Do Outubro Rosa ao Novembro Azul, a cor muda, mas a prevenção não


Por Flávia Barros Publicado 06/11/2022 às 20h04 Atualizado 17/02/2024 às 20h54
NOVEMBRO AZUL

O câncer de mama é o mais comum entre as mulheres no Brasil. Das que têm esse tipo da doença, 16,3% morreram, de 2016 a 2020, segundo dados mais recentes do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Já nos homens, o câncer de próstata é a forma mais comum e causou, no mesmo período, a morte de 28,6% da população masculina que desenvolveu neoplasias malignas. Isso significa que um homem morre a cada 38 minutos devido ao câncer de próstata no País. Os números são alarmantes e demonstram que não é apenas o tabu do toque retal – somente um dos exames preventivos – que mata tantos homens, mas sim a ignorância, a ausência do autocuidado, da ida anual ao médico, da atenção básica com a saúde.


CAMPANHA


Para mudar esse cenário, foi criada a campanha Novembro Azul, que, a exemplo do Outubro Rosa – voltado ao câncer de mama e colo de útero nas mulheres –tem como objetivo convocar os homens a irem às unidades de saúde realizarem os exames que podem detectar o câncer de próstata. Para chamar a atenção da população, as prefeituras da região começaram, na última semana, suas campanhas com publicações nas redes sociais e ações nas redes municipais de saúde. Paranaguá lançou o mote “o mês mudou, a prevenção continua” fazendo a transição do rosa para o azul.

Já Matinhos promoverá palestras e mutirão de exames. Em 18 de novembro acontecerá uma palestra no Paço Municipal, para também fazer o ‘dever de casa’ com a conscientização dos servidores municipais. No dia 21 de novembro ocorrerá o “DIA D” de prevenção ao câncer de próstata, com exames e atividades específicas à saúde do homem em todas as Unidades Básicas de Saúde do Município, cujo cronograma será divulgado nos próximos dias.

E Guaratuba também realizou a divulgação de informações em suas redes sociais, reforçando os locais de atendimento; alertando para os sintomas do câncer de próstata e a importância dos homens a partir dos 40 anos procurarem os serviços de saúde. De acordo com o informado pela assessoria de comunicação ao JB Litoral, também haverá programação especial nas UBSs, a ser divulgada em breve.


PRÓSTATA X CÂNCER


A próstata é uma glândula do sistema reprodutor masculino, que pesa cerca de 20 gramas, e se assemelha a uma castanha. Ela fica abaixo da bexiga e sua principal função, juntamente com as vesículas seminais, é produzir o esperma. Devido à localização da glândula, um dos exames específicos recomendado aos homens acima dos 45 anos é o toque retal. Exame esse que precisa ser encarado com naturalidade, tal qual às mulheres realizam anualmente o Papanicolau, indispensável para a prevenção e detecção do câncer de colo de útero.

O exame de toque é fundamental pois, na fase inicial, o câncer de próstata não apresenta sintomas e quando alguns sinais começam a aparecer, cerca de 95% dos tumores já estão em fase avançada, dificultando a cura. Em uma fase inicial, o exame detecta o tamanho anormal da glândula. Já no estágio avançado da doença, os sintomas são dor óssea; dores ao urinar; vontade de urinar com frequência; presença de sangue na urina e/ou no sêmen.

São considerados fatores de risco histórico familiar de câncer de próstata em parentes como pai, irmão e tio. E, além da obesidade, homens negros sofrem maior incidência deste tipo de câncer.


PREVENÇÃO E TRATAMENTO


A única forma de garantir a cura do câncer de próstata é o diagnóstico precoce. Alguns exames podem diagnosticar a doença, a exemplo do exame de sangue que avalia o hormônio PSA, em que valores considerados acima do normal indicam inflamação da próstata ou câncer; exame de toque retal, que é feito por médicos urologistas ou proctologistas e não dura mais do que um minuto; ultrassom transretal e por via abdominal; e medição do jato de urina.

A indicação da melhor forma de tratamento vai depender de vários aspectos, como estado de saúde atual, estágio da doença e expectativa de vida. Os principais tratamentos são a cirurgia de retirada da próstata; a radioterapia; e métodos ablativos, ou, até mesmo, o acompanhamento do tumor, que é chamado de vigilância ativa.