Solidariedade que aquece e educa: conheça projetos do Sesc que vêm fazendo a diferença no Litoral


Por Flávia Barros Publicado 09/09/2023 às 14h02 Atualizado 18/02/2024 às 22h54

São 15 anos incentivando comerciantes do Paraná e toda a sociedade a levar o calor para quem mais precisa: pessoas em situação de vulnerabilidade social. A Campanha do Agasalho do Serviço Social do Comércio (Sesc PR), do Sistema Fecomércio, encerrou a 15ª edição no começo do mês e superou mais um recorde de arrecadações e de pessoas beneficiadas. Pelo quarto ano consecutivo, o número de peças arrecadadas ultrapassou um milhão (1.183.577 contabilizadas até essa sexta-feira, 8 de setembro) e beneficiou cerca de 200 mil pessoas em todo o estado. Além dos cobertores, também foram arrecadados, acessórios de inverno (toucas, cachecóis, luvas etc), itens de cama mesa e banho, roupas adulto e infantil e calçados. Com o tema “Onde há calor, há mais vida”, a ação mobilizou equipes do Sesc em 27 municípios, entre eles os do litoral, onde há duas unidades do Sesc, em Paranaguá, que abrange a cidade, mais Antonina, Morretes e Guaraqueçaba, e em Matinhos, onde o Sesc Caiobá atende às populações de Guaratuba, Matinhos e Pontal do Paraná.

Números que falam

As doações aquecem os corações de quem participa direta ou indiretamente da campanha e, neste inverno, aliviaram o frio de 3.773 pessoas que receberam as 19.619 peças arrecadadas e distribuídas pelo Sesc Paranaguá. Só a unidade entregou mais de 92 mil peças arrecadadas nas campanhas de 2013 a 2023. Na edição deste ano, o Sesc Paranaguá contou com o apoio de 29 empresas que atuaram como postos de coleta das doações, as quais foram destinadas a 13 entidades e/ou projetos beneficentes:

– Instituto Palazzolo;

– Grêmio Recreativo Cultural e Escola de Samba Filhos da Gaviões;

– Associação Comunitária dos Moradores de Piaçaguera;

– Associação de Proteção à Maternidade, à Infância e Família;

– Fundação Malucelli;

– Cras Valadares;

– Amda – Associação de Moradores de Alexandra;

– Associação Casa Missionária;

– Escola Municipal Professor Randolfo Arzua;

– Associação Brasileira D´A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias;

– Aldeia Kuanay Haxa;

– Associação de Moradores do Bairro Batel; e

– Associação Comunitário Dos Moradores Do Amparo.

Além da entrega das peças às instituições, o Sesc Paranaguá também já realizou três brechós sociais na cidade.

Para contemplar pessoas que não são atendidas pelas entidades, montamos os brechós com as roupas e calçados, onde as pessoas vêm, comprovam que recebem benefícios ou se enquadram no protocolo de vulnerabilidade social, então elas podem levar as peças que elas escolhem, gratuitamente”, explica a técnica de atividades do Sesc, Katiane Arndt.

Nos brechós sociais, pessoas em vulnerabilidade podem escolher roupas e calçados gratuitamente. Foto: Sesc Paranaguá

Os brechós sociais foram realizados no Sesc Paranaguá, no Terminal Urbano, em parceria com a Secretaria Municipal da Mulher (Semmu) e Ponto de Atendimento à Mulher (PAM), e na Ilha dos Valadares.

Educando gerações

Criado em 2018, o projeto Futuro Integral da Escola, na unidade de Paranaguá, tem 180 alunos de escolas públicas, de 2º e 3º anos do ensino médio, matriculados no cursinho preparatório para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). As aulas são oferecidas gratuitamente no contraturno escolar e, para atender o máximo de alunos, as turmas são divididas da seguinte forma: somente às segundas-feiras, das 14h às 17h; quarta e sexta ou terça e quinta, das 14h às 17h; e pela manhã, toda quarta e sexta, das 9h às 12h.

No projeto, as aulas são de Matemática e Língua Portuguesa, envolvendo Redação e Literatura.

Este ano, 180 alunos de escolas públicas se preparam para o Enem e vestibulares no Futuro Integral da Escola, no Sesc Paranaguá; o cursinho é gratuito. Foto: Sesc Paranaguá

Para nós, orientadores do projeto, é muito gratificante fazer parte da vida desses adolescentes numa fase tão importante para eles, em que procuram o curso preparatório para melhorar seus conhecimentos. Nos aproximamos o máximo para que se sintam seguros e confortáveis, desta forma solucionando sempre as dúvidas, aplicamos simulados conforme modelo Enem e várias redações durante o ano, corrigidas também de acordo as competências do Enem, visto que é o mais difícil para eles, assim ficam mais tranquilos para o dia da prova”, conta ao JB Litoral a orientadora e professora do Sesc, Marina Andrioli.

Escolhas e frutos

Marina também destaca o apoio dado aos adolescentes e jovens que ainda não sabem qual profissão escolher. “Contamos com o projeto Orientando Futuros, que busca ajudá-los nas escolhas profissionais, mostrando os caminhos para entrar nas universidades, além de teste vocacional”, diz.

Sobre a torcida e expectativa pelos alunos, a professora afirma que todos os anos a equipe torce junto e é surpreendida pelos bons resultados.

É sempre uma grande expectativa o resultado do aprendizado dos nossos alunos. Nos alegramos a cada notícia de aprovação, muitas vezes nos surpreendemos com os resultados, visto que a maioria realmente aproveita todo conhecimento e se dá muito bem nas provas, tanto no Enem como nos vestibulares”, completa.

Desde a criação, em 2018, a unidade Paranaguá já atendeu 800 alunos no Futuro Integral da Escola.

De aluna à professora


Um desses alunos que frequentou o cursinho e conquistou excelentes resultados é a estudante universitária do último ano de Pedagogia, na Unespar, Mariah Freitas, 22 anos. Ela foi aluna do cursinho em 2019, quando coroou aquele ano com a aprovação em 1º lugar no vestibular, no curso que escolheu. “Eu sempre quis ser professora. Fiz o ensino médio todo em escola pública e um dia a equipe do Sesc foi até o colégio e divulgou o cursinho. Fui logo me matricular e deu tudo certo”, conta Mariah ao JB Litoral.  

Mas desde 2019, o Sesc não saiu mais da vida da estudante. “Frequentando o cursinho, conheci vários outros serviços oferecidos pelo Sesc e participei de diversas palestras e também aproveito para utilizar serviços com um custo menor do que os praticados no mercado, como dentista”, ressalta. A relação da jovem com a unidade cresceu ainda mais quando ela soube da vaga de estágio e foi aprovada na seleção, Mariah é estagiária na educação infantil do Sesc Paranaguá.

De vestibulanda, em 2019, a formada em Pedagogia daqui a 3 meses, Mariah tem a vida marcada pelo Sesc. Foto: Arquivo pessoal

Aqui tive a oportunidade de me preparar para o Enem e vestibular, de seguir usando os serviços e de poder complementar minha formação profissional. A faculdade e o estágio terminam no final do ano e minha vontade é poder atuar aqui como pedagoga”, finaliza.   

Transformar vidas

O gestor do Sesc Paranaguá, Joel Viana, define a missão do Sesc PR em duas palavras: transformar vidas. “O Sesc PR não poupa esforços para promover ações socioeducativas que contribuam para o bem-estar social e a qualidade de vida dos trabalhadores do comércio de bens, serviços e turismo, de seus familiares e da população de Paranaguá, para uma sociedade justa e democrática. É muito gratificante e nos deixa feliz o resultado positivo após anos de dedicação. Um sorriso no rosto vale mais que mil palavras, poder oportunizar acesso à educação e desenvolvimento pessoal nos move dia a dia”, afirma Joel, em conversa com o JB Litoral.

Sobre realizar trabalhos personalizados que tratem das características específicas do Litoral, o gestor explica que é resultado de um esforço conjunto.

A sensibilidade do presidente do Sistema Fecomércio Sesc Senac PR e vice governador do Estado, Darci Piana, e do diretor regional do Sesc PR, Emerson Sextos, faz com que eu como gestor da unidade Paranaguá, juntamente com minha competente equipe, tenhamos essa liberdade de entender a necessidade da população e fazer ações que venham de encontro com os objetivos sustentáveis, prestando a solidariedade e movendo grandes empresas do ramo e parte da nossa população a ajudar também, criando assim uma importante rede do bem no município”, define Viana.

Geração “maker”

Já no Sesc Caiobá, este ano 400 crianças de escolas públicas de Matinhos, Guaratuba e Pontal do Paraná estão sendo atendidas no projeto Futuro Integral na Escola. A proposta é proporcionar atividades no contraturno escolar em que as crianças também aprendam, mas de forma lúdica e experimentando.

A chamada cultura maker, do “faça você mesmo”, é um dos diferenciais do projeto, que durante o mês de agosto, abordou atividades relacionadas ao tema ‘Ciência e tecnologia’ e também o Sarau Literário.

Em sala de aula, os alunos realizaram experimentos físicos relacionados à eletricidade. Como o uso de balões para entenderem a eletricidade estática e um experimento sobre o circuito elétrico, em que viram como surgiu a eletricidade e como funciona o circuito, em que o desafio era descobrir qual a cor da lâmpada de led do circuito.

Com os alunos pequenos aprendemos porque somos um diferente do outro, e o que faz isso acontecer. Aprendemos sobre a estrutura do DNA e como isso funciona dentro do nosso corpo. É uma troca de vivências em que as crianças também trazem seus pontos de vista e enriquecem a experiência com os orientadores Sabrina e Raony”, diz Vandréia Braga, técnica de atividades do Sesc Caiobá.

No Sesc Caiobá, 400 crianças de escolas públicas participam de atividades no contraturno. Foto: Bruna Lopes/ Divulgação

Sarau Literário

Para demonstrar que a cultura maker pode abranger todas as áreas do conhecimento, além do público já atendido pelo projeto, também foram convidadas outras crianças do 4° ano da Escola Municipal Caetana Paranhos, de Matinhos, que, juntas, colocaram em prática o projeto “Literatura Maker”, dentro da proposta do Sarau Literário. A atividade foi realizada durante o mês de agosto em todas as unidades do Sesc integrantes do Futuro Integral na Escola. Por meio da leitura do livro “Carol”, de Laertes Coutinho, foram reproduzidos alguns experimentos inspirados na obra literária, tais como uma colônia de fungos e bactérias, um cachorro Frankenstein e uma bicicleta voadora, colocando em prática o movimento de ensino maker.

Fechamento à altura

Para encerrar o ciclo de atividades desenvolvidas em agosto crianças e familiares assistiram a um espetáculo teatral que segue a mesma linha da experimentação do projeto e aborda ciências que mais causam arrepios nos estudantes, física e química. Mas longe de ser algo difícil, uma apresentação teatral mostrou, na prática, experimentos que divertem e ensinam ao público.