Vereador de Matinhos quer garantir que pessoas com deficiência aproveitem a praia com segurança


Por Luiza Rampelotti Publicado 02/05/2022 às 15h10 Atualizado 17/02/2024 às 07h32

O vereador de Matinhos, Lucas Pesco (PSC), quer disponibilizar, de forma gradativa, equipamentos e tecnologia para que pessoas com deficiência física e/ou mobilidade reduzida aproveitem a praia com segurança. Para isso, ele pretende criar uma lei que autorize o Poder Executivo, em parceria com o Governo do Estado e Federal, a implementar o Programa Praia Acessível.

De acordo com o Projeto de Lei (PL) que deve entrar em discussão e ser votado pela 1ª vez nesta segunda-feira (2), na Câmara de Vereadores, o programa deve estabelecer medidas e critérios de acessibilidade a serem adotados anualmente nas praias e balneários do município. Desta forma, tais ações, além das normas técnicas e legislação vigente, precisam obedecer as normas estabelecidas pelo Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência, bem como entidades da sociedade civil.

Caso o PL seja aprovado, ele deve retornar à Casa de Leis para 2ª votação na próxima segunda-feira (9) e, só então, seguir para a sanção do prefeito José Carlos do Espírito Santo (Podemos), o Zé da Ecler, que tem o poder de sancionar ou vetar a lei. Já prevendo os questionamentos a respeito do custeio do programa, Pesco explica que as despesas decorrentes da lei correrão por conta de dotação orçamentárias próprias.

Além disso, o vereador também destaca que para a realização do Praia Acessível a prefeitura poderá celebrar parcerias com instituições públicas e privadas. Caso o programa passe a valer, o Poder Executivo deverá realizar ampla divulgação dos locais com ofertas de serviços para pessoas com deficiência, bem como realizar campanhas de divulgação da ação.

A principal finalidade do Programa Praia Acessível é proporcionar às pessoas com deficiência física ou mobilidade reduzida que elas usufruam da praia e do banho de mar com segurança e dignidade que lhes é de direito”, comenta o vereador.

Governo do Estado já realiza o Praia Acessível

O Governo do Estado já realiza o projeto Praia Acessível, pelo qual disponibiliza cadeiras anfíbias e passarelas que facilitam a caminhada na areia, em cinco pontos das praias de Guaratuba, Matinhos e Pontal do Paraná. O serviço é realizado durante a temporada de verão no Litoral e acontece desde 2016-2017.

Os equipamentos são apropriados para entrar na água, possibilitando que pessoas com deficiência ou baixa mobilidade tenham um banho de mar seguro e confortável. Em pontos próximos às cadeiras anfíbias, foram instalados 190 metros de passarelas de acessibilidade que facilitam a locomoção de pessoas desde as calçadas até a beira-mar.

O vereador Lucas Pesco explica as diferenças entre o seu PL e o projeto do governo estadual. “Uma das diferenças é que o projeto do Governo do Estado disponibiliza cadeiras anfíbias somente durante o período da temporada, e o nosso programa tem o intuito de disponibilizar acessibilidade à beira mar e na praia durante o ano todo. Às vezes o cadeirante quer ir até a beira da praia não só para tomar banho, mas também para acessar o mar, para pescar, por exemplo. Todos têm o direito de acessar a nossa beleza natural“, esclarece.

O fator da segurança é primordial”, diz Manu Aguiar

Manu Aguiar tem paralisia cerebral e fala sobre a importância da aprovação da lei. Foto: Reprodução

A moradora de Matinhos e presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Emanuele Aguiar de Araújo, que possui paralisia cerebral, comenta sobre a utilização da praia pelas pessoas com deficiência. “A praia é um dos locais mais democráticos que se existe no âmbito do lazer, no entanto, quando estamos falando sobre pessoas com deficiência e/ou mobilidade reduzida existe o fator da segurança que é primordial”, diz.

Ela destaca a importância da aprovação da lei para as pessoas com deficiência física e/ou mobilidade reduzida. “A verdadeira inclusão de pessoas com deficiência só acontece quando é feito com acessibilidade, o que é um direito já garantido pela Lei Brasileira de Inclusão 13.146/15, mas que precisa ser efetivado na prática, visto que mesmo com todos esses anos de existência da lei, as pessoas com deficiência ainda têm seu direito de lazer desamparado”, conclui.