Motoristas autônomos de Paranaguá anunciam paralisação para o próximo dia 3


Por Redação Publicado 28/03/2023 às 16h06 Atualizado 18/02/2024 às 07h54
Motoristas associados à ACLP contam que, todos os anos, é uma luta para conseguir com que as transportadoras reajustem o frete. Foto: Diogo Monteiro/JB Litoral

Na segunda-feira (27), a Associação dos Caminhoneiros Autônomos do Litoral do Paraná (ACLP) informou que, a partir de 3 de abril, a categoria iniciará paralisação, por prazo indeterminado, em razão da falta de reajuste no valor do frete. De acordo com o presidente da associação, Walmir dos Santos da Silva, a maioria das transportadoras e armadores que utilizam o serviço dos motoristas internos de Paranaguá rejeitaram a proposta, que prevê 17,82% de aumento e é determinada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

De acordo com a entidade, o reajuste solicitado às transportadoras é garantido pela ANTT, que estabelece os preços mínimos de frete rodoviário, e foi atualizado pela última vez em janeiro deste ano. A ANTT segue a Política Nacional de Pisos Mínimos do Transporte Rodoviário de Cargas (Lei nº 13.703/2018), que prevê a periodicidade ordinária de revisão da tabela de preço, através da Resolução nº 5.867/2020; o reajuste é feito semestralmente.  

No entanto, o negociador da ACLP, Adenilson Kaczarouski, conta que o acordo com as transportadoras de Paranaguá foi diferente. “Para não ter vários reajustes durante o ano, que é o que a ANTT legaliza, combinamos de todos os anos fazer apenas um reajuste anual, somando todos os percentuais. Mas sempre é uma luta”, explica.

Reajuste inicial era de 24%

Ele comenta que a última reunião realizada entre associação e transportadoras aconteceu no Sest Senat, dia 27 de fevereiro, na qual a diretoria da entidade solicitou o reajuste total de 24%. O valor corresponde aos 17,82% reajustados pela ANTT em 2022 e mais 6,18% do Indicador Geral de Preços do Mercado (IGP-M).  

Porém, diante da negativa das empresas, na negociação houve o acordo de que apenas os 17,82% seriam pagos. “Essa era a promessa, e eles dariam o ok até o dia 15 de março e o novo valor passaria a valer no dia 1º de abril, mas apenas três transportadoras deram a positividade para o reajuste. Por isso, decidimos notificar a paralisação. Então, caso não haja o ok até o dia 1º, no dia 3 de abril o transporte interno de Paranaguá vai realizar greve até o consenso do reajuste”, afirma.

Valores atuais

A ACLP possui 166 associados, mas, de acordo com o vice-presidente João Carlos Sellmer Junior, Paranaguá conta com mais de 400 motoristas autônomos que trabalham dentro da cidade. Ele afirma que o trabalho da entidade busca representar a toda a classe.

Atualmente, os valores praticados são de R$ 230 para contêiner vazio e R$ 300 cheio; com o reajuste, os preços passam para R$ 270 e R$ 354 respectivamente. “Nossa margem de lucro é muito pequena. Para manter um caminhão, por mais velho que seja, custa na base de R$ 50 mil; além disso, a manutenção é cara, o diesel é caro”, diz.

Os serviços realizados por esses caminhoneiros, chamados de motoristas internos, uma vez que atuam apenas dentro do município, envolvem todo o transporte de contêineres vazios e/ou cheios que circulam em Paranaguá. “Fazemos a retirada dos contêineres vazios do terminal para depósitos de contêineres vazios; embarque de vazios, ou seja, levamos do depósito para o terminal; exportação; também trabalhamos com contêineres cheios, tirando dos depósitos de estufamento para o terminal; importação, tirando do terminal para depósito, desova e muitos outros serviços”, conta João Carlos.

Ele também destaca que a intenção não é realizar a paralisação, contudo, os motoristas não veem outra alternativa uma vez que, segundo ele, muitas transportadoras não mandam o reajuste dos fretes a seus clientes. “Se nós pararmos, será apenas nós, sem impedir ninguém de trabalhar, apenas aqueles que estão descontentes. É inviável para nós continuarmos com os valores atuais”, conclui.

São cerca de 30 transportadoras que realizam a movimentação de contêineres em Paranaguá, de acordo com João Carlos Sellmer Junior. Contudo, apenas 10 são sindicalizadas ao Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas no Estado do Paraná (Setcepar), que as representa. O JB Litoral entrou em contato com o sindicato, mas, até o momento, não houve retorno.