Acima da média: Pontal do Paraná tem 22% da população usando a bicicleta como principal meio de transporte


Por Luiza Rampelotti Publicado 28/04/2022 às 15h42 Atualizado 17/02/2024 às 07h18

Muitas pessoas optam pelas bicicletas devido à praticidade de se deslocar para todos os lugares sem ficar preso por horas no trânsito, e ainda podendo economizar o dinheiro do combustível. Uma pesquisa realizada pela Strava (aplicativo para Android e Iphone que permite registrar número de pedaladas, corridas e outras atividades físicas) mostrou que, em 2021, houve um aumento do uso das bikes em diversas cidades do Brasil.

Porém, ainda assim, somente 7% dos brasileiros usam a bicicleta como meio de transporte principal, conforme o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). No entanto, Pontal do Paraná destoa da média nacional, com mais de 6 mil moradores utilizando esse recurso como principal forma de deslocamento, aproximadamente 22% da população.

O número foi identificado por meio do Plano de Mobilidade Urbana (PMU) de Pontal do Paraná, que ainda está em elaboração pela Fundação de Pesquisas Florestais do Paraná (FUPEF), através de um convênio firmado com o Município. “Atualmente, 22% da população moradora de Pontal utiliza a bicicleta como principal forma de deslocamento. É uma porcentagem acima da média brasileira e o fato é consequência do relevo plano da cidade, do clima agradável e dos deslocamentos serem curtos: as pessoas se deslocam em média de 5 a 15 minutos para chegar ao seu destino”, explica a engenheira civil Amanda Christine Galucci Silva, coordenadora executiva do PMU.

Sem infraestrutura adequada para os ciclistas

A última audiência pública para tratar sobre o Plano aconteceu em dezembro de 2021 e, durante as pesquisas com a população, audiências e inventários físicos, foi constatado que Pontal ainda não possui a infraestrutura adequada para atender a ciclomobilidade local e incentivar ainda mais o uso da bicicleta. “Portanto, diversas propostas estão sendo incorporadas ao Plano de Mobilidade em elaboração, como por exemplo, campanhas de educação no trânsito, paraciclos (suporte para bicicletas) ao longo dos balneários e ciclofaixas. A proposta final para o longo prazo do PMU (2032) é que o município conte com 74,6 km de vias cicláveis e 130 paraciclos. Porém, são 21 propostas e 66 ações já definidas no Plano”, diz Amanda.

Foi com base no Plano de Mobilidade Urbana que a prefeitura de Pontal do Paraná já deu início à execução das ciclovias e ciclofaixas que interligam os balneários. O projeto compreende um total de 11 km de vias exclusivas para as bicicletas (ciclovias) ou com demarcação na via já existente (ciclofaixa), começando em Praia de Leste e finalizando no Guapê.

Porém, o PMU também prevê a conexão da Avenida Aníbal Khuri (Beira Mar), onde se localizam os balneários de Monções, Praia de Leste, Guarapari, Shangri-lá e Guapê, por meio de infraestrutura cicloviária, aos balneários de Barrancos, Atami e Pontal do Sul, onde está a Avenida Atlântica (Beira Mar). É que no meio do caminho existe uma mata fechada, o que impede a ligação das duas áreas citadas.

Neste trecho de mata fechada, é prevista a instalação das ciclofaixas e ciclovias. Para essa obra, a prefeitura terá que correr atrás do processo de licenciamento ambiental, mas como é dentro do perímetro urbano e trará somente benefícios à população, acredito que não terá problemas”, avalia Amanda Galucci.

Amanda Galucci é a coordenadora executiva do PMU que está sendo realizado pela FUPEF. Foto: UFPR

O que é o PMU?


O Plano de Mobilidade Urbana é um instrumento de política instituído pela Lei da Mobilidade Urbana 12.587/12 e atua como uma ferramenta de planejamento, orientação e desenvolvimento do transporte em áreas urbanas e seus arredores. As diretrizes nacionais para o planejamento da mobilidade urbana dão orientações à governança local.

O PMU define os objetivos e diretrizes para modificar a mobilidade urbana do munícipio em rumo a sustentabilidade e melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. Estabelece as intervenções necessárias, por meio de propostas e ações, priorizando melhorias no sistema de transporte.

O planejamento do Plano visa o fomento do transporte ativo, bem como o desincentivo do transporte individual motorizado como principal forma de deslocamento. Para tanto, são propostas e ações que visam atuar na melhoria da infraestrutura cicloviária, como na melhoria de vias urbanas, almejando cidades mais caminháveis. Aliado à mobilidade ativa, também é objetivo do PMU estimular o uso do transporte público coletivo.

A partir da sua implementação, o PMU contribui para a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos, acessibilidade universal, equidade no uso do espaço público de circulação, segurança nos deslocamentos das pessoas, bem como na eficiência, eficácia e efetividade na circulação urbana.

A elaboração do PMU se tornou um requisito obrigatório aos municípios com mais de 20 mil habitantes, integrantes de regiões metropolitanas e integrantes de áreas de interesse turístico, incluídas as cidades litorâneas. E a sua implementação torna-se obrigatória para o recebimento de financiamento do Governo Federal e Estadual a serem aplicados em projetos de transportes locais.