Ilha do Mel é considerada a primeira ilha inclusiva do Brasil


Por Flávia Barros Publicado 02/04/2023 às 18h51 Atualizado 18/02/2024 às 08h16

Foi um processo com muitas frentes e união, coroado nesse final de semana, em que 48 estabelecimentos da Ilha do Mel receberam o selo que as reconhece como “Empresa Amiga da Pessoa Autista”. Esses estabelecimentos participaram de cursos, mentorias e adaptações necessárias para acolher, adequadamente, pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). O projeto foi executado pela Associação Brasileira das Ilhas Turísticas (Abitur), Organização Neurodiversa pelos Direitos dos Autistas (Onda), Instituto Ico Project, com apoio do Governo do Paraná, por meio das secretarias do Desenvolvimento Social e Família, Turismo, e também da Prefeitura de Paranaguá.

O NASCIMENTO DA IDEIA


Relativamente recente, o conhecimento mais aprofundado sobre o TEA tem proporcionado mais qualidade de vida as pessoas autistas e suas famílias. Porém, a popularização do atendimento a essas necessidades ainda é uma realidade distante. E foi em busca de acolher e receber adequadamente essa população que surgiu, a partir de uma experiência pessoal, o projeto de tornar a Ilha do Mel a primeira ilha turística inclusiva do Brasil. A idealizadora do projeto é a turismóloga Dayanny Feitosa que, em 2019, fazia mestrado em Turismo, na Universidade Federal do Paraná, quando o diagnóstico de TEA do filho, então com dois anos de idade, mudou o rumo da sua pesquisa.

Meu orientador sugeriu aliar o tema da minha pesquisa àquele momento pessoal que eu estava vivendo. Vi que a pesquisa sobre a adaptação da oferta turística para pessoas com autismo estava muito avançada na Europa, na América do Norte, mas aqui no Brasil ainda era muito incipiente, então aceitei o desafio“, contou Dayanny ao JB Litoral.

Mas, de lá, até fazer a pesquisa se tornar ação na Ilha do Mel, a acadêmica contou com a parceria de várias pessoas, entre elas, o presidente da Abitur, Rafael Guttierres Junior, que escolheu o local para fazer um projeto piloto. “Os empresários e trabalhadores da ilha se mostraram muito interessados e participativos durante os treinamentos, o que demonstra que a aplicação na prática deverá ser um sucesso”, disse o presidente da Abitur.

Em evento deste domingo, 48 selos foram entregues aos estabelecimentos que concluíram a primeira fase do projeto. Foto: SEDEF

EXPECTATIVA E ETAPAS


De acordo com levantamentos realizados por publicações especializadas, o aumento da demanda pode chegar a 60% após a divulgação de um destino turístico adaptado para receber pessoas com TEA.

O projeto está dividido em duas fases: na primeira, concluída no mês passado, ocorreu a capacitação dos empreendimentos turísticos da ilha, envolvendo proprietários e funcionários de pousadas, restaurantes, mercados e barqueiros.

Nesse domingo (2), Dia Mundial do Autismo, houve o evento oficial de entrega do título de 1ª Ilha Turística Adaptada ao Autista no Brasil – e do selo de “Empresa Amiga da Pessoa Autista” aos estabelecimentos credenciados. E, no mês que vem, começa a segunda fase; de acompanhamento e suporte, que vai até abril de 2024.

Precisamos pensar globalmente, em todas as pessoas, deixar a era de exclusão para trás. Ações como essa mostram que, com atitudes simples, conseguimos incluir todos para que tenham momentos de lazer, descanso e que possam sempre voltar. Estudos comprovam que as famílias que tenham pessoas com espectro autista retornam muitas vezes ao local quando ele é adaptado, ou seja, a demanda da ilha pode aumentar consideravelmente com a implantação deste projeto”, ressaltou o secretário do Desenvolvimento Social e Família, Rogério Carboni.