Entrevista Exclusiva – Ágatha Bednarczuk Rippel, campeã mundial traz o ouro para Paranaguá


Por Redação JB Litoral Publicado 18/07/2015 às 06h00 Atualizado 14/02/2024 às 08h46

Dois anos depois de orgulhar a cidade de Paranaguá com a medalha de prata do Grand Slam de Corrientes, na Argentina, uma das etapas do circuito mundial de vôlei de praia, desta vez, a parnanguara de coração, Ágatha Bednarczuk Rippel, trouxe para a terra de Fernando Amaro a medalha de ouro, sagrando-se campeã mundial em Haia, na Holanda, ao lado de sua parceira de dupla, Barbara Seixas. Coincidentemente, a ex-parceira na conquista da prata, Maria Elisa, jogando ao lado de Juliana, foi bronze na mesma competição.

Com uma vida dedicada ao vôlei de quadra e, profissionalmente, de praia, Ágatha fez a cidade de Paranaguá parar em sua torcida no dia 4 deste mês, com um desempenho perfeito nas areias de Haia.
Feliz e realizada por este título que pode lhe garantir o passaporte para as Olímpiadas Rio 2016, Ágatha concedeu entrevista ao JB falando com exclusividade sobre esta importante e histórica conquista para sua vida, para cidade, o Paranaguá e Brasil.

JB – Como foi o trajeto de você e Bárbara até o título de campeãs mundial na Holanda?

Ágatha – O trajeto foi longo. Na verdade, um título como este dificilmente se constrói da noite para o dia. Eu e Bárbara formamos nossa dupla há quatro anos atrás e desde então, estamos galgando passo a passo nosso espaço neste meio tão concorrido que é o esporte. Ano a ano a gente vem crescendo como time e como pessoa. Temos uma equipe fantástica, totalmente conectada com a busca da melhor performance e eu e Babi temos uma química maravilhosa dentro e fora das quadras. Então se pode dizer que este título veio coroar anos de trabalho e muita dedicação de todos os envolvidos.

JB – E qual era a sua expectativa antes do Mundial?

Ágatha – Zero expectativa. Sabíamos que o torneio era muito importante, mas também sabíamos que era um torneio longo, que teríamos que ter paciência, que os jogos seriam difíceis, e que dependíamos muito do nosso foco do dia a dia, para termos bons resultados. Falo isso porque os jogos eram quase todos noturnos, então passávamos o dia inteiro esperando para jogarmos. O torneio também teve mais jogos que o habitual, eram 48 times jogando em quatro cidades diferentes da Holanda. Então, preferimos focar no dia após dia para não nos desgastarmos mentalmente.

JB – Houve um treinamento diferenciado para a disputa?
Ágatha – Na verdade o nosso treinamento foi focado desde o início do ano para o Circuito Mundial. Em janeiro começamos nossa preparação pensando neste período que estamos vivendo agora. Nosso foco desde o início sempre foi e continuará sendo a conquista de uma das vagas olímpicas. Infelizmente a Copa do Mundo foi retirada da contagem oficial das etapas, que serão somadas na pontuação final para decisão das duplas que representarão o Brasil nas Olimpíadas. Brigamos para que isso fosse revertido antes do circuito mundial começar, mas a decisão foi da confederação. Uma pena, pois tiraram da soma o torneio mais importante que existe logo depois das Olimpíadas, que é esta Copa do Mundo que acontece apenas de dois em dois anos.

JB – Como ficou a emoção e a adrenalina numa final de poucos brasileiros?

Ágatha – A emoção é enorme e realmente difícil de descrever. Na hora que a gente entra para jogar o foco é totalmente o jogo que está para acontecer. A adrenalina é alta e uma delícia de sentir. Todo atleta sonha com a final e na hora que acontece é a hora de aproveitar.

JB – Qual foi seu primeiro pensamento na hora do lance que sacramentou o título?

Ágatha – Pensamento? Zero pensamento (risos). Nesta hora só deu vontade de gritar, sair correndo, pular, abraçar a minha parceira e a minha equipe. Nesta hora do apito final não vêm pensamentos, vêm sensações de dever cumprido, de realização, de alegria. Eu poderia dizer que é um momento de explosão de sentimentos bons.

JB – Você foi eleita a melhor do Mundial, o que isso te representou?

Ágatha – Representa um misto de coisas. Primeira coisa é que ninguém chega a nenhum lugar sozinho. Para ser considerada a melhor jogadora de um torneio como este, é porque toda a minha equipe e principalmente minha parceira são merecedores deste prêmio. E segundo, uma linda vitória pessoal. Minha história de vida é de muita dedicação e amor pelo que faço e eu sou muito orgulhosa dela.

JB – Como fica agora a possiblidade de estar nas Olímpiadas Rio 2016?
Ágatha – Ainda estamos no meio desta aventura. Temos as mesmas chances que os outros quatro times que estão na disputa. Esta corrida vai até o dia 6 de setembro deste ano. Então celebrar este título que conquistamos foi maravilhoso, mas o nosso foco principal continua sendo: Representar nosso país nas Olimpíadas em 2016! E se Papai do Céu achar que somos merecedoras desta vaga (porque vontade não falta da nossa parte), aí sim, focar na conquista da medalha. Um passo de cada vez!

JB – Qual recado que você manda para os jovens do seu projeto e para todos os parnanguaras que torceram por você?

Ágatha – Meus queridos parnanguaras e meus alunos queridos do projeto: eu estou longe, mas tenho acompanhado a manifestação de carinho e força que vocês têm me enviado. Eu e toda a minha equipe estamos trabalhando muito duro por aqui. Nossa caminhada é longa e toda esta energia é muito gostosa de receber neste processo. Queremos muito estar no Rio de Janeiro em 2016, mas ainda tem muita água para rolar. É um orgulho para nós representarmos nosso país e para mim, pessoalmente, nosso Paraná e nossa Paranaguá. Continuamos na nossa luta aqui e continuem mandando toda a vibe positiva, porque podem ter certeza que faz muita diferença!