Aproximação da Portos com a comunidade foi ampliada pelos projetos ambientais


Por Katia Brembatti Publicado 17/03/2022 às 17h45 Atualizado 17/02/2024 às 04h11

Nas próximas semanas, quando os estudantes da primeira escola voltarem a visitar o porto, no projeto de visitação da Portos do Paraná, que está sendo retomado depois de dois anos paralisado – por força da pandemia – será uma marca de que o processo de construção de laços com a comunidade vem ganhando um novo patamar dentro de um projeto maior, que busca a aproximação por meio de ações socioambientais.

O coordenador de Comunicação, Educação e Sustentabilidade, Pedro Pisacco Pereira Cordeiro, comenta que as atividades do porto estão olhando cada vez mais para as interações com a população. No passado, eram muito restritas ao cumprimento de normas e exigências, como compensações em função de obras. Ao longo do tempo, iniciativas de monitoramento, como registros de pesca e de oferta de peixes, passaram a se preocupar também com as demandas da sociedade.

O passo seguinte incluiu a realização de intervenções, como a construção de trapiches em comunidades da região – dois grandes já foram entregues na Ilha do Mel, em Nova Brasília e Encantadas, e outros doze pequenos estão em fase de construção ou viabilização no Litoral. Até mesmo a derrocagem – implosão da Pedra da Palangana para aumentar o calado e a segurança da navegação no canal de acesso – resultou em alguns benefícios socioambientais. As rochas retiradas do mar a partir das detonações estão sendo trituradas e transformadas em pedra brita. As prefeituras da região podem retirar gratuitamente o material e ficam responsáveis apenas por providenciar o transporte. Cerca de 2 mil metros cúbicos de pedras já foram retirados, o que equivale a 280 caminhões pequenos.

Novos horizontes ambientais

Para uma atuação ambientalmente responsável, foi necessário não apenas se ater aos cuidados de varrição, dar destinação correta para resíduos, cargas que se espalham no caminho (como a soja, fertilizantes e farelo), bem como ao controle de pragas, insetos e poluição sonora.

Os trabalhos socioambientais extrapolaram a área física do porto e o caminho até chegar lá. O entendimento mais sinérgico, considerando as questões de escala, passou a vigorar. Assim, o que acontece na Serra do Mar – seja um acidente com uma carga por trem ou caminhão – seja o desmatamento que começou a ser visto dentro de uma cadeia de causas e consequências.

Também por isso, um dos projetos mais recentes que foi iniciado é o monitoramento de sedimentos que chegam às baias de Antonina e Paranaguá. Uma equipe da Universidade Federal do Paraná (UFPR) vai calcular quanto sedimento proveniente de áreas com erosão acaba indo para o fundo do mar. Serão avaliados três tipos de condições: terrenos com solo exposto, com vegetação nativa e com plantio de recuperação. Nesse último, há o envolvimento de 54 famílias que toparam participar do programa voltado para áreas degradadas. O porto tem vantagens diretas em evitar a erosão, com reflexo diretamente econômico, pois a dragagem, por assoreamento das baías, representa um alto custo para a autoridade portuária.

Está em fase de estudo, também, a implantação de uma usina de biogás, que deve transformar problemas (por exemplo, soja espalhada pelo caminho) em benefício (no caso, energia para ser usada no próprio porto). O projeto, contudo, ainda não tem data para sair do papel, pois está em fase de análise de viabilidade e de modelos possíveis.

“Paranaguá é o melhor porto do Brasil e posso provar”, diz diretor da Cia Ambiental


Para a empresa contratada pela execução da maior parte dos projetos ambientais dos portos de Paranaguá e Antonina, a situação do Litoral do Paraná é a melhor do Brasil. E não se trata apenas da defesa do próprio trabalho. Pedro Dias, diretor da Cia Ambiental, usa os dados da própria pesquisa feita pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). Pelo segundo ano seguido, Paranaguá ficou em segundo lugar nacional em quesitos ambientais – recebendo um prêmio como reconhecimento.

Pedro Dias: trabalho em busca do primeiro lugar no IDA (Divulgação)

Mas Pedro Dias lembra que a posição é de primeiro lugar, considerando apenas portos públicos, e que os critérios acabam não sendo compatíveis com as diferenças de ocupação. É que o porto que ficou na primeira colocação é privado, pequeno e só movimenta contêineres – uma carga considerada limpa, com menos impactos ambientais.

“Somos o melhor, sim”, comenta, se referindo ao Índice de Desempenho Ambiental (IDA). “Paranaguá é o porto público mais sustentável do Brasil. Não tenho dúvida disso”, acrescenta. Mesmo com os desafios relacionados ao tamanho da estrutura e aos tipos de cargas, Pedro Dias acredita que Paranaguá está no caminho para conseguir o primeiro lugar oficial, numa avaliação futura. Ele lembra que, para isso, é preciso manter o nível de excelência e ainda melhorar a cada ano.