Moradores se arriscam na BR devido às más condições no acesso à passarela da Av. Ayrton Senna


Por Luiza Rampelotti Publicado 12/04/2022 às 15h53 Atualizado 17/02/2024 às 06h09

Desde novembro do ano passado, os moradores do Jardim Samambaia, Vila São Jorge e imediações passaram a contar com uma passarela na avenida Ayrton Senna, com o intuito de garantir a segurança dos pedestres que necessitam atravessar a via. Ela foi instalada no km 1,5 da BR-277, trecho que dá acesso ao porto de Paranaguá.

A construção da passarela já era prevista desde o início do contrato de concessão de pedágio da Ecovia, que operou no Litoral de 1998 a novembro de 2021. Porém, somente no ano passado foi realizada.

A obra deveria beneficiar, principalmente, pais e alunos das escolas localizadas naquela região, que precisavam arriscar suas vidas, diariamente, cruzando a BR-277 em meio ao tráfego pesado de carros e caminhões. No entanto, não agradou a população, que afirma que ela ficou fora da posição de entrada e saída das vilas, além de não ter recebido iluminação e nem manutenção em seu entorno, o que gerou acúmulo de mato e lama.

Para não usar a passarela, a população fez um buraco na mureta de proteção que separam as duas mãos da via, e tem atravessado a avenida por essa passagem. Com isso, crianças e adultos estão correndo risco de graves acidentes e, até mesmo, de morte. 

Após o fim do contrato de concessão da Ecovia, a BR-277 passou a ser administrada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (DNIT), que ficou responsável pela manutenção e conservação da rodovia. O JB Litoral procurou o órgão para questionar a respeito de uma possível limpeza da área, com o intuito de garantir a travessia pelos populares, mas não obteve resposta.

Crianças que estudam pela região também criticam a passarela. “Precisa de um asfalto pra gente poder passar”. Fotos: Diogo Monteiro/JB Litoral

Moradores pedem por melhorias

Em fevereiro deste ano, o vereador Irineu Cruz (Republicanos) já havia solicitado à secretaria municipal de Obras Públicas a confecção de calçada na saída e entrada que dá acesso à passarela. “Ali o acesso é difícil, pois não há calçamento e, quando chove, fica impossível acessar a passarela devido ao acúmulo de água que, posteriormente, se torna lama, dificultando o trânsito de pessoas e mais ainda dos alunos que estudam na região”, diz.

No entanto, o secretário da pasta, Ildeivan da Silva Junior, destaca que o trecho está na faixa de domínio do Governo Federal, por meio do DNIT.

O morador Osvaldo Xavier da Costa, de 61 anos, comenta que é inviável transitar no local. “Aqui tem que fazer um calçamento, não tem como. Em dia de chuva é ainda pior, alaga tudo”, diz.

Os alunos Caio dos Santos*, de 12 anos, e Richard Silva*, 14, também falam sobre os problemas ocasionados por conta da má conservação do acesso à passarela. “É muito ruim porque, quando estamos vindo da escola, suja tênis, calça, aí quando chegamos em casa é ruim de lavar e esfregar. Precisa de um asfalto pra gente poder passar. Temos que dar a volta pelo outro lado, aí acabamos atravessando pelo meio da BR”, dizem os meninos. 

Outra moradora da região é Sandra Mara, que reside na Vila São Jorge e critica a passarela. “Tá horrível, quando chove não tem como passar, é muita lama. Se chover forte, tem água até dentro. À noite é impossível, porque aquilo ali vira um motel, além de assaltos que a gente sofre. Não passa uma mãe com carrinho de bebê, cadeirante nem pensar”, lamenta.

Sandra Mara é moradora da Vila São Jorge e diz que é impossível transitar pela passarela. Fotos: Diogo Monteiro/JB Litoral


Falta de iluminação

Além do problema de acesso à passarela, existe outra questão tão séria quanto: a falta de iluminação no trecho da rodovia. Poucos metros depois, no viaduto Deputado Nelson Buffara, a situação se repete.

O viaduto foi inaugurado em outubro de 2019 e, antes mesmo de sua inauguração, já teve a fiação dos postes furtado, ficando sem iluminação até maio de 2020. De lá para cá, os cabos elétricos foram furtados por, pelo menos, mais outras três vezes.

No momento, o viaduto está sem iluminação nos postes ao longo de sua extensão e nos ramos de acesso. A obra foi realizada pelo Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER/PR), mas passou a ser de responsabilidade da Ecovia e, após, do DNIT.

A população que vive no entorno relata que segue se sentindo insegura e, também, os motoristas que transitam pelo trecho, que precisam conviver com a dificuldade de dirigir na escuridão.  Pela via, passam mais de 400 mil caminhões por ano, de acordo com a empresa pública Portos do Paraná.

Acesso à passarela não possui calçamento e está tomado pelo mato e lama. Foto: Diogo Monteiro/ JB Litoral

O JB Litoral também enviou questionamentos ao DNIT a respeito da manutenção da iluminação, porém, não obteve retorno. Já o DER destacou que o trecho retornou ao Governo Federal.

*Nomes fictícios para preservar a identidade dos menores.