Junta Governativa da Estiva apresenta furo de R$ 362.6 mil deixado por ex-presidente


Por Luiza Rampelotti Publicado 11/07/2022 às 13h02 Atualizado 17/02/2024 às 12h21

Na manhã de sexta-feira (8), o Sindicato dos Estivadores de Paranaguá e Pontal do Paraná (Sindestiva) realizou uma Assembleia Geral Extraordinária, na Chácara da Estiva, em Paranaguá, para apresentar à categoria as supostas irregularidades praticadas pelo ex-presidente Izaías Vicente da Silva Júnior. A assembleia foi convocada pela atual Junta Governativa que está administrando o sindicato desde a destituição da antiga diretoria, em 25 de maio, até que uma nova gestão seja empossada após realização da eleição, que acontecerá no dia 7 de agosto.

De acordo com o presidente da Junta Governativa, Ernesto Cézar de Araújo Neto, a assembleia serviu para esclarecer aos estivadores as situações iniciais levantadas pela equipe contábil. “Desde a reprovação da prestação de contas do exercício de 2021 já tínhamos indícios de determinadas irregularidades e, agora, com o levantamento contábil e financeiro, já temos provas suficientes da malversação e dilapidação do patrimônio do sindicato, e provavelmente encaminharemos todo o assunto da diretoria anterior para a Justiça Criminal”, explica.

Segundo ele, foram descobertas má administração, malversação das contas e lesão aos cofres do sindicato em cerca de R$ 362.6 mil. “O que surpreendeu foi o desvio de verbas e a má administração. Temos um comparativo de, mais ou menos, R$ 362.6 mil que inclui desvio de verbas, notas que não se encontram no sindicato, notas frias, e até rachadinha. Estamos assustados com o que houve no Sindestiva”, diz.

O advogado da atual Junta Governativa, James Dantas, afirma que foram encontradas inconsistências enumeradas em mais de 30 itens e que, na medida do possível, será dada oportunidade de defesa ao ex-presidente. “Verificando os itens depois, acredito que a categoria, junto com a Junta Governativa, saberá tomar a melhor decisão quanto a reaver ou não as quantias”, diz.

Ele ainda comenta que a contabilidade continua realizando o levantamento. Além disso, fala que além das situações constatadas incialmente, através da destituição, outras coisas estão sendo encontradas.

Assembleia Geral foi convocada por Junta Governativa da Estiva e apresentou os resultados da apuração realizada pela contabilidade do sindicato. Foto: JB Litoral

De subtração de itens à compra de tapetes belgas


Alguns dos itens informados à categoria durante a Assembleia Geral dão conta que o ex-presidente realizou o pagamento de funeral para pessoas sem vínculo com o sindicato; contratou assessoria administrativa cobrada com notas manuais e sem a comprovação dos serviços prestados de mais de R$ 60 mil; subtraiu o veículo VW/Virtus (placas BCK-9087), de uso da diretoria executiva; retirou mais de R$ 100 mil do caixa sem documentos; se apropriou de 3 notebooks e celulares; manipulou saldos nas contas dos balanços apresentados; bloqueou o sistema contábil através do seu e-mail particular, liberando somente para as contadoras de Morretes, o qual a Junta Governativa só conseguiu recuperar no dia 15 de junho; levou para fora do sindicato o token dos bancos, onde fez pagamentos após sua destituição; apresentou a conta das pequenas despesas com saldo de R$ 30 mil, sendo que o correto era R$ 137 mil; comprou 15 tapetes belgas e egípcios, mas só foram encontrados 5 no sindicato; se beneficiou com vale alimentação de R$ 3 mil por mês e recarregou o cartão mais de uma vez no mês; fez pagamento para ele e sua diretoria transferindo R$ 29 mil a mais do que era devido por 25 dias trabalhados no mês de maio; subtraiu documentos da secretaria como o Livro de Atas da entidade e os livros de presença; subtraiu documentos da contabilidade referente ao ano de 2020; apresentou um valor de aplicação financeira na quantia de R$ 701 mil sem existir a referida aplicação; comprou um micro ônibus no valor de R$ 340 mil sem aprovação da categoria e sem previsão orçamentária; contratou serviços de parentes sem notas fiscais, apenas com adiantamentos e entre outros.

Relembre: Izaías Junior foi destituído, junto com toda sua diretoria e membros do conselho fiscal, durante Assembleia Geral realizada em 25 de maio. Mais de 300 estivadores aprovaram a destituição, que deu início a um capítulo inédito na história da Estiva.

A destituição foi resultado da reprovação da prestação de contas relacionada ao exercício financeiro de 2021, primeiro ano da gestão de Izaías. Além disso, a categoria também se encontrava insatisfeita com a condução da administração do ex-presidente.

Ele não possuía a mínima competência para conduzir os destinos da categoria, muito menos estabelecer negociação coletiva com o Sindop para renovar a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), e outros acordos coletivos de interesse dos estivadores, gerando prejuízo financeiro milionário para a categoria profissional”, disse Ernesto Cézar de Araújo Neto.

O JB Litoral entrou em contato com Izaías, dando oportunidade para que ele se manifestasse acerca das possíveis irregularidades apresentadas pela Junta Governativa à categoria. No entanto, até a conclusão desta reportagem, não houve retorno.