Em Paranaguá, Carnaval de 2023 não terá o tradicional desfile das escolas de samba
A Prefeitura de Paranaguá informou, na sexta-feira (25), que o tradicional desfile das escolas de samba não acontecerá durante o Carnaval 2023. A cidade já não realiza o evento desde 2021, devido à pandemia de coronavírus.
De acordo com a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secultur), não existe mais tempo hábil para celebrar convênios de repasse às agremiações. Ao JB Litoral, a secretária da pasta, Maria Plahtyn, explica que o prazo para regularização das cinco escolas de samba que anualmente realizam o desfile se encerrou no último dia 10.
“Desde 2019 explicamos para as escolas de samba que seria necessário a formalização de todas, e que elas precisariam estar com todas as documentações em ordem para que estivessem aptas a receber o recurso que é repassado pela Prefeitura através de convênio. Isso foi uma determinação do Tribunal de Contas do Estado do Paraná”, diz.
Ainda em 2019, a Prefeitura realizou o último repasse à Associação das Escolas de Samba de Paranaguá (AESP), responsável pela organização do Carnaval. Era a associação que fazia o repasse para as cinco escolas. No entanto, o TCE-PR considerou irregular tal prática.
Sendo assim, a Secultur passou a orientar as escolas a respeito da necessidade da regularização das agremiações. “Com a pandemia, nossa ideia era retornar o Carnaval em 2023; a Prefeitura já tinha se preparado, realizou licitação da estrutura já prevendo o evento etc. Nós previmos que o Carnaval aconteceria como sempre, com os desfiles das escolas”, comenta Maria.
Falta de regularização das escolas tornou o desfile inviável
No começo deste ano, a secretária se reuniu com as escolas; ela conta que a intenção era de que em agosto já fosse realizado o primeiro repasse. No entanto, na data combinada ainda não havia a regularidade das agremiações. Por isso, o prazo foi prorrogado para novembro, ocasião em que haveria o repasse único.
“O maior prazo era para que eles tivessem mais tempo hábil para as execuções das documentações, porém, tivemos o feedback da AESP de que apenas duas escolas estavam regularizadas e aptas para receberem os recursos via convênio”, informa.
Segundo Maria Plahtyn, a Prefeitura não consegue mais aguardar pela regularização da documentação devido à falta de tempo hábil. Os documentos necessários seriam desde o reconhecimento de utilidade pública até certidões básicas para a possibilidade de convênio com o poder municipal. Desta forma, a secretaria definiu que seria inviável realizar o desfile das escolas de samba em 2023.
O presidente da AESP e da Escola de Samba Filhos da Gaviões, Claudio Apiacas, ainda não ‘digeriu’ a informação. “Estamos muito chateados, revoltados. A gente pensava que em 2023 poderia voltar a todo vapor, e mais uma vez o desfile foi cancelado. Isso nos magoa muito, principalmente a gente, que está sempre à frente dessa parte do Carnaval e gosta disso, é um dos patrimônios da nossa cidade. Ficar mais um ano sem Carnaval é muito doloroso para nós”, desabafa ao JB Litoral.
Agremiações foram comunicadas
Ele também afirma que a documentação da AESP está “rigorosamente em dia com todos os órgãos públicos”. E faz questão de esclarecer que todas as agremiações foram comunicadas, ainda em 2019, sobre a necessidade de adequação às novas exigências da controladoria do Município. “Mas infelizmente isso não aconteceu”, lamenta.
Cláudio comenta que está muito decepcionado e triste. “Gosto muito dessa expressão cultural que é o Carnaval, principalmente sabendo que seria um recomeço de uma festa que faz parte da nossa cidade e reconhecida como um dos melhores carnavais do Paraná”, conclui.
A secretária de Cultura e Turismo também revela que está ‘consternada’ por não ter atingido o objetivo de retomar o Carnaval em 2023 com toda força e beleza. “A própria AESP está com as documentações em dia, mas isso não se refletiu nas escolas, então, realizar o desfile tornou-se inviável. Mas estamos revendo as possibilidades da programação do Carnaval para que, de alguma forma, a gente possa realiza-lo contemplando, pelo menos, as duas escolas que se regularizaram”, comenta.
Apesar da falta do desfile, o tradicional Banho de Mar à Fantasia já está confirmado para o dia 12 de fevereiro do ano que vem, no domingo que antecede o Carnaval. O edital para as inscrições dos blocos interessados deve ser publicado em janeiro.
“Estamos estudando as possibilidades para manter a tradição do Carnaval, com um evento bonito. A Secultur entende a necessidade da manutenção da cultura do Carnaval, o apelo que isso tem na comunidade e para os turistas; sabemos que Paranaguá não pode ficar sem o Carnaval”, conclui Maria Plahtyn.
