Emprego e renda: entrega de certificados de capacitação marca início das comemorações de 28 anos de Pontal do Paraná

Na noite de quarta-feira (29), a Prefeitura de Pontal do Paraná realizou a cerimônia de entrega de 200 certificados para os alunos de 21 cursos de capacitação ofertados pelo Sistema S através da Agência do Trabalhador. A solenidade aconteceu no Centro de Capacitação e fez parte da comemoração de 28 anos da cidade, celebrado em 20 de dezembro.

O prefeito Rudisney Gimenes Filho (MDB), o Rudão Gimenes, foi uma das autoridades que marcaram presença na cerimônia. Em seu discurso, ele agradeceu o empenho dos alunos e da equipe da Secretaria de Assistência Social, da Agência do Trabalhador e dos parceiros Sesc, Senai e Senar pela oferta de discursos.

“Buscamos atender a todas as classes sociais, proporcionando oportunidades para que as pessoas cresçam, evoluam e conquistem a independência financeira. Nosso objetivo é fazer com que consigam caminhar sozinhos, sem precisar de assistencialismo do Poder Público”, destacou.

“Parabéns a todos que se dedicaram aos cursos, certamente serão recompensados. Esperamos que essa capacitação possa abrir portas, trazer melhores oportunidades de emprego e crescimento profissional“, concluiu Rudão.

A vice-prefeita, Patrícia Marcomini, também participou da entrega. Para a gestora, que é responsável pela Secretaria de Assistência Social, a formação traz benefícios para todos os alunos, mas especialmente para as mulheres que, através dela, conquistam a independência financeira.

“Sabemos que não é fácil para quem trabalha até às 17h e depois tem que ir para um curso à noite ou no final de semana, mas essa disposição é importante para o avanço profissional, principalmente para as mulheres. Conversando com elas, vemos o ânimo, o desejo de empreender, de se tornarem independentes ou mudarem de profissão, e esses cursos trazem essa possibilidade”, afirma Patrícia.

Capacitação para todos

O gerente da Agência do Trabalhador, Albor Neto, explica que no início da gestão, em 2021, eles fizeram um levantamento com base no perfil dos candidatos para determinar os potenciais e dificuldades na contratação e perceberam que a maior carência se dava justamente na formação profissional.

“Com o resultado em mãos, buscamos parcerias com o Senai, Senac e Senar, ampliando nosso leque de cursos. Em apenas dois anos e meio, alcançamos resultados notáveis: nos tornamos a agência líder do ranking de contratação no Litoral e capacitamos quase 2 mil pessoas até então, contribuindo para o desenvolvimento da nossa cidade”, ressaltou o gerente.

O impacto da capacitação refletiu diretamente na renda das famílias, que por meio de cursos técnicos de culinária, estética, mecânica, costura, entre outros, conseguiram complementar a renda e, em algumas situações, até sair da vulnerabilidade social, como no caso dos participantes do projeto PRAIA.

“O impacto dessas capacitações é visível nas famílias que saíram da vulnerabilidade social. A gestão abriu editais para cursos específicos para microempreendedores individuais (MEIs) e gerou oportunidades de trabalho, como é o caso dos roçadores e das costureiras, que vão confeccionar os uniformes da rede municipal no próximo ano”, disse Albor.

Já para 2024, os planos são ambiciosos: criar uma cooperativa de meliponicultura e desenvolver o turismo de natureza. “Estamos comprometidos a capacitar em todos os balneários, adaptando-nos às demandas da comunidade. Buscamos proporcionar oportunidades em todos os setores e para todas as idades. Em 2024, continuaremos trabalhando para o crescimento e a qualidade de vida em Pontal do Paraná“, acrescentou.

Diferencial no mercado de trabalho

A massoterapeuta especialista em quick massage, Silene Maria Poletti, de 63 anos, foi uma das alunas que aproveitaram a oportunidade para dar um “up” no currículo. Ela trabalha diariamente na praia e resolveu fazer os cursos de primeiros socorros, receptivo turístico e costura para complementar os serviços.

“Para mim, essas capacitações gratuitas são um presente do Município, porque quando era mais jovem era tudo pago, eu não tinha como participar. Hoje, sou qualificada e posso ajudar alguém que estiver passando mal na praia, posso fazer aventais e lençóis para trabalhar e dar um atendimento diferencial para meus clientes”, justificou a massoterapeuta.

Lígia Alexandrina Santos também buscou a qualificação como uma forma de complementar o currículo e se inserir novamente no mercado de trabalho. Ela participou dos cursos de assistente de RH, legislação brasileira e planejamento orçamentário.

“A motivação para realizar os cursos surgiu porque estou desempregada, então resolvi aprender novas habilidades e adentrar na área administrativa. Agora que concluí os cursos me sinto muito mais confiante e acredito que conseguirei uma vaga no mercado de trabalho”, afirmou.

Costurando sonhos

Um dos destaques da noite foram as turmas de princípios da confecção industrial e técnicas de costura industrial. As participantes, que fazem parte do Projeto Retalhando do Provopar serão responsáveis pela confecção de 900 uniformes da rede municipal em 2024.

De acordo com o prefeito Rudão Gimenes, são mais de R$ 700 mil investidos no projeto, que vai proporcionar a produção local dos uniformes, evitando intermediários e mantendo o dinheiro circulando dentro da cidade. “Queremos valorizar nossas costureiras, dando condições para que utilizem os conhecimentos adquiridos nos cursos, oferecendo oportunidades de trabalho e fortalecendo a renda das famílias”, ressaltou.

A confecção será coordenada por Franciska Kaminski, coordenadora da Provopar de Pontal do Paraná e professora de corte e costura. “Trabalhar em algo que amamos e ver os resultados, a alegria e felicidade estampadas no rosto das alunas é muito gratificante. Muitas delas chegaram aqui com baixa autoestima, sem acreditar em si mesmas e, no final, elas saem sabendo confeccionar peças que nem imaginavam ser possível”, contou a professora.

Desmancha e faz de novo

Sandra Cardoso da Silva foi uma das alunas do curso de costura que nunca tinha nem chegado perto da máquina. Apesar da falta de experiência, ela achava a profissão admirável e sonhava um dia aprender a costurar, mesmo que fosse na máquina mais simples.

“Sempre sonhei em criar minhas próprias peças, mas a máquina de costura parecia um bicho assustador para mim. Mas, quando vi a oportunidade de fazer um curso na Provopar, decidi encarar. No início, as máquinas industriais pareciam enormes e complicadas, e eu duvidava da minha capacidade“, contou a costureira ao JB Litoral.

Logo no primeiro dia de aula, o coração batia acelerado, as mãos suavam, mas com paciência e perseverança, ela conseguiu superar os desafios e aprendeu os preceitos básicos da costura. “Com o tempo, fui me acalmando, entendendo as máquinas, e elas passaram a ser minhas aliadas. Hoje, consigo cortar e costurar peças sem medo“, destacou.

Com ajuda das professoras da Provopar, ela aprendeu uma valiosa lição: se a peça não estiver boa, desmancha e faz de novo. “Quando alguma parte não saia como eu esperava, pensava ‘ah, não tem problema’, mas a professora Ana dizia que, se eu queria me tornar costureira, precisaria manter a qualidade, desmanchar e fazer de novo quantas vezes fossem necessárias”, lembrou a aluna.

A lição deu certo, e no dia da cerimônia de entrega dos certificados, Sandra exibiu orgulhosa as roupas do grupo de dança de Carimbó que ela mesma confeccionou. “A costura se tornou mais do que uma habilidade, foi uma descoberta de paciência e amor pelo trabalho. A costura se tornou uma paixão, e pretendo compartilhar ela fabricando roupas, uniformes e figurinos para o grupo de dança e para quem mais precisar“, concluiu a nova costureira.