DIA DO VINIL: Dr. Maurício Leone fala sobre sua valiosa coleção com mais de 5 mil unidades


Por Redação JB Litoral Publicado 20/04/2018 às 15h19 Atualizado 15/02/2024 às 02h24

Dr. Mauricio Leone é um dos advogados mais conhecidos de Paranaguá, com uma carreira de dar inveja em muitos profissionais da área. E com o título de “doutor” sem qualquer polêmica. Sim! Seu título não é apenas por ser advogado, o filho do saudoso Dr. Maurício Vitor tem doutorado. Com uma base acadêmica daquelas congruentes.

Engana-se quem acha que ele apenas seguiu os caminhos do pai. Ele começou nas ciências exatas, mais precisamente em Engenharia Civil. Somente em 1991 levou em consideração as preferências do pai, e cursou Direito pela PUC-PR, tendo na primeira tentativa a aprovação na OAB. Atua no campo jurídico há aproximadamente 20 anos, nas áreas trabalhista (assessoria sindical), cível, criminal, aduaneiro, com bastante ênfase em Direito Administrativo/Público e Eleitoral, com especializações em todas as áreas.

Mas não é só no meio dos livros e de processos que ele vive. É dono de uma grande raridade nos dias de hoje. Uma coleção com mais de 5 mil discos de vinil, com preciosidades das décadas de 60 e 70. O jornalista Maximilian Santos, da coluna Folha Gente, do JB Litoral, bateu um papo com o advogado, sobre um dos seus maiores hobbies, que é essa coleção que deixou nossa equipe com uma vontade doida de passar horas escutando.

Houve um período também de aquisição coletiva, eu, os amigos Elton Roth, Emir Roth e Everton Roth (E³M – Clube do Disco), montamos um clube de aquisição de Lp’s, que perdurou durante algum tempo (anos 82 a 84), com algumas aquisições coletivas.”

Folha Gente – Você tem uma verdadeira raridade, uma coleção mais de 5 mil discos. Quando foi que começou a coleção?

Maurício Leone – Eu comecei a guardar os Lps’s quando ganhei de presente de aniversário aos 15 anos, ainda na década de 80, do meu Pai, um aparelho de som 3×1 Sharp, com um bom toca discos, marca Garrard.

A partir daí, comecei a comprar, guardar e gravar em fitas k7 (risos) os discos. Houve um período também de aquisição coletiva, eu, os amigos Elton Roth, Emir Roth e Everton Roth (E³M – Clube do Disco), montamos um clube de aquisição de Lp’s, que perdurou durante algum tempo (anos 82 a 84), com algumas aquisições coletivas.

Nesse período, desde o início da década de 80, muitas aquisições, algumas perdas e a pequena coleção foi se formando, crescendo.

A história mudou radicalmente recentemente, quando recebi em doação da Rádio Litoral Sul FM, desde logo agradecendo ao Gerente Ciro Gimenes e ao Proprietário Sérgio Bianco, um acervo de mais de 2,5 mil LP’s que representam hoje a maior parte da coleção.


Folha Gente
 – Qual o estilo musical que você mais gosta? Isso reflete na sua coleção?

Maurício Leone – Gosto muito de Rock, tipo Queen, U2, Pink Floyd, Guns & Roses, Scorpions, Ozzy Ozbourne, Legião Urbana, Titãs, Paralamas, enfim, várias bandas e intérpretes. Tenho dezenas deles.

Aprecio também música romântica, trilhas sonoras de filmes e novelas, etc, também tenho muitos discos.

Mas a coleção, hoje, é composta por todos os gêneros, desde a Música Clássica ao Sertanejo, desde o Rock até MPB, Gauchesca a Lambada, Pop ao Samba, enfim, tem de tudo um pouco, às vezes não tão pouco Max… (gargalhadas).

Ritmos para todos os gostos, sem exceção.


Folha Gente
 – Você sabe qual o disco mais antigo da coleção? Quais você caracteriza como raridades?

Maurício Leone – Os mais antigos são produzidos na década de 70, com artistas que fizeram sucesso desde a década de 60. Não posso lhe precisar data, mas o mais antigo da coleção foi produzido no ano de 1971.

Para mim as raridades são os discos de cantores e bandas que já não mais existem, seja por falecimento, ou por terem sido desfeitas. Exemplos são os Beatles, Elvis Presley, Queen, Legião Urbana, David Bowie…

Há alguns muito valorizados no mercado, por que considerados raridades, mas acho que o maior valor está em curtir, ou seja, escolher o LP, tirar da capa, do plástico, passar a flanela, colocar no toca-discos, e pôr para tocar, com aquele som tão típico de um LP ao rodar…

Folha Gente – Tem algum exemplar autografado? Por quem?

Maurício Leone – Há vários LP’s autografados. Posso citar como exemplo Blitz, Beto Guedes e outros nacionais, de vários gêneros, como Grupo de Música Gaúchesca, Lambada, Sertanejo, Vanerão… (gargalhada).

Folha Gente – Você pensa em vender algum vinil ou parte da coleção?

Maurício Leone – Vender Max, nem pensar. A coleção só vai crescer, e um dia ficar para meus filhos cuidarem, curtirem e manterem a lembrança.

Além disso, com a retomada da produção de discos em vinil, novas aquisições virão, certamente novos aparelhos estarão no mercado, ou seja, razões para aumentar a coleção, encontrar outras pessoas que também gostem do vinil, trocar ideias, quem sabe montar um clube para ouvir, valorizar, trocar e levar adiante essa curtição do vinil.


Folha Gente
 – Existe um movimento entre alguns músicos nacionais e apreciadores de música pela volta freqüente do disco de vinil. Hoje, já estão produzindo novamente de forma especial. Qual a sua opinião sobre isso? Acredita que isso ajudaria na pirataria?

Maurício Leone – A produção em Vinil foi há alguns anos retomada, no Brasil ainda de forma tímida, pontual e para apreciadores, como você coloca, mas está aumentando significativamente, em especial nos Estados Unidos e Japão, a ponto de a gigante do setor, Sony, ter resolvido recentemente voltar a produzir em vinil.

Acho muito interessante, em especial por que estão aplicando novas tecnologias, e descobriram a maior fidelidade e possibilidade de maior qualidade no Vinil, em relação ao CD, o que comprova que nós, apreciadores do Vinil, sabemos há muito tempo: o Vinil produz áudio de qualidade!

Em relação à pirataria, a volta do vinil me parece sim uma alternativa. Mas ainda que diminua a pirataria, não será em razão da retomada do vinil que ela irá acabar. Aí já é uma questão cultural, infelizmente. É preciso que todos se conscientizem dos malefícios da pirataria para que ela acabe de vez.

 

Folha Gente – O trabalho na área jurídica é cansativo e a música é uma ótima forma de espairecer dos problemas do trabalho. Você escuta os discos de vinil com frequência?

Maurício Leone – Com frequência sim. Normalmente, quase diariamente, ao final da jornada de trabalho, sempre que dá tempo.

O relaxamento se dá ao chegar em casa, escolher um disco, ligar o aparelho de som, colocar o LP no toca-discos, vê-lo iniciar a tocar, ouvir, curtir. Em outros momentos, escolher um disco para acompanhar a leitura de um livro a um som agradável. Ou mesmo, ouvir para matar saudade de uma banda, um estilo musical, uma época. Ou, ouvir com a família que também curte, os amigos… enfim, várias formas de curtir.

Com certeza é uma forma de “desestressar”, relaxar, distrair e renovar energias. O exercício da Advocacia é às vezes muito estressante, desgastante, e parar um pouquinho para esse ritual de ouvir um LP, traz um descanso para a mente, renovando as energias, descansando e inspirando.