OGMO promove encontro voltado ao protagonismo feminino em comemoração ao mês da mulher


Por Luiza Rampelotti Publicado 10/03/2023 às 15h36 Atualizado 18/02/2024 às 06h28

No mês da mulher, o Órgão de Gestão de Mão de Obra (OGMO) do Trabalho Portuário, em Paranaguá, realizou uma programação voltada para o público em geral. Com o tema “Mulheres que nos inspiram a sermos protagonistas da própria história”, o evento aconteceu na terça-feira (7).

Cerca de 100 mulheres, entre trabalhadoras portuárias e do comércio local, participaram da atividade, que contou com bate papo motivacional, sorteio de brindes e coffee break. Os temas debatidos foram os desafios enfrentados pelas mulheres na construção de suas carreiras, passando pelos erros e acertos durante a trajetória.

Com mediação da diretora executiva do OGMO Paranaguá, Shana Carolina Colaço Bertol, as painelistas convidadas especiais foram Ana Lúcia Ferreira, advogada do OGMO São Francisco do Sul/SC; Laura Maria Câmara, diretora de Gente e Cultura da Rocha Terminais; Melina Moscardi, personal trainer e; Najia Furlan, coordenadora de Programas Institucionais da Portos do Paraná.

Nós não queremos receber apenas flores, queremos debater sobre os temas relevantes para as mulheres; que nossa voz seja ouvida. Durante o evento, trouxemos dados do IBGE que mostram que ainda temos muito a evoluir em relação ao mercado de trabalho, por exemplo”, conta a organizadora Shana Bertol.

Ela ainda destaca que o intuito da ação foi reunir mulheres para falar sobre o assunto que envolve suas próprias carreiras profissionais, visões, projetos e ações. “Com isso, buscamos promover cada vez mais a diversidade e a equidade de gênero”, diz.

Pontos debatidos

Ana Lúcia é advogada do OGMO São Francisco do Sul/SC. Foto: Felipe Luiz Alves/JB Litoral

A painelista Ana Lúcia Ferreira, que também é membro do Grupo de Estudos Portuários do Sul (GEPORTS) e membro fundadora da Academia Brasileira de Direito Portuário e Marítimo (ABDPM), falou sobre sua experiência como negociadora patronal, além de incentivar a união feminina.

A primeira coisa que temos que ter bem definido é que podemos tudo o que quisermos. A segunda é que não precisamos competir com outra mulher. Se conseguirmos nos alinhar, buscar objetivos em conjunto, nosso ambiente será muito melhor. Todas temos o nosso espaço para alcançar”, ressaltou.

Laura é a primeira mulher em um cargo de diretoria na Rocha Terminais. Foto: Felipe Luiz Alves/JB Litoral

Já a diretora de Gente e Cultura da Rocha Terminais, Laura Maria Câmara, é a primeira mulher a ocupar um cargo tão alto na empresa. “Eu estou muito feliz de ser a primeira diretora da Rocha. Às vezes, você vai ser o agente transformador no teu lugar de trabalho, porque ele não vai estar pronto. A mudança está nas nossas mãos. Não vai existir um ambiente perfeito em que vamos aportar lá e tudo será resolvido; esse ambiente favorável nós é que vamos construir”, contou.

Najia é coordenadora de Programas Institucionais na Portos do Paraná. Foto: Felipe Luiz Alves/JB Litoral

A coordenadora de Programas Institucionais da Portos do Paraná, Najia Furlan, também falou sobre sua atividade no ramo portuário, ainda predominantemente masculino.

Eu trabalho de forma democrática, sempre em equipe, nunca sozinha. O que procuro fazer é buscar espaços onde não tem. Detesto a questão da concorrência; até alguns anos atrás, a concorrência era incentivada como sendo uma necessidade da vida corporativa, e eu não gosto disso. Acho que não precisamos competir, tem espaço para todo mundo”, refletiu.

Melina Moscardi é personal trainer. Foto: Felipe Luiz Alves/JB Litoral

Outra mulher a expor sua experiência profissional foi a personal trainer Melina Moscardi, que também falou sobre sua profissão. “Meu foco de trabalho é mulheres, quero dar oportunidades para elas fazerem por elas mesmas, se sentirem mulheres, se olharem. Eu ensino a questão da autoestima, do exercício físico, inclusive, li um estudo que acabou de sair falando que o exercício físico tem quase o dobro de efeito de uma terapia e remédios para depressão. Então eu entendo que o meu papel, hoje, é o de entrar na casa dessas mulheres que, muitas vezes, não têm oportunidades e salvá-las de uma vida infeliz. Sempre falo que temos que cuidar primeiro da nossa saúde, para que possamos cuidar bem da nossa família e do nosso trabalho; a ordem é essa, não dá para inverter”, disse.

Mulheres e portos

Os números comprovam. São raras as oportunidades em cargos de tomada de decisão para mulheres. Segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto Ethos, apenas 13,6% dos cargos executivos são ocupados por elas, no Brasil.

Isso não é diferente na área portuária, setor predominantemente masculino. “A gente teve, obviamente, uma evolução nos últimos anos em relação à presença feminina no setor portuário, mas ela ainda é muito tímida. Nós ainda somos estatísticas. Se olharmos as mulheres que estão hoje dentro do setor, a maioria delas está sentada na plateia, poucas estão tomando decisões, poucas ocupam cargos de liderança. Recentemente estive em um evento em Recife e, de cinco painéis, apenas um, que era o que eu participava, tinha mulher. Então ainda temos muito a avançar dentro do setor portuário”, comenta a diretora executiva do OGMO, Shana Bertol.

Shana é a diretora executiva do OGMO Paranaguá e uma das idealizadoras do grupo Mulheres e Portos. Foto: Felipe Luiz Alves/JB Litoral

Buscando contribuir com o avanço da presença feminina na área, ela e outras mulheres idealizaram o grupo “Mulheres & Portos”, que completará um ano no próximo dia 31. Com integrantes que já fazem parte da Federação Nacional das Operações Portuárias, elas perceberam a necessidade de debaterem mais sobre temas relacionados à questão feminina.

O que incomoda uma mulher, às vezes, também incomoda a outra. Uma pode puxar a outra e podemos, cada vez mais, impulsionar mulheres a seguirem as suas carreiras portuárias e também empoderá-las. O grupo acredita muito no desenvolvimento do porto através da diversidade e da equidade de gênero. Uma mulher de talento pode ir muito longe, mas várias mulheres juntas, uma apoiando as outras, podem impactar um ecossistema inteiro. Eu acho que é isso o que buscamos: juntas somos mais fortes e vamos mais longe também”, conclui Shana.