FioCruz confirma que tripulantes de navios atracados em Paranaguá estavam com variante Delta


Por Publicado 26/08/2021 às 14h30 Atualizado 16/02/2024 às 11h18

A FioCruz disponibilizou um boletim de circulação de linhagens do novo coronavírus e constatou que Paranaguá contou com 7 casos de sublinhagens da variante Delta. Três contaminados apresentavam genomas AY.4 e outros três apresentaram AY.12. Inclusive, todos os casos desse último sequencialmente é exclusivo de Paranaguá.

Segundo o chefe da Regional de Saúde do litoral, José de Abreu, as sublinhagens são alterações nas características do vírus que ocorrem após replicação e evolução, dando características genéticas diferentes a estrutura do ser. Mas, apesar das nomenclaturas mais técnicas, é importante ressaltar que a linhagem é da Delta nos 6 casos confirmados. “A Regional ainda não recebeu o laudo oficial. Seis pacientes foram confirmados com a Delta. Essa variante tem uma circulação no Paraná considerada como comunitária, com mais relatos pelo interior do Estado“, ressalta o coordenador de saúde das sete cidades do litoral que está em Curitiba para receber mais informações sobre a situações epidemiológica da 1º Regional de Saúde.

José de Abreu também tranquiliza a população, garantindo que não houve transmissão dos tripulantes do navio para moradores de Paranaguá. “Assim que as embarcações chegaram, eles cumpriram todos os protocolo sanitários. Quando o navio atracou, houve contato com trabalhadores de uma empresa portuária com eles. Mas, a vigilância de epidemiologia orientou todas as medidas e as regras foram cumpridas severamente“, explica Abreu, ao dizer que a maioria das pessoas que estavam nos barcos não tinham se vacinado e que a transmissão entre eles ocorreu dentro do próprio navio.

Apesar de ser confirmado a variante considerada de maior risco nos tripulantes, todos os trabalhadores do porto e do hospital que mantiveram contato com os acometidos foram acompanhados e não houve nenhum caso de potencial risco ou confirmação de transmissão. “A gente pode assegurar para a população que os navios seguiram protocolos bastante rígidos e que todas as pessoas que tiveram contato foram, na sequência, testados e todos deram negativo“, ressalta José de Abreu que também comenta que se houver novos casos da variante Delta no litoral, se deve a outros fatores. “A expectativa é que não é pelo navio que esteja circulando a Delta, mas sim por já haver transmissão comunitária no Estado. Seguramente há o risco de haver novos casos, devido a grande circulação de pessoas no litoral. Estamos em alerta“, diz.

Relembre o caso

Os contaminados são tripulantes de três embarcações que atracaram no final de julho e, após membros da equipe passarem mal, tiveram que ficar em quarentena. À época, três navios ficaram isolados na área de fundeio localizada em frente ao cais do porto. As embarcações tinham bandeiras de Antigua, Bangladesh e Malta.

No dia 30 de julho a empresa pública Portos do Paraná divulgou uma nota comentando a situação. “A autoridade portuária esclarece que, no momento das atracações dos navios, não havia registro de nenhuma suspeita de COVID-19. O único navio que permaneceu um período atracado, após a notificação, para remoção de tripulantes, foi o Meghna Princess. Tão logo os doentes foram removidos, a embarcação foi para a área de fundeio“, diz o comunicado, que também ressaltava que todas as medidas sanitárias e de prevenção foram tomadas. “A empresa pública informa que o monitoramento do estado de saúde dos tripulantes é de responsabilidade das agências marítimas e autoridade de saúde (Anvisa). A Portos do Paraná segue com todas as medidas preventivas no acesso à faixa primária, com as barreiras sanitárias, e a exigência do uso de máscara em toda área portuária“, diz o esclarecimento público.

Mais uma morte pela nova cepa

A variante Delta fez mais uma vítima no Paraná, segundo a Secretaria de Estado da Saúde (SESA). Além disso, foram 17 casos e um óbito causados pela evolução do vírus que, quanto mais se replica, maior sua taxa evolutiva, ou seja, acaba se tornando mais “inteligente” e aumentando sua capacidade letal e de contaminação. Os dados foram disponibilizados no mesmo boletim de circulação de linhagens do Covid-19, feito pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Rio de Janeiro.

O novo óbito da variante de origem indiana acometeu uma mulher de 53 anos do município Ouro Verde do Oeste. Apesar de ter tomado a primeira dose do imunizante, a mulher tinha comorbidades e acabou não resistindo à infecção.