Comissão dos trabalhadores da saúde denuncia irregularidades em Paranaguá


Por Redação JB Litoral Publicado 14/04/2015 às 17h00 Atualizado 14/02/2024 às 07h03

Uma comissão de trabalhadores denuncia várias irregularidades na saúde de Paranaguá. Entre elas, a falta de profissionais para realizar a limpeza e a retirada dos resíduos sólidos hospitalares. A reportagem do JB esteve no Hospital João Paulo II, referência no diagnóstico de doenças contagiosas, no bairro Divineia, e flagrou lixo hospitalar espalhado no pátio. De acordo com o presidente da comissão, Jaime Ferreira dos Santos, o Jaime da Saúde, além do acúmulo de lixos, ratos e baratas também já foram vistos pelo pátio. 

No espaço reservado para o depósito do lixo, a porta estava aberta e vários sacos pretos estavam do lado de fora. Ao lado, a reportagem registrou, além de lixo domiciliar, várias caixas de remédios espalhados e até luvas cirúrgicas. Com tantas irregularidades, os trabalhadores resolveram criar a Comissão que está realizando levantamento de todos os problemas das Unidades de Pronto Atendimento do município. Os trabalhadores se reuniram e elegeram uma comissão, que está lutando em favor da saúde em Paranaguá. Essa comissão está fazendo um levantamento em todos os Postos de Saúde e constatou que não existe serviço de limpeza. O lixo está acumulando em todos os postos. O risco de contaminação é grande”, declara Jaime da Saúde.
   
  Além da limpeza, a comissão reivindica que o plano de salário do município entre em vigor. “Desde 2011 foi votado na Câmara e sancionado pelo ex-prefeito Baka na época, porém até hoje não foi colocado em prática. Não só a prefeitura, mas o sindicato que deveria estar brigando está quieto”.A comissão levantou ainda que alguns profissionais de saúde estão com seus salários reduzidos. Chega a ser ridículo um técnico de enfermagem receber em torno de R$ 800 mensais.

Isso é inadmissível, pois um agente de endemia, por exemplo, já tem um salário inicial de R$ 1.014 mil. O profissional faz de dois a três cursos por ano, vai se graduando, adquirindo conhecimento e recebe menos que um funcionário em experiência de um supermercado”, critica.

Segundo Jaime, os profissionais estão decepcionados com o prefeito Edison de Oliveira Kersten (PMDB), já que ele e sua esposa, a secretaria municipal de Saúde Terezinha Flenik Kersten são médicos e sabem das dificuldades de trabalhos dos profissionais. “Eles se comprometeram em várias reuniões com essa comissão e com os trabalhadores que iriam rever essa situação salarial e nada fizeram. Pior, criaram dezenas e dezenas de cargos comissionados na área da Saúde, criaram superintendências recebendo salários de R$ 5 mil, com horas extras excessivas e agora o Ministério Público está em cima. Pelos pecadores, pagam os inocentes, pois quem faz horas extras são os profissionais dos Postos de Saúde, que além de fazer o serviço de técnico de enfermagem, tem que pegar a vassoura e limpar a sua área de trabalho”, ressalta, criticando que os cargos comissionadossó servem para fazer assédio moral, perseguições, políticas e politicagens em cima desses trabalhadores. Isso está causando doenças nos trabalhadores, vários afastamentos. Essa comissão vai também levar essas denúncias ao Ministério Público, à Vigilância Sanitária, para mostrar que não pode continuar desse jeito”, ressaltou.

Outras irregularidades
 
De acordo com a comissão, a preocupação dos trabalhadores da área não é só com as condições salariais ou com a estrutura, mas o melhor atendimento nos Postos de Saúde. “Nós vemos o Centro Municipal de Especialidades (CME) fechado, não existe atendimento mais no local, o Posto de Saúde da Serraria do Rocha, só atende PSF (Programa Saúde da Família), então chegou a uma situação que está tudo fechando e a preocupação não é só salarial ou melhores condições de trabalhos. A qualidade caiu demais, falta de remédio, falta equipamento, está tudo sucateado. Na verdade, na nossa visão, o município está brincando com a saúde do povo. Precisamos abrir os olhos da população, pois muitas vidas estão em risco pela falta de qualidade nos atendimentos dos postos”, concluiu.