Denunciante recua e retira representação contra vereador Gerson Junior


Por Publicado 01/06/2021 às 08h00 Atualizado 16/02/2024 às 03h58

Por Brayan Valêncio

A ex-assessora que acusou o vereador Dr. Gerson Junior (PL) de assédio sexual e rachadinha, foi à delegacia de Matinhos na tarde desta segunda-feira (31) retirar a representação contra o político.

Segundo o termo de declaração, a jovem voltou atrás nos relatos iniciais porque teria sido “pressionada a registrar o boletim de ocorrência contra a pessoa de Gerson da Silva Junior (…) por um grupo de políticos de Matinhos”, diz o documento assinado pelo escrivão Herivelto Abalem.

Com um novo advogado de defesa e alegando estar sendo “pressionada”, a declarante optou por não revelar nomes de pessoas envolvidas e também informou que seus pais “não tinham conhecimento dos fatos contidos no boletim de ocorrência“, abrindo mão das declarações que narravam a divisão de seu salário com o legislador e de situações em que a estudante teria sido assediada, com olhares “com malícia”, abraços “com outra intenções”, entre outros.

Um segundo documento complementar retificando a retirada das acusações foi assinado pela ex-assessora e pelo advogado Paulo Sergio Guedes, atual responsável pela defesa da jovem. O caso segue sob responsabilidade da delegada Sâmia Cristina Coser.

A reportagem procurou a denunciante, a delegada Sâmia, o advogado Paulo e a ex-advogada Cristiane Ferreira da Maia Cruz, mas não obteve resposta até o fechamento desta matéria

Vereador garante que haverá processos judiciais

Em entrevista ao JB Litoral após a retirada das acusações, o vereador Gerson diz ter sido “pego de surpresa” com a ocorrência original e que conversou com os pais da ex-assessora, que chegaram a ligar e a ir à casa do político para “pedir desculpas e se retratar”. Para o ex-presidente da Câmara, os pais da jovem são pessoas “humildes, que vieram do interior” e que ele considera como “amigos”.

Sobre o boletim de ocorrência aberto no dia 28 de maio, o vereador, que foi reeleito em 2020, diz que “[A denunciante] não tem certas malícias que essa política aqui de Matinhos tem. [Esse caso] é todo de cunho político e ela já foi à delegacia e se retratou perante a delegada”, comenta.

Para Gerson, os “adversários que perderam as eleições” e que foram ajudados por ele durante 12 anos “coagiram e pressionaram” a denunciante a fazer o B.O. O político também ressalta que a advogada Cristiane, que assinou a denúncia inicial, foi procuradora-geral do município na gestão anterior e que tomará todas as medidas cabíveis “e nominal a cada um [dos envolvidos]”. O vereador diz ainda acreditar que a jovem “infelizmente irá sofrer muito com isso” e que ela deve responsabilizar os causadores dessa situação durante o processo judicial que deve ocorrer.

Questionado pela reportagem sobre quem eram os responsáveis por “pressionar” a assessora, o político se restringiu a dizer que o processo está em segredo de justiça e que a delegada Sâmia está cuidando do caso. Sobre a situação da jovem, Gerson afirma que, apesar de retirar a queixa, ela “não ficará em meu gabinete e responderá criminalmente [pelas acusações]”.

Por fazer parte do partido que ficou em segundo lugar na corrida ao executivo municipal em Matinhos, grupo adversário ao do atual prefeito Zé da Ecler (PODEMOS), Gerson afirma que na próxima janela de transferência irá “estudar os partidos que já ofertaram [filiação], como o PSD do atual governador Ratinho Jr”.

Durante a sessão ordinária na Câmara de Vereadores desta segunda (31), o legislador falou por 9 minutos e aproveitou os 4 minutos finais para relatar que a acusação já tinha sido esclarecida. Em sua fala, o político afirma estar “blindado” e que a “justiça divina é severa e não falha”, além de comentar que a denúncia “afetou muito a vida de uma cidadã, que com certeza terá prejuízos e ônus”, completou.

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