Pacientes com câncer: confira passo a passo de como conseguir tratamento no Litoral


Por Luiza Rampelotti Publicado 04/02/2022 às 13h44 Atualizado 17/02/2024 às 01h10
Unidade Avançada do Erasto Gaertner funciona há dois anos, em Paranaguá. Foto: Maisy Pires/JB Litoral

Há dois anos, Paranaguá e todo o Litoral do Paraná recebeu um grande presente para aqueles que estão enfrentando a batalha contra o câncer: uma Unidade Avançada do Hospital Erasto Gaertner, referência no tratamento da doença, que tem sede em Curitiba.

Com a chegada da Unidade ao município, muitos moradores do litoral diagnosticados com câncer, que antes precisavam se deslocar mais de 100 quilômetros até a sede do hospital para realizar o tratamento, agora podem ter mais conforto e facilidade neste momento difícil.

“A Unidade foi muito importante para a população da região, porque facilitou, já que os pacientes agora conseguem realizar muitos procedimentos e exames básicos na cidade, evitando essa viagem cansativa, pois já são pacientes frágeis e debilitados”, diz a oncologista do Hospital Erasto Gaertner, Dra. Andressa Shuta Ribas.

Ela conta que, nestes dois primeiros anos de funcionamento, a Unidade Avançada Marcos Vinícius dos Santos Costa já realizou cerca de 20.600 procedimentos, sendo, aproximadamente, 2.300 infusões (quimioterapias). Atualmente, 160 pacientes do litoral estão em tratamento no centro.

“A gente observa um aumento no número de atendimentos ano a ano. No primeiro ano, em 2020, a Unidade realizou, em média, 645 atendimentos por mês e, em 2021, saltou para 1.190”, conta a médica.

Tipos de câncer mais comuns no Litoral

Os tipos de câncer mais comuns, tratados pela Unidade do Hospital, em Paranaguá, seguem a tendência nacional, com câncer de mama disparadamente em primeiro lugar, seguido pelo câncer de intestino (colorretal), de próstata e no estômago (gástrico).

Outra observação realizada pela Dra. Andressa é de que os pacientes do litoral já chegam ao tratamento com um quadro avançado da doença. “É uma peculiaridade da Unidade de Paranaguá – os pacientes já chegam para nós com um quadro mais avançado de câncer. A impressão é que eles demoram mais tempo para procurar atendimento do que o normal”, comenta.

Para garantir o controle da doença e maiores chances de cura, o diagnóstico precoce é fundamental. “Por isso, é necessário conscientizar a população do litoral de que, se notou algo errado, alguma alteração, perda de peso sem motivo, alguma outra queixa, deve procurar um médico na Unidade Básica de Saúde para que ele encaminhe para a Unidade Avançada do Erasto. O quanto antes a doença for identificada, podemos instituir o melhor tratamento para o paciente, que terá melhores taxas de resposta de controle e até de cura”, destaca a médica.

Como conseguir atendimento?
Dra. Andressa Shuta Ribas, oncologista do Hospital Erasto Gaertner. Foto: Hospital Erasto Gaertner

Para o atendimento na Unidade Avançada é necessário, primeiramente, um encaminhamento médico via Unidade Básica de Saúde, que fará o direcionamento à secretaria municipal de Saúde que, então, redirecionará o paciente para o Erasto.

Com o encaminhamento em mãos, ao chegar no centro, o paciente passa por uma consulta médica para que seja avaliado se o caso é, realmente, de suspeita oncológica. Caso seja, ele será direcionado para a equipe correta, que pode ser cirúrgica, oncológica ou clínica.

“Se for necessário a realização de exames avançados, como tomografia, o paciente é encaminhado para a unidade de Curitiba. Mas, se forem exames simples, como de sangue, ele faz na própria seção de Paranaguá, onde também fará as aplicações de quimioterapia e as consultas”, explica Dra. Andressa.

A Unidade Avançada conta com duas médicas oncologistas: a Dra. Andressa, que atende todas as sextas-feiras, e a Dra. Angela Dasenbrock, que atende todas as terças e quartas-feiras. Além disso, possui, ainda, equipe de nutrição e de enfermagem. O médico que realiza a avaliação dos pacientes em primeira consulta é o Dr. Romilton do Rosário, que atende as segundas-feiras.

Direitos da pessoa com câncer em Paranaguá

Além da Unidade do Erasto Gaertner, Paranaguá também conta com leis que garantem um tratamento diferenciado aos portadores de câncer. A Lei 3.956, de 2020, dispõe sobre a divulgação dos direitos da pessoa com câncer no município. Nesta reportagem, você pode conferir todos eles.

Além disso, a Lei 2.728, de 2006, também garante a gratuidade de transporte coletivo urbano municipal aos doentes crônicos e, ainda, a Lei 3.862, de 2019, regulamenta a concessão do auxílio para Tratamento Fora de Domicílio (TFD) na cidade.

A cidade também conta com locais de apoio emocional às pessoas com câncer, como o Instituto Peito Aberto e a Rede Feminina de Combate ao Câncer.

Instituto Peito Aberto

O Instituto Peito Aberto atua desde 2015 como um lugar de acolhimento para mulheres que receberam o diagnóstico de câncer, especialmente de mama. Além de apoio emocional, as pacientes também recebem auxílio de profissionais da saúde como fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas e dentistas, entre outros. São vários profissionais voluntários que dão suporte à paciente em tratamento e, o melhor, de forma gratuita. 

Com uma atuação mais reduzida em 2021, por conta da pandemia de coronavírus, o Instituto retorna às atividades na próxima segunda-feira (07), com horário de funcionamento das 14h às 16h30, de segunda a quinta-feira. “Todos os projetos do Instituto serão retomados esse ano, inclusive, a oficina de perucas, que esteve parada em 2021 devido a algumas de nossas voluntárias precisarem de isolamento”, conta a diretora, Fabiana Parro.

O “Projeto Saúde” também retorna neste ano. O objetivo é incentivar as pacientes a colocarem em sua rotina diária a prática de atividade física como forma de prevenção às recidivas da doença. “Entre as atividades oferecidas e coordenadas por voluntários estão: caminhadas, pilates, fisioterapia, funcional, musculação (na academia OCS) e estaremos implantando, junto à Parana Hoe, uma remada semanal gratuita para as pacientes já liberadas para tal esporte”, afirma Fabiana.

Outro projeto importante que voltara às atividades em 2022 é a “Roda de Conversa” acompanhada de uma psicóloga. Nesses encontros, as mulheres promovem a troca de experiência entre pacientes e orientações importantes para que esse momento tão difícil se torne um pouco mais leve.

“Nossos projetos são direcionados às pacientes com câncer de mama, porém, realizamos doações de perucas que estão disponíveis para qualquer paciente que deseje, independentemente do tipo de câncer que esteja enfrentando. Para entrar em contato conosco, é possível nos encontrar nas redes sociais ou ligar para o telefone 3423-0649”, destaca a diretora.

  • Instituto Peito Aberto atende mulheres com câncer desde 2015. Foto: Instituto Peito Aberto
  • Instituto Peito Aberto atende mulheres com câncer desde 2015. Foto: Instituto Peito Aberto
  • Instituto Peito Aberto atende mulheres com câncer desde 2015. Foto: Instituto Peito Aberto
Rede Feminina de Combate ao Câncer

O município também conta com a atuação da Rede Feminina de Combate ao Câncer de Paranaguá que, desde 1966, busca dar assistência aos pacientes com câncer que vivem em situação de vulnerabilidade social. São distribuídas cestas básicas, material de higiene, fraldas, suplementos alimentares e medicamentos (quando o SUS não fornece), também informações de prevenção para toda a população.

Atualmente, a Rede atende 80 pacientes e possui 24 voluntárias que trabalham incessantemente na arrecadação de roupas para a realização de um bazar que auxilia na manutenção da sede, das atividades, de alimentos, entre outras necessidades. O bazar acontece na sede da instituição, localizada na Rua Maneco Viana, 1662, Jardim Eldorado, todas as segundas, terças e quintas-feiras, das 14h às 17h. As roupas e calçados comercializados são frutos de doação.

“Para 2022, temos um projeto de conquistar uma sede maior, com espaço para atender melhor nossos assistidos, com assistente social, psicólogo, oficinas e demais serviços importantes aos pacientes”, conta a vice-presidente da Rede, Cristiane Maria Coral Damasceno. Para continuar fazendo este trabalho tão importante, a Rede Feminina precisa de apoio da população. “Pedimos para a população parnanguara, principalmente para as empresas, que nos ajudem a continuar dando assistente para os pacientes com câncer. Pedimos, também, por voluntárias que queiram se doar uma vez na semana, por quatro horas, nos procurem. Serão todas muito bem vindas”, finaliza Cristiane.

  • Rede Feminina de Combate ao Câncer funciona desde 1966. Foto: RFCC
  • Rede Feminina de Combate ao Câncer funciona desde 1966. Foto: RFCC
  • Rede Feminina de Combate ao Câncer funciona desde 1966. Foto: RFCC