Paranaguá é sede da primeira Orquestra Rabecônica do Brasil


Por Luiza Rampelotti Publicado 12/06/2023 às 17h17 Atualizado 18/02/2024 às 14h02

Desde este mês, a Ilha dos Valadares, em Paranaguá, é a sede da Orquestra Rabecônica do Brasil, instalada na sede da Associação de Cultura Popular Mandicuera. Ela é a primeira do Brasil a ser formada por tocadores de rabeca, instrumento tradicional da cultura caiçara.

Ao JB Litoral, o fundador do grupo, Aorélio Domingues, fala sobre o início, lá em 2011, e explica sobre a chegada em Paranaguá, depois de tantos anos.  “A Orquestra Rabecônica do Brasil nasceu em 2011, através de um projeto de incentivo, em Curitiba. Meu sonho era fazer em Paranaguá, já que a madeira para a construção das rabecas saía daqui; a técnica de construção saía daqui; o instrumento, musicalidade, tema, figurino, construtores, cenário, tudo era parnanguara. Mas isso não foi possível na época porque não houve vontade política para tanto”, explica.

Contudo, Aorélio não desistiu de fazer história criando a primeira do país e, ainda, promoveu um projeto piloto, na capital, que deu super certo. Ao todo, 41 músicos, dançarinos, atores e atrizes, além de produtores, maestros, arranjadores, luthiers fizeram parte desta primeira formação. “Fundamos a Orquestra e realizamos a primeira opereta caiçara em Curitiba. Fizemos várias apresentações pelo país”, conta o fundador.

Aorélio Domingues é Mestre de Fandango, músico, luthier e fundou a Orquestra Rabecônica em 2011. Foto: Divulgação

Essencialmente parnanguara

Agora, 12 anos depois, Aorélio teve a oportunidade de trazer para casa o grupo que nunca devia ter saído dela. “Apareceu essa oportunidade devido a uma compensação. A Orquestra chega de vez à cidade, de onde ela nunca deveria ter saído, e sua sede é na Ilha dos Valadares”, diz.

Já existe até data para a estreia da nova formação: julho, em Iguape (SP), quando cerca de 20 músicos se apresentarão junto a um grupo de Fandango. Além disso, em novembro, também já está prevista uma nova apresentação, na Festa de Nossa Senhora do Rocio. Ela acontecerá com a primeira Missa Caiçara, baseada no Terço Cantado, que já está sendo escrita, estudada e ensaiada.

O terço é cantado em latim e português, e transcrevemos para as rabecas e violas, musicalizamos, e ele será montado em forma de missa. Será um grande acontecimento na história da música em Paranaguá, que já teve grandes personagens como Villa Lobos, que morou e teve seu primeiro concerto feito aqui, e Brasílio Itiberê, que já colocava a cultura popular na música erudita”, avalia Aorélio.

Oportunidade para músicos

Segundo o idealizador, o espetáculo faz parte da história de Paranaguá, que já tem um extenso lastro cultural. “Somos a primeira orquestra composta por tocadores de rabeca; isso nos coloca em um outro patamar da musicalidade”, comemora.  

Para quem quiser participar do grupo, há oportunidade. Os interessados podem entrar em contato com a Associação Mandicuera pelo e-mail mandicueraculturapopular@gmail.com. Além de integrar o grupo, os participantes também aprenderão a confeccionar sua própria rabeca.