Motoristas de app e taxistas entram em conflito em Paranaguá


Por Publicado 08/09/2021 às 10h59 Atualizado 16/02/2024 às 12h37
taxista ponto rodoviária

Uma desavença entre motoristas profissionais marcou a última semana de Paranaguá com acusações de agressividade para ambos os lados. A situação, ocorrida no dia 27 de agosto e que aparentemente já está apaziguada, foi o ápice de problemas, já recorrentes, e disputa por espaço na cidade.

briga uber taxista
Motoristas de app e taxistas entram em conflito em Paranaguá. Imagem: Reprodução

Segundo relatos de taxistas que esperavam passageiros em frente ao Supermercado Bavaresco, na Rua Arthur de Souza Costa, uma motorista de Uber também aguardava passageiros na mesma região, situação que é ilegal já que motoristas de aplicativos podem atender chamados apenas pelo celular e não receber clientes diretamente da rua. Após perceberem que a motorista aguardava passageiros fora do aplicativo, os taxistas se aproximaram e afirmam que houve uma conversa na qual pediram para a motorista não continuar trabalhando daquela forma já que estaria “usurpando” a forma de trabalho dos tradicionais táxis.

Durante a conversa, a motorista teria ameaçado chamar colegas e, alguns minutos depois, cerca de dez membros do grupo Caveira, movimento organizado para proteção, segurança e auxílio de motoristas de aplicativos, chegaram e começaram a coagir os taxistas.

Na versão dos Caveiras, a situação foi o oposto: a motorista teria parado em frente ao mercado para fazer compras e foi prontamente ameaçada pela dupla de taxistas. Como forma de auxílio à colega, o grupo organizado foi então tentar apaziguar e resolver uma situação que teria sido iniciada com a impaciência e agressividade dos taxistas.

JB ouviu os dois lados

A reportagem buscou representantes dos motoristas de aplicativos e também dos taxistas para relatarem como ficou a situação. A princípio, ambos os lados afirmam não querer brigas e evitam criticar os “colegas” de volante, houve inclusive um contato telefônico entre Mateus Fernandes e Adriano Fulgêncio, representantes dos taxistas e do grupo Caveira respectivamente, logo após o ocorrido, situação na qual ficou marcada uma reunião presencial na rodoviária.

Matheus Fernandes é taxista e trabalha no ponto da Rodoviária de Paranaguá. Foto: Diogo Monteiro JB Litoral

Para Mateus Fernandes, os motoristas de apps, como Uber e 99Pop, são pessoas que buscam ganhar dinheiro e que querem garantir o sustento de suas famílias como qualquer um. O grande problema, aos olhos dos taxistas, é a sobreposição de funções que os motoristas das corridas vindas pelo celular acabam, às vezes, realizando. “Nós só queremos trabalhar e ganhar dinheiro. A maioria deles é pai de família e quer sustentar a família. Respeitamos todos. O problema é quando eles querem fazer ponto (…). Se eles trabalharem de forma correta, não dá problema e tem espaço para todo mundo. Infelizmente, eles não estão regularizados e precisava haver essa regulamentação”, diz o taxista.

Adriano Fulgêncio também afirmou que os profissionais só querem exercer a profissão sem acarretar em problemas com nenhuma classe. “Só queremos trabalhar, assim como eles. Não temos problema nenhum com eles”, ressaltou o subdiretor dos Caveiras, que também compartilhou um vídeo da página do Driver Elite Club – Litoral do Paraná, no qual o próprio apresenta a versão do ocorrido, a partir do seu ponto de vista.

Uber da sua versão
Adriano, à esquerda, diz não ter problemas com os taxistas e afirma que seus colegas desejam apenas trabalhar. Foto: Reprodução

No vídeo de 18m51s, Adriano também comenta a questão da legislação para motoristas de apps. “Eles querem que nós tenhamos regularização e um monte de exigências, mas eles também não conseguem ter uma forma organizada”, diz o representante dos Caveiras, que é complementado por um colega “Temos que juntar as duas classes e resolver de uma forma com que todos possam trabalhar tranquilamente, sem essa guerra”, ressalta.

A reportagem entrou em contato com alguns dos envolvidos diretamente na confusão, mas optou em resguardar suas identidades.

Prefeitura se pronuncia

Após os dois lados citarem uma eventual regulamentação do trabalho dos profissionais de aplicativos, o JB Litoral entrou em contato com a prefeitura para saber se há alguma legislação nesse sentido.

Segundo a prefeitura, já há iniciativa sobre o tema e está sendo baseada na legislação nacional. “A prefeitura informa que já houve reuniões com a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos e os representantes das classes. Uma regulamentação está sendo elaborada, de acordo com a Lei Federal. Esclarecemos que a regulamentação será para o transporte por aplicativo”, diz o comunicado, que também ressalta que é possível denunciar qualquer infração nos serviços prestados por motoristas. “As denúncias relacionadas ao transporte clandestino podem ser feitas diretamente na Superintendência de Trânsito, pelo telefone: 3420-2773. O transporte clandestino é infração de trânsito passível de multa de acordo com a legislação específica”, completa.