Paredes suando em Paranaguá? Entenda a saga da umidade extrema que toma conta da cidade
No último domingo (29), Paranaguá virou o que podemos chamar de “o spa das casas”. Mas calma, não se trata de um novo conceito de decoração, e sim de umidade, muita umidade.
Os moradores saíram de suas tocas e foram direto para as redes sociais, compartilhando o dilema do século: “Minha casa é a única que está parecendo um banheiro após um bom banho quente?“
Uma publicação no Facebook com a pergunta “a casa de vocês também está com umidade? Com pisos e paredes molhados?” rapidamente viralizou, acumulando mais de 500 curtidas e 600 comentários de pessoas que se perguntavam a razão de tanta umidade.
E não demorou muito para descobrir que (surpresa!) essa era uma situação que afetava praticamente toda a cidade. As paredes estavam suando e os eletrodomésticos estavam tentando entrar na competição de nado sincronizado. E o que fazer quando tudo ao seu redor está suando mais do que um atleta olímpico na final?
Com tantas pessoas compartilhando suas preocupações, algumas mentes empreendedoras viram uma oportunidade e começaram a vender desumidificadores de ar. Outros, mais filantrópicos, compartilharam dicas para combater a umidade, incluindo espremer esponjas gigantes no meio da sala e realizar danças tribais para invocar o deus do tempo seco (brincadeirinha. Só informaram que é bom passar um pano com água morna e álcool no chão, para secar mais rápido).
Ah, e claro, não poderiam faltar os meteorologistas de plantão que afirmaram, com uma convicção digna de uma profecia, que toda essa umidade significava que o sol do dia seguinte seria de “derreter o asfalto”.
Qual a razão de tanta umidade?
Mas, para desvendar o mistério por trás desse episódio suado, recorremos à única fonte confiável: o meteorologista do Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar), Fernando Pilé Gomes. Ele nos explicou que o evento foi causado por um intenso fluxo de calor e umidade das regiões amazônicas em direção ao Paraná.
Segundo Gomes, esse fenômeno ocorre nos níveis mais baixos da troposfera, a cerca de 1500 metros de altitude, e é relativamente comum nesta época do ano. No entanto, não é sempre que ele se direciona para o Paraná, nem sempre com a intensidade vista no domingo.
Tudo começou quando ventos de leste, vindos da região equatorial do oceano Atlântico, atravessaram a Amazônia e foram canalizados pela Cordilheira dos Andes em direção ao nosso querido subtrópico. “Isso resultou em um ar saturado de umidade, com uma umidade relativa próxima de 100%, ao longo de todo o dia. A maior umidade registrada foi de 95,3%, entre 06h15 e 06h30”, explicou.
Conforme o meteorologista, quando o ar próximo à superfície ficou saturado de umidade, ou seja, perdeu a capacidade de conter vapor d’água, ocorreu a condensação do vapor d’água sobre as superfícies, como paredes, chão e diferentes tipos de objetos (especialmente sobre objetos com temperaturas mais baixas). Isso fez com que nossas casas suassem mais do que um atleta após uma maratona.
Tempo úmido até terça-feira (31)
A previsão é que até terça-feira (31), o ar na cidade continuará bastante úmido. Porém, a partir de quarta-feira (01), o “escoamento de noroeste” perderá sua intensidade e um ar mais frio virá para aliviar a “tensão hídrica”. Isso significa que, finalmente, as casas poderão voltar a ser um lugar seco e acolhedor.