Mais uma conquista: Cachaça de Morretes é a 119ª Indicação Geográfica do Brasil; agora são 13 no Paraná


Por Flávia Barros Publicado 10/12/2023 às 21h08 Atualizado 19/02/2024 às 07h19

Sabe aquela chamada de “branquinha”, “malvada”, “água que passarinho não bebe” e tantos outros apelidos, que faz parte da vida dos brasileiros há séculos? Pois é, o Litoral, entre tantas riquezas e talentos, acaba de ter mais um reconhecimento: o de fazer com maestria a Cachaça de Morretes. Na última terça-feira (5), a bebida feita na região recebeu o registro de Indicação Geográfica (IG) na modalidade Indicação de Procedência, concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI).

Com os primeiros registros históricos datados do século 16, a cachaça já foi premiada internacionalmente e, atualmente, é exportada devido à qualidade única, garantida pelas características climáticas e pelos processos de produção. Com este selo, o Litoral passa a ter três das 13 IG’s concedidas ao Paraná, alcançando a segunda posição no país em número de registros concedidos.

A Indicação Geográfica é garantida, inicialmente, para três empresas que compõem a Associação dos Produtores de Cachaça de Morretes (Apocam): Casa Poletto – Ouro de Morretes, Porto de Morretes e Magia da Serra. O processo foi protocolado no INPI em 27 de março de 2020 e contou com a colaboração do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/PR) para a criação de uma associação, coleta de documentos, captação de relatos de moradores sobre a importância do produto, além de um levantamento sobre aspectos econômicos, culturais e históricos.

A cachaça de Morretes é um produto fino, bem elaborado, com pureza, transparência, suavidade e sabor inigualável, fabricada em meio à natureza a partir de um processo de produção que fornece grande qualidade. É um símbolo de Morretes e a Indicação Geográfica colaborará para expandir o mercado nacional do produto além de estimular o turismo na região”, afirma o gerente da Regional Leste do Sebrae/PR, Weliton Perdomo.

A Indicação Geográfica é garantida, inicialmente, para três empresas que compõem a Associação dos Produtores de Cachaça de Morretes (Apocam): Casa Poletto – Ouro de Morretes, Porto de Morretes e Magia da Serra. Foto: Arnaldo Alves / AEN


Características da região


Em conversa com o JB Litoral, a gerente da Magia da Serra, Andressa Voi Possas, conta que duas famílias administram o negócio, iniciado por seu sogro, José Carlos Possas, em 2003. “A Magia da Serra fez sua primeira produção de cachaça há 20 anos. Contamos com a nossa família e a do nosso gerente de produção, onde trabalha a esposa, irmã, irmão, pai e mãe. Assim, conseguimos um olhar mais aguçado em todas as etapas de produção”, diz.

Andressa também conta quais critérios foram levados em consideração para a conquista do selo. “Não basta apenas ser produtor na região de Morretes para garantir o selo IG, precisa passar por um criterioso processo de vistoria para se enquadrar na autêntica cachaça de Morretes. O selo veio depois de oito anos de dedicação da Apocam, em parceria com o Sebrae. Sempre acreditamos nessa conquista por sermos uma região produtora de cachaça desde o século 16, temos tradição e qualidade”, explica a gerente.

Entre os critérios para conquistar o selo estão as etapas de destilação em alambique de cobre. Foto: Divulgação


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Andressa ainda descreve o processo que torna a cachaça de Morretes autêntica. Segundo ela, a produção é realizada em um local tradicional na fabricação da bebida e, por isso, há muita qualidade.

As nossas características principais são a fermentação natural, que leva oito dias só para produzir o fermento que usamos na produção; a destilação desse produto, que é feita em alambiques de cobre, que é o tradicional; e temos também a cana de açúcar Havaianinha, que só dá na nossa região, orgânica e colhida a mão”, detalha.

A gerente avalia que o selo chega para unir o setor e, com isso, novos produtores deverão se unir à associação. “Unidos conseguiremos cada vez mais mercado e divulgação do nosso excelente produto. Por se tratar da Indicação Geográfica de procedência, isso impulsiona também o nome do município, atraindo cada vez mais turistas para Morretes e levando junto o nome do nosso Litoral”, completa.

Após a destilação, a cachaça pode ser armazenada em toneis de madeira (cachaça envelhecida) ou em barris de inox (cachaça prata). Foto: Divulgação

A Magia da Serra produz de três a quatro meses por ano, sempre nos meses mais frios. A cachaça de Morretes agora também pretende obter o selo IG de origem, para o qual já iniciou o processo.

Agora, o Paraná possui 13 produtos com registro de IG. Os demais são: o Barreado do Litoral do Paraná, a Bala de Banana de Antonina, o Melado de Capanema, a Goiaba de Carlópolis, o Queijo de Witmarsum, as Uvas de Marialva, o Café do Norte Pioneiro, o Mel do Oeste, o Mel de Ortigueira, a Erva-mate São Matheus, o Morango do Norte Pioneiro e os Vinhos de Bituruna.