Prefeito de Guaratuba anuncia que quarto atracadouro ficará pronto 10 dias antes do previsto
Esta segunda-feira (5) foi mais um dia de longas – e demoradas – filas de veículos que tentavam fazer a travessia da baía de Guaratuba, sobretudo para os pesados: vans, ônibus e caminhões superiores a três eixos e/ou 14 metros. Por volta do meio-dia, o prefeito de Guaratuba, Roberto Justus, fez uma transmissão ao vivo em suas redes sociais, em que afirmou ter sido procurado por representantes da associação comercial e do setor hoteleiro da cidade. “Estão preocupados e me noticiaram vários cancelamentos de hospedagens em razão dos deslizamentos nas rodovias e filas das balsas”, disse Justus. O prefeito também relatou estar sendo cobrado pelas pessoas que estão nas filas para a travessia da baía de Guaratuba.
“Elas querem saber qual a solução e se há prazos. Ontem (domingo) não havia filas, que só aumentaram no final da tarde”. Roberto Justus explicou, ainda, que além da restrição de horário para veículos pesados anunciada semana passada pelo DER, as autoridades também alteraram o modo de acesso à Guaratuba e a consequente travessia.
“Fiz uma reunião na sexta-feira na Casa Civil, com participação de secretários e o comando-geral da PM, o combinado era reter os caminhões que vinham da 376 na tentativa de seguir viagem aqui por Guaratuba, no posto da PRE de Coroados. Enquanto isso, todos os caminhões que já estavam na cidade puderam seguir viagem até que não tivéssemos nenhum caminhão represado no município”, detalhou Justus.
ERRO DE ESTRATÉGIA
Dando sequência à transmissão, o prefeito de Guaratuba argumentou sobre o que teria motivado uma segunda-feira caótica na cidade e seus acessos.
“Talvez por um erro de estratégia, quando a travessia dos caminhões foi liberada na noite de domingo, aqueles que estavam represados no Coroados foram liberados. Foi um volume muito maior do que a concessionária que faz a travessia tem condições de suportar e nós acordamos hoje com a cidade parada. Somando isso a alta demanda de veículos de passeio”, disse Justus, que afirmou ter sido necessário voltar a reter os caminhões e direcioná-los para a balsa no horário determinado, com prioridade para os veículos de passeio.
DESBLOQUEIO DA 376 E MAIS ATRACADOURO
Ao falar do bloqueio da BR-376, que já dura uma semana, o prefeito defendeu a necessidade do desbloqueio para que o tráfego e a cidade voltem à normalidade. “A prioridade tem que ser desbloquear a 376, com o desbloqueio não haverá essa sobrecarga sobre a travessia pelas balsas. A nossa expectativa é de que isso aconteça até quarta-feira (7). Com relação à demanda de mais atracadouros funcionando, três já foram trocados e o quarto atracadouro será liberado na semana do dia 15”.
APELO
Roberto Justus terminou a live com um apelo para que os turistas e veranistas mantenham seus planos de investir em Guaratuba.
“Com o desbloqueio da BR-376 e a operação do quarto atracadouro, temos certeza que dará conta da demanda de temporada. Então as pessoas podem vir e ficar tranquilas, pois estamos preparados para o Réveillon e o carnaval, com muitas atrações ao longo de toda a temporada e Guaratuba pronta para receber a todos”, finalizou.
DIAS SEM PODER SEGUIR VIAGEM
O caminhoneiro Doriel Siqueira, 37 anos, já não sabe mais o que fazer. Ele tenta, desde sexta-feira (2), fazer a travessia pelo ferry boat. Com o caminhão vazio, pois descarregou açúcar em Paranaguá na sexta pela manhã, o motorista está parado na Alexandra-Matinhos, na altura do Km 10 da PR-408. Dependendo da solidariedade de comerciantes locais para usar o banheiro e se alimentar.
“A gente tenta passar e não consegue, chega lá e a polícia fala que está proibido e não libera a passagem. Ligamos no DER, na PRF, na Polícia Estadual, todos dizem que está liberado, só a polícia que não deixa passar. Eu mesmo já fui umas sete ou oito vezes com meu caminhão lá, mas eles mandam voltar”, contou o motorista ao JB Litoral.
Doriel teme fazer outro caminho e acreditou que conseguiria seguir viagem no final de semana. “Eu vou carregar em São Francisco do Sul (SC) e eles querem que eu suba até Curitiba de novo, pegar a 116 pra poder chegar. Aqui está sendo o lugar mais seguro para fazer a travessia. Na sexta-feira a gente entendeu que tinha trânsito, tudo bem, mas sábado sem trânsito, tudo sem trânsito e mesmo assim não deixam atravessar. Ninguém explica quem está fazendo essa proibição”, desabafou.
O motorista tentou, mais uma vez, embarcar no ferry boat por volta das 21h desta segunda-feira (5) e não conseguiu, quando a espera já durava mais de 48 horas. “Só agora, depois de dois dias, nos explicaram que o problema era o peso dos nossos caminhões, esse tempo todo sem uma explicação e cada órgão dizendo uma coisa. Eles têm que colocar uma placa na entrada de Curitiba ou da 277, orientando que caminhão acima de 26 ptb não entra na balsa. Vou ter que dar essa volta de mais de 700 Km”, lamentou.
PERRENGUE NO ÔNIBUS
O biólogo Renato Carneiro, 50 anos, já previa uma viagem mais longa do que o normal, mas nem tanto. O ônibus em que ele embarcou, da empresa Brasil Sul, saiu às 19h15 de domingo (4) de Florianópolis (SC), com destino a Londrina (PR). Uma viagem que deveria acabar às 6h desta segunda-feira (5) foi estimada para ser concluída apenas às 14h, devido às filas para fazer a travessia da baía de Guaratuba. Porém, o trajeto que deveria durar menos de 12h, mais do que dobrou.
“Chegamos em Guaratuba 1h da manhã, ficamos até perto das 9h da manhã parados na rua lateral do Corpo de Bombeiros de Guaratuba. Foi quando a fila de ônibus e caminhões começou a andar e só embarcamos no ferry 12h30. Os carros de passeio não estavam na mesma fila, iam para outra, pois segundo o motorista do nosso ônibus, os carros tinham preferência na travessia”, contou ao JB Litoral.
Embora o biólogo afirme compreender a situação, ele acredita que faltou organização.
“Quero deixar claro que entendo que a situação é anormal pela queda da barreira na BR e, também, pelo fechamento da Serra da Dona Francisca (SC) e todo o fluxo ter ficado por esse caminho. Mas a coisa tinha que ser mais organizada para não acontecer esse atraso”, disse Renato, que só desembarcou em Londrina às 20h45, no fim da saga que durou mais de 25 horas.
O QUE DIZ O DER
O Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER/PR) publicou nova informação nesta segunda-feira (5) ratificando a manutenção dos horários específicos em que os veículos pesados podem embarcar, mas explicando sobre uma restrição que, até então, não havia sido divulgada.
“Ao contrário do que foi informado anteriormente, há uma restrição de 26 toneladas de peso bruto total (PBT) para a travessia, referente ao próprio veículo, antes de somar a carga que está transportando. Além disso, caminhões com mais de três eixos e/ou superiores a 14 metros não podem utilizar a travessia do meio-dia até as 19h, visando agilizar o tráfego de veículos menores nesse período”, informou publicação da tarde desta segunda.
Ou seja, estão mantidas as restrições informadas desde a semana passada, e agora também a de que caminhões com capacidade de até 26 toneladas (somando o peso do caminhão e a carga) estão completamente proibidos de fazerem a travessia da baía de Guaratuba.
ATRACADOURO ADIANTADO
No começo da noite, poucas horas após a primeira transmissão, o prefeito Roberto Justus voltou a abrir uma live para dizer que o quarto atracadouro deve entrar em operação até o meio dia desta terça-feira (6).
“O Luiz Alves, da Companhia Internacional Marítima entrou em contato comigo para dizer que adiantou o serviço e esse quarto atracadouro, que só ficaria pronto por volta do dia 15, já entrará em operação amanhã, dia 6 de dezembro. Isso vai ajudar muito a escoar as filas de caminhões que ficaram retidas nesta segunda-feira. Então, tudo deverá se normalizar até quarta-feira”, disse o prefeito de Guaratuba.
De acordo com a Internacional Marítima, a partir do meio dia de de terça-feira (6), a travessia estará operando com o quarto atracadouro, além de cinco embarcações 24h por dia.