81 ANOS DO PORTO – Gérson Bagé: “é preciso tratar com responsabilidade a coisa pública”
Com boa parte de sua vida dedicada à atividade portuária, afinal, são quase 30 anos de relação pujante e duradoura, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Portuários do Paraná, Gérson do Rosário Antunes, mais conhecido como Gérson Bagé, orgulha-se de sua trajetória. De auxiliar a controlista de navios, Bagé exerceu todas as funções. Porém, o que lhe envaidece ainda mais é o fato de poder participar ativamente destes 81 anos do Porto de Paranaguá. Eleito em janeiro de 2015, Bagé tem mais um ano de condução à frente do sindicato. Ele falou à reportagem do JB e comentou sobre esta data especial
JB – Qual a importância destes 81 anos para o Sintraport?
Bagé – A data é o que há de mais importante para nós, trabalhadores portuários, mas também para a cidade do Paraná e porque não, do estado do Paraná. Acho que, de uma maneira geral, todos nós devemos ficar orgulhosos, até porque o terminal portuário é um dos mais importantes do país e é um dos grandes vetores da economia local e estadual. Direta ou indiretamente, os parnanguaras sofrem influência do porto. Isso é fato comprovado.
JB- Como você analisa o panorama através da Nova Lei dos Portos?
Bagé – A lei pregressa, de 1993, acompanhou transformações importantes do país e, consequentemente, a atividade portuária também sofreu essa influência, que eu analisei de forma positiva. A nova lei, de 2013, a meu ver, tem pontos de retrocesso, principalmente no que se refere aos trabalhadores portuários avulsos. Sinceramente, enxergo com receio o futuro do porto em Paranaguá e para o Brasil. Direitos trabalhistas estão sendo dizimados. Apesar do aniversário do porto, é também uma data triste. Não há muito a comemorar. Até o momento, houve mais perdas que ganhos.
JB – Diante desse atual quadro, em sua opinião, há possibilidade de mudanças no que se diz respeito aos TPA’s?
Bagé – Tudo depende de vontade política. E esse anseio precisa vir do povo. Assim, o porto de Paranaguá poderá ser recuperado. Essa administração transformou um terminal público em um órgão privado e vem, de forma reincidente, desrespeitando leis e ferindo direitos trabalhistas. Isso só poderá ser transformado com a mudança política em Paranaguá. Só assim será possível estancar essa perda de valores. Não se pode depredar assim o serviço portuário na cidade.
JB – Quais as principais mudanças observadas nos últimos tempos com relação à atividade portuária?
Bagé – No início dos anos 90, o neoliberalismo do governo FHC foi nefasto para todo o povo brasileiro. As privatizações deterioraram o setor público. O capitalismo suplantou as verdadeiras demandas do país. E isto não foi diferente em Paranaguá. Agora estamos observando esse terrível sucateamento.
JB – Qual o seu recado aos companheiros do SINTRAPORT nesta data?
Bagé – Continuem com a garra, a determinação e a vontade de construir um porto cada vez melhor. Para os dirigentes do porto, eu deixo o recado para que tomem consciência que um cargo é passageiro, mas que um legado é indelével. É necessário respeitar Paranaguá e tratar a coisa pública com responsabilidade.