Dengue cresce no litoral e, apesar de baixa eficácia, fumacê se torna necessário nas cidades
Por Brayan Valêncio
Utilizado por anos como um coringa no combate à proliferação do mosquito Aedes aegypti no litoral paranaense, o fumacê acabou, com o tempo, deixando de ser regra para se transformar em um veneno de último caso, devido às suas propriedades tóxicas.
Considerado de fácil e rápida manipulação, o inseticida, o qual é colocado em um caminhão que circula pelas regiões mais afetadas por mosquitos responsáveis por disseminar a Dengue, Chikungunya e o Zika Vírus, não é perigoso para a saúde humana em pequena dosagem, mas, se houver frequência, pode acarretar em problemas como dor de cabeça, vômitos, diarreias, dificuldade para respirar e até desmaio, segundo o Ministério da Saúde.
José de Abreu, chefe da 1º Regional de Saúde de Paranaguá, que abrange os sete municípios do litoral, considera que o fumacê não é a tática mais inteligente para o período de maior infestação dos mosquitos. “O fumacê não tem indicação para as áreas que nós estamos atuando neste momento, já que ele tem muito baixa eficácia”, diz.
Como é um produto tóxico, a inalação prolongada do inseticida pode causar intoxicação também em animais domésticos. Portanto, é fundamental retirar os pets de áreas externas em um período próximo à nebulização do fumacê, já que o veneno, lançado por agentes de vigilância, tem a capacidade de causar danos graves aos cachorros e gatos e até de matar pássaros. Além disso, nem todos os mosquitos são neutralizados com o inseticida. “O mosquito é 60% resistente ao veneno. Além do que, o fumacê provoca o desequilíbrio ecológico, à medida que mata abelhas e outros insetos que contribuem para o meio ambiente”. explica José de Abreu, que também ressalta que há um outro caminho a se seguir no combate ao Aedes aegypti “A ação mais efetiva é a destruição de criadouros”, completa.
Antonina suspende provisoriamente
Com a intensidade das chuvas dos últimos dias de abril, a Prefeitura de Antonina optou por suspender a aplicação de fumacê no município. Uma nota pública foi divulgada na página oficial da prefeitura, no último dia 27, explicando os motivos que levaram à decisão de interromper a ação municipal. “Devido à incidência de chuvas, a aplicação do fumacê foi interrompida e a ação retornará assim que as condições climáticas permitirem. Enquanto o tempo não melhora, a Secretaria Municipal de Saúde está realizando ações de conscientização e distribuição de panfletos”, diz um pedaço da postagem.
A prefeitura ainda buscou ocupar o espaço na rede social para trazer dicas de enfrentamento ao mosquito. “Uma das maneiras mais eficazes de combate à Dengue é interromper o ciclo de reprodução do mosquito Aedes aegypti, e a participação da comunidade é fundamental neste processo. É muito importante estar atento aos locais que podem acumular água na sua casa. Verifique sempre os vasinhos de plantas e calhas e mantenha reservatórios e caixas d’água sempre bem tampados”, explica a nota assinada pela Secretaria Municipal de Saúde.
Dois dias após a interrupção oficial das atividades, a prefeitura voltou à rede social para dizer que o bairro do Portinho seria o próximo a receber o caminhão do fumacê. “Quando o fumacê chegar ao seu bairro, lembre-se de deixar a casa aberta, isole seus animais em ambientes fechados e mantenha as pessoas que possuem problemas respiratórios em local isolado da residência, por até 30 minutos após a aplicação do inseticida”, explicou a página da prefeitura, que ainda afirma que os trabalhos no bairro continuarão pelos próximos dias.
Dengue em Antonina acelera
O boletim epidemiológico, da última semana, colocou a cidade de Antonina em alerta, já que junto com Paranaguá e Morretes, o município é considerado como situação de epidemia. Só na última semana, foram 41 novos casos confirmados entre os 535 das sete cidades litorâneas. É a primeira vez, no período de análise (de agosto de 2020 até o final de abril), que Antonina entra no mapa marrom de risco de infecção da Secretaria de Estado da Saúde (SESA).
No acumulado, a cidade já soma 148 casos confirmados, ou seja, os dados da última semana representam 27% do total registrado, demonstrando que uma a cada quatro pessoas, que se contaminou desde agosto do ano passado, ficou doente entre os dias 20 e 27 de abril.
A secretaria ainda investiga outras 79 possíveis infecções e alerta para o risco médio de contágio no litoral devido às características climáticas do outono e inverno, principalmente em Pontal, Matinhos, Guaratuba e Paranaguá – cidade com maior incidência de casos.
Um novo informe será divulgado na terça-feira (04), trazendo os primeiros dados do mês de maio.
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