Auxílio de R$400 reais para caminhoneiros é “pífio” dizem representantes do litoral


Por Marinna Prota Publicado 23/10/2021 às 14h00 Atualizado 16/02/2024 às 16h50

Na noite de quinta-feira (21) o presidente Jair Bolsonaro afirmou em transmissão ao vivo em sua “live” pelo youtube que vai pagar um auxílio de R$ 400 mensais para 750 mil caminhoneiros em razão da alta do preço do diesel. Ele afirmou que mais um reajuste pode ocorrer nas próximas semanas. O JB Litoral procurou lideranças e motoristas de Paranaguá e região, que se pronunciaram sobre a “oferta”.

Para Ismail Bisson, caminhoneiro e considerado um dos líderes da paralisação da categoria em Paranaguá, “a princípio vemos isso com uma boa vontade do governo em tentar minimizar as dificuldades dos caminhoneiros que os constantes aumentos no preço do Diesel causaram. Mas isso não vai resolver a situação, pois para os caminhoneiros isso é muito pouco“.

Para se ter uma ideia, um tanque de combustível de um caminhão pode chegar a 400 litros. Este tipo de veículo faz em média 2,5 km por litro, ou seja, com o diesel acima dos R$5,00, um tanque que hoje é abastecido com cerca de R$2.000,00 vai rodar 1.000 quilômetros, fazendo uma média de R$2 por km rodado. Segundo um levantamento feito pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT) um caminhoneiro viaja em média 8 mil kms por mês, ou seja, o auxílio de R$400 tem um impacto pequeno diante do valor gasto pelo motorista.

“Para os cofres públicos é uma boa quantia, quando se tratando de 750 mil caminhoneiros autônomos que poderão receber esse recurso. Mas talvez esse não seja o melhor caminho, talvez o melhor caminho seja reverter a política de equiparação de preços que foi adotada nos governos passado ou tentar uma nova política de preços que venha dar estabilidade aos caminhoneiros quando abastecer seus caminhões”, pontuou Ismail.

Procurado pelo JB Litoral, Plinio Dias, presidente do Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas não atendeu aos telefonemas, mas divulgou um vídeo que circula pelos aplicativos de mensagens onde apoia a paralisação dos caminhoneiros no dia 1 de novembro.

Já a Associação Nacional Pró Caminhoneiros e Transportadores informou através de nota “que repudia a manifestação e posicionamento do governo brasileiro que promete pagar um “auxílio” de 400 reais, em contrapartida ao aumento diesel. Primeiramente, é evidente que nas greves anteriores o frete já se encontrava defasado com relação ao preço do diesel à época. Foi estabelecido que seria publicado a tabela de frete mínimo, a qual não tem atingido a expectativa esperada e, muito menos resguardado um mínimo de lucro para o caminhoneiro. Agora com diversos aumentos no diesel, esse lucro se tornou ainda menor, a tabela não está sendo cumprida, não há fiscalização, e o caminhoneiro permanece no prejuízo”.

O texto ainda contesta que “não são 400 reais que vão aliviar o problema do caminhoneiro, considerando que um tanque de combustível tem 800 litros, e a média é de 2 km por litro aproximadamente, o aumento atinge muito o gasto mensal na realização dos fretes. Em alguns casos o frete é tão baixo, que sequer paga os custos do caminhoneiro. Assim, não vai ser com essa promessa que o governo irá resolver o problema do transportador autônomo no Brasil, é preciso reduzir o diesel, reajustar o piso do frete e, mais, fiscalizar efetivamente o seu cumprimento”.

Anderson Laverde, caminhoneiro que também participou da liderança da paralisação dos transportadores em 2018 afirmou que “isso é um absurdo. A gente não quer esmola, queremos justiça diante do nosso trabalho. Não paramos na pandemia, arriscamos nossas vidas e o retorno é este?”.