Sindicato dos Conferentes de Paranaguá ‘renasce’ após seis anos: crescimento financeiro e modernização marcaram 2023


Por Luiza Rampelotti Publicado 25/01/2024 às 14h34 Atualizado 07/02/2024 às 11h40

O Sindicato dos Conferentes de Carga e Descarga nos Portos do Estado do Paraná, de Paranaguá, vive um período de notável transformação e crescimento, conforme revelado pelo presidente da entidade, José Eduardo Antunes, ao JB Litoral. Depois de nove anos sem uma Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), foi em outubro de 2023 que o instrumento normativo foi assinado junto ao Sindicato dos Operadores Portuários do Estado do Paraná (SINDOP) e, desde então, a entidade conquistou melhorias significativas em várias áreas.

Uma das conquistas mais marcantes foi a evolução financeira do sindicato. Segundo Antunes, que assumiu a presidência em janeiro de 2023, após a assinatura da CCT, houve um aumento na renda média dos conferentes, registrando um crescimento de 123% comparando os salários de janeiro e dezembro do mesmo ano. Além disso, ele destaca que mesmo com uma redução no quadro associativo devido à readequação das equipes, o Montante de Mão de Obra (MMO), relativo à soma do salário de todos os trabalhadores, cresceu 31%.

Antunes
José Eduardo Antunes é o presidente do sindicato e está em sua primeira gestão, iniciada em janeiro de 2023. Foto: JB Litoral

Essa reestruturação envolveu o fim da requisição específica da função do conferente de balança, resultando em uma redução do quadro de 60 para 37 conferentes em dezembro, trabalhadores funcionais e essenciais na operação. Surpreendentemente, mesmo com essa diminuição, o MMO aumentou em 31%. Felizmente, os salários também acompanharam esse crescimento, com o melhor salário de dezembro sendo 40% maior do que o melhor salário de janeiro”, explica o presidente do sindicato.


Aumento na arrecadação e investimentos na infraestrutura


Além disso, a arrecadação do sindicato cresceu substancialmente no ano passado, atingindo uma marca de 66%, impulsionada por aumentos nas taxas de fainas e no salário-dia. “Esses ganhos proporcionaram ao sindicato uma situação financeira estável, permitindo o cumprimento de compromissos e investimentos na reestruturação do prédio, que estava abandonado desde 2016”, comemora Antunes.

A modernização é evidente na renovação do prédio, especialmente na pintura interna e externa. O presidente destaca que as mudanças não apenas beneficiam a imagem do sindicato, mas também criam um ambiente acolhedor para os associados.

Há pelo menos seis anos não era realizada uma manutenção mínima em nossa sede. A partir de 2016, iniciamos um processo de declínio e, até o início de 2023, o prédio não havia passado por qualquer manutenção. A categoria também não experimentou nenhum tipo de melhoria salarial já que a última convenção venceu em 2014. Éramos um sindicato completamente desprovido de segurança jurídica de um instrumento normativo há nove anos. Falo com muito orgulho, sem falsa modéstia que, em nove meses, avançamos nove anos”, afirma Antunes.


Retomada de relevância social e política


Segundo ele, entre 2016 e 2022, o sindicato ficou em segundo plano, mas, a partir de 2023, retomou sua relevância social e política. Participando ativamente de eventos nacionais e internacionais, inclusive em Brasília, o presidente passou a levar o nome da entidade e a dialogar com ministros e influenciar políticas setoriais.

Agora, para 2024, o foco é a renovação dos quadros, com a expectativa de abrir 30 vagas para os conferentes, incluindo mulheres. “Nós somos o único sindicato da faixa portuária que conta com mulheres em seus quadros, atualmente são duas. Queremos que venham mais, pois sabemos da competência, dedicação e qualidade do trabalho da mulher, e o ambiente portuário precisa dessa renovação que ela traz. Acredito que esse é o futuro para todos os sindicatos”, diz Antunes.


Desafios e necessidade de renovação


O presidente ainda explica que a diminuição do quadro de trabalhadores no último ano está vinculada, também, ao novo sistema de assiduidade/frequência mínima implementado pelo Órgão de Gestão de Mão de Obra do Trabalhador Portuário e Avulso do Porto Organizado de Paranaguá (OGMO/Paranaguá), desde maio de 2022. “O comprometimento com a frequência mínima é essencial para atender às demandas de trabalho e garantir a exclusividade da mão de obra. A cobrança da assiduidade visa manter trabalhadores interessados e disponíveis para o trabalho, contribuindo para a renovação do quadro em busca de profissionais mais jovens e qualificados”, esclarece.

Atualmente, a média de idade dos trabalhadores do sindicato é de 70 anos, porém, existem conferentes de até 85 anos trabalhando. Por isso, Antunes ressalta a necessidade urgente de renovação diante de um mercado carente de mão de obra em Paranaguá.