Diretor Geral do IFPR Paranaguá lamenta que aluno tenha propagado ideias nazistas


Por Publicado 17/11/2021 às 16h44 Atualizado 16/02/2024 às 19h28

O Instituto Federal do Paraná (IFPR), Campus Paranaguá, divulgou uma nota na tarde desta quarta-feira (17) sobre a operação da Polícia Federal (PF) contra um aluno que teria utilizado as redes sociais para propagar ideias nazistas e também racistas.

Em entrevista ao JB Litoral, o diretor geral do campus Paranaguá, Mateus das Neves Gomes, lamentou a situação e afirmou que o estudante era reconhecido por ser um bom aluno e que nunca chegou a direção da instituição qualquer situação de preconceito direcionado a algum aluno ou grupo social. “Ele é um bom aluno. Tinha bons conceitos. Essa denúncia já faz um tempinho e tem todo um caminho a ser percorrido. A gente nunca teve conhecimento de nada [que envolva preconceito]. Tivemos conhecimento a partir dos fatos que deram início a esse processo, mas anteriormente a direção geral não sabia de nada relacionado“, explica.

Para o diretor geral, a denúncia precisa ser apurada e é lamentável que alguém compactue com esse tipo de pensamento em 2021. “Tão logo houve a denúncia da comunidade, a gente procedeu com um trâmite interno abrindo um processo disciplinar. Só que a gente tem limitação. A nossa alçada é no âmbito pedagógico. A partir do momento que envolve questão jurídica, a gente tem auxílio da Procuradoria Federal, que nos orienta nesses casos que envolvem leis e justiça. A partir disso foi recomendado uma denúncia ao Ministério Público (MP). E a partir daí tem o desenrolar do dia de hoje, que a gente não tem muitos detalhes também“, comenta o principal gestor da unidade de Paranaguá.

A própria unidade educacional foi a responsável por iniciar a análise do caso e, após uma série de intervenções, levou as denúncias aos órgãos de investigação. “A gente instala o processo, ouve a família, orienta e entende a situação. Na grande maioria dos casos, as coisas se resolvem nesse âmbito pedagógico, o que não ocorreu nesse caso. Era uma situação bastante complexa e aí, nesses casos a gente encaminha para os órgãos competente“, explica o diretor geral.

DESCOBERTA DO CASO FOI GRANDE “CHATEAÇÃO”

Mateus das Neves Gomes diz que foi uma situação complexa e triste, mas que o IFPR-Paranaguá fez todo o possível para resolver a situação. “Ficamos bem chateados, somos uma instituição que trabalha com os mais amplos valores morais e sociais. Nos depararmos com uma situação dessa nos faz repensar uma série de ações. Isso nós mostra que temos muito a fazer na área da educação para que esse tipo de ação não se repita. E principalmente, as pessoas precisam entender que, por mais que seja mais fácil se comunicar, a internet não é uma terra sem lei. Todos precisam saber disso“, diz.

A situação ainda demonstrou que temas como inclusão e respeito devem ser, cada vez mais, assunto educacional, para evitar que novos casos de desrespeito e apoio à violência ocorram. “A gente já trabalha com frequência essas temáticas [de respeito, igualdade e diversidade] e a partir de agora vamos intensificar mais ainda“, conclui o diretor Mateus.

Confira a nota da instituição divulgada sobre o caso:

A comunidade do #IFPR recebe com repulsa e tristeza a notícia de que um de seus estudantes está sendo investigado pela Polícia Federal por apologia a atos e ideais nazistas. Um mandado de busca e apreensão na casa do jovem foi cumprido pela Policia Federal nesta quarta-feira (17), em Paranaguá.
A Lei antirracismo (Lei 7.716, de 5 de janeiro de 1989) tipifica como crime “fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo”.
Informamos que, no âmbito do IFPR, a situação específica deste estudante já estava sendo tratada em um processo disciplinar no Campus Paranaguá e que o caso continuará sendo analisado nas instâncias institucionais apropriadas, no tempo adequado, e com respeito à ampla defesa, como deve ocorrer no Estado Democrático de Direito.
De qualquer forma, não podemos deixar de pontuar que a Democracia; a Diversidade Humana e Cultural e a Valorização das Pessoas são valores inegociáveis do IFPR e que a defesa de discursos nazifascistas, que tanto mal já causaram à humanidade, é inadmissível e jamais encontrará espaço em nossa instituição
.”