentido só, se vai ser sentido bairro centro ou centro bairro. Agora que o comerciante vai discutir se naquela área de estacionamento em frente a sua loja terá uma ciclovia, onde colocar os semáforos, quais esquinas, quais são as prioridades”, detalhou o prefeito.

Projetos para construção da ponte de Guaratuba já foram feitos por dezenas de empresas, mas até agora nada foi liberado oficialmente / Crédito: Divulgação

Mobilidade Urbana engloba tudo

Além das mudanças no tráfego de veículos motorizados, a proposta traz ainda a alteração de estacionamentos nas vias, que podem se tornar em 45° graus, permitindo que mais veículos parem na região. Outra questão envolve também os ciclistas, parte importante da população, que tem esse modal como um dos principais meios de transporte.

“Importante destacar que essa iniciativa de fazer o PMU, de certa forma, evidencia a preocupação em solucionar não somente os problemas em curto prazo, mas sim preparar a cidade para encarar as situações que virão nos próximos anos. São propostas de curto, médio e longo prazo”, disse o professor Eduardo Ratton, da UFPR, engenheiro civil e coordenador geral do projeto de PMU feito pelo ITTI.

“Foram definidas cinco diretrizes principais: priorização do transporte não motorizado sobre o motorizado, para trazer uma mobilidade mais democrática para Guaratuba, porque todos somos pedestres; promoção do acesso integral aos serviços de mobilidade; deslocamento de cargas e pessoas de forma eficiente e eficaz; mobilidade segura; e, por fim, integração das políticas municipais de desenvolvimento urbano”, pontuou Amanda Gallucci, engenheira civil e coordenadora executiva do projeto.

“Estas ações estão em processo de construção e, por isso, a importância da participação popular. Pois elas foram definidas em todo um levantamento técnico feito nos últimos meses”, destacou a engenheira. No projeto, há a revitalização da praça dos namorados, o fechamento de algumas vias do centro histórico, como a coronel Afonso Botelho de Souza, que serão transformadas em calçadão, dando opções para os pedestres e turistas terem um ambiente próximo a baía.

Para o ciclismo, além da implantação de infraestrutura como bicicletários, a prioridade será a implantação de ciclofaixas e vias para os ciclistas. Segundo o PMU, atualmente, existem 4,67 km de infraestrutura cicloviária na cidade. A médio prazo, a prefeitura pretende aumentar esse número para 15,38, ou seja, em até dois anos. A médio prazo também, para 42,44 km e, por fim, após 10 anos, a PMU deseja atingir 56,60 km.

Proposta é fazer mais de 56 quilômetros de malha cicloviária em Guaratuba / Crédito: reprodução ITTI UFPR

Calendário do Plano de Mobilidade Urbana

Chegando próximo à etapa da quarta e última audiência pública do Plano de Mobilidade Urbana de Guaratuba, as equipes técnicas e a prefeitura de Guaratuba esperam encerrar todo o ciclo de estudos, avaliações e ponderações sobre as ações que deverão ser tomadas na cidade. A última parte do PMU deve ocorrer em outubro deste ano, com data a ser confirmada pelo ITTI.