Após denúncia do JB, Unespar retoma estágios de forma provisória na prefeitura
Uma semana após a grave denúncia da Diretora do Centro de Área de Ciências Humanas e do Conselho Municipal de Educação (Comed), professora Mary Sylvia Miguel Falcão, o estágio de alunos da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), Campus Paranaguá, retornou de forma provisória em secretarias municipais. Foi o que informou o professor Mauro Stival, Diretor Geral da universidade em Paranaguá.
Suspensos desde o dia 28 de abril, em razão de uma série de denúncias de estagiários exercendo funções que não condiziam com o curso que desenvolviam, desde o final de junho os 354 estudantes de ensino médio, técnico e superior tiveram retomado o estágio remunerado nas secretarias do município. Entretanto, segundo a prefeitura, novos contratos deixaram de ser assinados devido a necessidade de aprovação de um regimento interno da Unespar, que vem sendo elaborado pelo Centro de Área de Ciências Humanas e ainda precisa ser aprovado pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão para que possa valer para todos os campi da universidade no Estado. Todavia, um documento provisório foi apresentado e aprovado normalizando os contratos, segundo explica Mauro Stival, que recentemente discutiu o assunto com o secretário de Trabalho e Emprego, Elcio Nagel e a secretária municipal de Educação, Hilda Werner.
De acordo com a prefeitura, o programa de estágio dá oportunidade de aprendizado e contato com o mercado de trabalho para jovens do ensino médio, superior e técnico. Os valores de bolsa auxílio são de R$ 360 para estudantes do ensino médio (R$ 290 + 70 de auxílio transporte), R$ 500 para técnicos (R$ 430 + R$ 70) e R$ 600 (R$ 530 + R$ 70 de auxílio transporte) para matriculados em cursos superiores.
Entenda o caso
Uma série de denúncias de estagiários exercendo funções que não condiziam com o curso que desenvolviam na Unespar, Campus Paranaguá, preocupou o corpo docente e, mais ainda, a reitoria e a Diretora do Centro de Área de Ciências Humanas e do Conselho Municipal de Educação (Comed), a professora Mary Sylvia Miguel Falcão. As irregularidades resultaram na suspensão de todos os estágios no dia 28 de abril. Os próprios estagiários denunciaram que atuavam dentro das escolas em espaços de formação não adequados para os cursos que estavam fazendo. Entre os casos, havia alunos de biologia dentro da creche, alunos de matemática trabalhando com alfabetização de alunos, o que a Unespar entende como um desvirtuamento do processo de formação. Houve denúncias, inclusive, dos próprios professores do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI), que estranhavam esta situação. Entretanto, uma das denúncias mais graves que chegou ao conhecimento da instituição de ensino é a de que existiam alunos de primeiros anos assumindo sala de aula. Isso a população tem que saber”, defendeu a professora Mary Falcão.
No dia desta reportagem, a professora informou ao JB que recebeu uma denúncia de um aluno de matemática que trabalhava como organizador de recreio. “Ele cuida das crianças, ou seja, não tem nada ver com o curso dele. Temos ainda denúncia de aluno que está trabalhando na parte administrativa da escola, não vou questionar muito porque é um trabalho de gestão, mas ele não pode ser um secretário na escola, porque esse quadro é técnico e não de formação para docência”, alertou a professora.
