Educação ambiental rural resgata interesse dos jovens pela Agrofloresta em Antonina


Por Redação JB Litoral Publicado 21/05/2016 às 18h51 Atualizado 14/02/2024 às 13h22

A sedução natural pela vida nos grandes centros urbanos, despertada pelos meios de comunicação e forte apelo das redes sociais, vem provocando, ao longo dos anos, a redução da participação dos jovens na população rural e comprometendo, assim, a transferência de conhecimentos sobre a agricultura para as novas gerações na última década.

Aliado a isso, o fato das crianças que vivem na zona rural estudarem em escolas, cujo projeto pedagógico ignora a realidade rural e, sobretudo, a sua participação na produção de alimentos orgânicos, tem contribuído para que as mesmas cresçam com o desejo de mudarem para as metrópoles. Isto se deve a falta de uma identidade que permita com que elas se identifiquem com o solo, a agricultura, enfim à vida rural. Com isso, a população infantil da zona rural, que possui conhecimentos empíricos riquíssimos sobre sua realidade, não é absorvida pela escola.

O Projeto Rapp’s – Recuperação de Áreas de Preservação Permanentes – preocupado com esta situação, tem como um dos objetivos prorrogar o envelhecimento rural por meio da capacitação de crianças e jovens nos fundamentos da agroecologia, com ênfase na produção agrícola em Sistemas Agroflorestais em escola rural.

A ADEMADAN – Associação de Defesa do Meio Ambiente e do Desenvolvimento de Antonina – submeteu o projeto na seleção pública do programa Petrobras Ambiental de 2010 e, desde então, é patrocinado pela Petrobras, na atualidade isto acontece por meio do Programa Socioambiental. As atividades são realizadas na Escola Municipal Rural Olimpia Breyer, localizada no Bairro Cachoeira, em Antonina, por meio de mutirões onde participam a equipe técnica do projeto, parceiros, estudantes e professores da escola, que conta com 200 estudantes da pré escola à 5ª série.

A Coordenadora do Projeto RAPPs, Dra. Eliane Beê Boldrini, explica que: “como a escola tem espaço para todas estas atividades iniciamos instalando os viveiros, construídos com bambus, material abundante na região e de fácil manejo”.

Vantagens do Projeto e frequência às aulas

Entre as vantagens do Projeto RAPPs vale destacar as diversas atividades educativas dos estudantes e a motivação da frequência nas aulas. Eles foram orientados para trazerem sementes de espécies florestais e agrícolas, quando aprenderam sobre germinação e produção de mudas florestais, com atividades semanais envolvendo todas as turmas.

A Bióloga com Mestrado em Solos pela UFPR e integrante da equipe de Educação Ambiental da ADEMADAN, Leosimara Sutil, explica que, no início, o solo de aterro, pobre em nutrientes, foi preparado com enxada rotativa e encanteirado, a fim de realizar a drenagem, uma vez que era muito úmido. Os estudantes fizeram o plantio da adubação verde com crotalária, uma leguminosa que está sendo utilizada para combater o mosquito Aedes Aegypit, “utilizamos esta espécie como adubação verde para descompactar, nitrogenar e oferecer matéria orgânica para o solo, a fim de realizar os plantios”, explica Leocimara.  Da mesma forma, o Projeto despertou o interesse destes estudantes no Projeto de Educação Rural e tem exercido influências nos pais. Eles levam para casa os produtos agrícolas produzidos na escola para enriquecer a alimentação, além de mudas para serem plantadas. Assim como, influenciam a dieta escolar, uma vez que colhem os produtos dos SAFs – Sistemas Agroflorestais – podendo ser utilizados na merenda escolar.

O projeto se tornou uma referência de Educação Ambiental Rural e atrai, todo ano, a visita de estudantes e professores de escolas do litoral, de Curitiba e até da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. As aulas de campo são orientadas pela equipe do Projeto RAPPs, que também recebeu a visita de uma missão internacional do Vietnã, patrocinada pelos governos da Austrália e da Alemanha por meio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).