Nurce prende quadrilha acusada de comércio clandestino de ouro


Por Redação JB Litoral Publicado 09/10/2015 às 05h00 Atualizado 14/02/2024 às 10h17

Sete pessoas de uma quadrilha especializada em comércio clandestino de ouro foram presas na manhã de quinta-feira, 8, por policiais do Nurce (Núcleo de Repressão aos Crimes Econômicos), da Polícia Civil do Paraná. A ação policial foi batizada como “Comendador”. Foram cumpridos 40 mandados judiciais, sendo sete de prisão e 33 de busca e apreensão. A operação aconteceu em Curitiba e na cidade de Paranaguá.

De acordo com informações do site da Polícia Civil do Paraná, na casa dos ourives e em joalherias, os policiais apreenderam centenas de jóias, pouco mais de R$ 30 mil em espécie, um revólver calibre 32, munições de calibre 380, cilindro de gás e demais equipamentos usados para derreter ouro. A polícia estima que foi apreendido mais de R$ 1 milhão em jóias. Entre os objetos recolhidos pelo Nurce estão dois relógios da marca Rolex avaliados em mais de R$ 40 mil cada um.[tabelas]
O delegado que coordena o Nurce, Renato Basto Figueroa, explica como a quadrilha agia.“

O ‘modus operandi’ era simples. Eles adquiriam as jóias e imediatamente as derretiam para que o ouro não pudesse ser rastreado e posteriormente revendiam para diversos outros estabelecimentos”, diz.“Durante a investigação os policiais identificaram uma negociação de um dente de ouro entre um dos presos com um rapaz que trabalha no cemitério. Os alvos desta operação são investigados pelos crimes de associação criminosa, receptação, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro.

As jóias adquiridas pelos investigados eram derretidas e transformadas em peças que eram revendidas para grandes joalherias do Paraná. O delegado do Nurce, Vitor Loureiro, afirma que todas as joalherias investigadas mantinham, através de funcionários, algum tipo de contato e comprava jóias com os ourives presos na operação Comendador.
“Tivemos a comprovação de que essas lojas adquiriam ouro desses ourives, se valendo a esse preço injusto e desse mercado ilegal para depois revender”, comentou o delegado citando que o preço do ouro vendido pelos ourives detidos era muito abaixo do preço do mercado. “A Caixa Econômica Federal comercializa o grama do ouro a R$ 140 o grama enquanto que esta quadrilha vendia a R$ 70”. Os donos das joalherias investigadas terão de comprovar a origem das jóias apreendidas durante a operação.

A polícia não descarta que a quadrilha receptava objetos roubados. “Eles planfletavam nas ruas anunciando que compravam ouro de terceiros e também há suspeitas de que eles adquiriam ouro sem qualquer critério, até mesmo produtos de furto e roubo. A transformação era rápida para não deixar pista do que eles estavam fazendo. O que a gente conseguiu comprovar é que eles movimentavam 2 quilos de ouro por mês o que significa até R$ 400 mil”, completou Loureiro.

INÍCIO DA INVESTIGAÇÃO

A operação Comendador se iniciou há quatro meses após uma comunicação da Associação dos Joalheiros e Relojoeiros do Estado do Paraná de indícios de comércio clandestino de ouro, principalmente em Curitiba. “Nós sabíamos que esse tipo de comércio ilegal iria acabar de alguma maneira, em mãos de pessoas que exercem o comércio informal, comprando e vendendo a nossa matéria prima como o preço inferior ao valor de mercado, então isso gera uma concorrência desleal. Através de um trabalho brilhante feito pela Polícia Civil do Paraná se chegou ao denominador que nós chegamos hoje, mostrando que isso tem que acabar. Nós temos que agradecer muito ao Nurce e a Polícia Civil”, disse Tufy Karam Geara, que preside a associação. “Dá um alívio não só a população, mas como aos joalheiros honestos que operam no mercado”.

PARCERIA COM A SOCIEDADE

O Secretário da Segurança Pública, Wagner Mesquita ressaltou a importância do diálogo das Polícias Militar e Civil com a sociedade. “É importante a polícia estar próxima da sociedade.Esta operação é um exemplo. Recebemos representantes da associação que vieram com esta preocupação. Rapidamente o Nurce começou a investigar e hoje apresenta o resultado com a prisão desta quadrilha”, disse Mesquita.
Participam da operação policiais do Nurce, Cope (Centro de operações policias especiais), do Tigre (Tático Integrado de Grupos de Repressão Especial), da Divisão de Homicídios e do Nuciber (Núcleo de Crimes Cibernéticos).
A operação foi batizada como Comendador em referência ao apelido de um personagem de uma novela que comercializava metais preciosos.

OS PRESOS

Foram presos na operação Comendador Laudecir Brandemburg, 50 anos, Fábio Luiz Brandemburg, 22 anos, Fabiano Brandemburg, 29 anos, José dos Santos, 41 anos, José Jenilton Silva dos Santos, 24 anos, Paulo da Conceição Costa, 32 anos e Luiz Antônio Azevedo Dias, 56 anos.