Izaías Júnior, presidente destituído da Estiva, se defende contra acusações de apropriação indébita e desvio de recursos


Por Luiza Rampelotti Publicado 12/12/2022 às 13h59 Atualizado 17/02/2024 às 23h52

Na edição impressa de número 750, o JB Litoral trouxe uma reportagem intitulada “Estiva realiza representação criminal contra ex-presidente Izaías Junior; há indícios de mais de R$ 100 mil de desvios”. Nesta semana, o jornal ouviu Izaías Vicente da Silva Júnior, que se defende das acusações da atual diretoria do Sindicato dos Estivadores de Paranaguá e Pontal do Paraná (Sindestiva).

De acordo com ele, após a representação criminal, que foi realizada no dia 30 de novembro, ele ainda não foi citado pela Delegacia de Polícia. “Portanto, só poderemos contestar as alegações após a citação”, diz.

O JB Litoral questionou sobre as principais denúncias feitas pelo sindicato, que são: apropriação indébita de um veículo, um notebook, três celulares e o livro ata da entidade, bem como o desvio de mais de R$ 100 mil. Izaías confirma que ainda não entregou o carro oficial da Estiva, alegando “motivos óbvios” para continuar com o veículo.

Esse carro que está conosco é de uso exclusivo da diretoria executiva, portanto, não tem sentido estar em posse desse grupo que ocupa ilegalmente o sindicato, até porque carro para uso de golpista o sindicato não tem. O carro executivo está conosco sim e a categoria está ciente disso, porque nós somos a diretoria e eu, para todos os efeitos legais, mesmo que eles não aceitem, até que se prove judicialmente o contrário, sou o presidente legítimo do sindicato”, diz.

Ele ainda afirma que um notebook e dois celulares estão com a diretoria que foi destituída. Izaías comenta que o notebook é de uso exclusivo do presidente e ressalta que nenhum dos itens que estão sob sua responsabilidade interferem no andamento do sindicato.

Acusação de desvio de R$ 100 mil

Sob a acusação de desvio de mais de R$ 100 mil, ele garante que, “sem dúvida, é mais uma das inúmeras mentiras disseminadas pelo grupo antidemocrático que hoje ocupa o sindicato”. Izaías destaca que todas as acusações feitas contra ele e sua diretoria já estão sendo discutidas no processo judicial, que corre em segredo de Justiça, a respeito da prestação de contas realizada em fevereiro deste ano, que foi reprovada pela categoria por “motivos políticos”, segundo ele.

Ele ainda avalia que a representação criminal feita pelos integrantes da equipe que hoje dirige o sindicato tem a intenção de ‘tumultuar a situação’, gerando visibilidade positiva para os atuais mandatários do Sindestiva.

Processo judicial

Antes da reprovação das contas de 2021 pela categoria e, consequentemente, sua destituição do cargo de presidente do sindicato, junto com toda sua diretoria, Izaías ajuizou a prestação de contas judicialmente, buscando garantir que elas fossem analisadas de forma ‘justa, técnica e limpa, sem motivações políticas’. Isso aconteceu porque, segundo ele, já haviam provas de que as contas seriam reprovadas independentemente do que fosse apresentado.

Em decisão publicada no último dia 27 de novembro, a juíza titular da Vara de Trabalho, Anelore Rothenberger Coelho, afirmou que “até o momento, o que temos é apenas suspeita sobre as contas de 2021, não sendo demonstrado, de forma matemática, pela comissão composta por Simei Morais, Maurício Amaro e Sandra Araújo, aonde está a ilicitude”.

Na decisão, ela também afirma que não há prova de dificuldade de acesso aos documentos necessários para realização do demonstrativo – algo que foi alegado pela comissão. “O que se vislumbra é que não houve interesse da comissão em apresentar essa prova, gastando sua energia em fazer novo pleito para assumir a diretoria do sindicato”, diz a juíza.

Desta forma, ela concedeu a comissão o prazo de 30 dias – até o dia 27 de dezembro – para apresentar o demonstrativo de levantamento contábil das contas de 2021, apontando de forma específica as ilicitudes que justificariam a destituição da diretoria do sindicato.

Comissão deve apresentar provas até o dia 27 de dezembro

Caso a comissão não apresente tais provas, a juíza declarou que as contas de 2021, apresentadas por Izaías Júnior, serão consideradas lícitas pelo Juízo, uma vez que “o ônus da prova é da comissão, conforme consta do Estatuto”.

Se antes eles alegavam mentirosamente que não tinham acesso aos documentos, agora eles têm não só o acesso, como também todo tempo que quiserem para examiná-los, pois estão ilegalmente no sindicato há sete meses. E se em todo esse tempo não anexaram provas ao processo é porque elas não existem, e não existem, porque não houve roubo, não houve desvio, não houve caixa dois, não houve qualquer ato ilícito de nossa parte, como os golpistas mentirosamente querem fazer a sociedade parnanguara e a família estivadora crer”, conclui Izaías Júnior.