A necessária, porém, tão ausente relação porto/cidade!


Por Redação JB Litoral Publicado 22/06/2015 às 12h00 Atualizado 14/02/2024 às 09h02

A política em Paranaguá há muitos anos adotou uma postura idêntica ao “apartheid” na África do Sul, só que no país africano investiu-se na segregação das populações negra e branca, imposta pela política oficial de minoria branca da República. Aqui, a minoria que assume o poder, quer na prefeitura ou no porto, investe na segregação com os demais poderes, atendendo aos seus interesses e projetos pessoais em detrimento da coletividade.

A incoerência maior, porém, está nos palanques eleitorais, onde o discurso é de fortalecimento da relação porto/cidade, que, na prática, jamais acontece efetivamente.
A queda de braço entre estado e município tem feito do ISS do porto um joguete de argumentos judiciais: ora é legal e se repassa, ora é imbróglio judicial e a coisa para e aí quem continua “pagando o pato” é a cidade e sua população.

Independente da questão legal, o porto não pode se dissociar da cidade onde está localizado, onde fatura milhões mensalmente, engordando o caixa do estado e também de algumas poucas pessoas. Como costumava dizer o saudoso prefeito José Vicente Elias, “o porto não pode virar as costas para Paranaguá”.

Mas é justamente isso que vem ocorrendo, inclusive em pequenas ações que beiram o absurdo. Um exemplo é a Semana do Meio Ambiente, em que a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) sequer colocou um estande e, nem mesmo, colaborou para sua execução. O que foi diferente com a 20ª Intermodal em São Paulo, onde não se economizou recursos para estarem presentes.

O diretor presidente da Appa, Luiz Henrique Dividino, é o maior exemplo da certeza das palavras de Vicente Elias, pois desde que assumiu o porto jamais viveu o dia a dia da cidade, seus eventos, sua gente, seus atrativos. O que importa é fazer o porto funcionar e a cidade que se lasque. Não existe um envolvimento, um interesse, uma presença, ao menos, em datas como nas comemorações do dia 29 de Julho. É um ilustre desconhecido na Terra de Fernando Amaro.

Mas já que não se tem interesse na vida comunitária, que se tenha respeito pelas responsabilidades inerentes ao cargo e imóveis como a antiga ACAP, para que os mesmos não permaneçam na condição em que se encontram. E que atitudes como a irregular retirada do porte de arma dos guardas portuários não ocorra simplesmente por vontade pessoal.

Não sabemos até quando isso continuará, mas sabemos que Paranaguá e seu povo não merecem e nem podem mais admitir este tipo de tratamento de quem quer que seja.