Plant Bem alega crise e encerra suas atividades em Paranaguá
Com sede em Maringá, a Plant Bem, que atua há mais de 25 anos no mercado, fechou as portas de seu armazém em outubro de 2015. Porém, o caso ganhou consistência e publicidade quando duas placas de “vende-se” foram afixadas nas entradas principais da empresa. O fechamento abrupto pegou muita gente de surpresa, até porque o terminal fazia o principal elo com a sede na Cidade Canção, já que daqui partiam fertilizantes e, produtos como soja e açúcar, retornavam ao terminal para serem exportados ao mundo inteiro.
A parada das atividades fez com que todos os funcionários da empresa fossem demitidos, já que não houve reacomodação de pessoal. Porém, de acordo com um funcionário da Plant Bem, que preferiu não se identificar “todos os demitidos receberam suas verbas rescisórias, já que a prioridade era pagar, primeiramente, os trabalhadores e fornecedores locais”.
Todos os demitidos receberam suas verbas rescisórias, já que a prioridade era pagar, primeiramente, os trabalhadores e fornecedores locais”.Apesar de o espaço aonde a Plant Bem atuava estar ocioso há cinco meses, há vigilância constante no local e serviços de conservação e limpeza até que o imóvel seja vendido. Havia também, nas adjacências, um terreno alugado para pátio externo, mas, com o fim das atividades, o contrato de locação foi encerrado e a área devolvida ao proprietário. Segundo ele, este terreno, atualmente, está abandonado e, benfeitorias que foram feitas no imóvel, como colocação de alambrados, foram danificadas.
Vizinhança
Com relação às reclamações de moradores que possuíam suas residências próximas à empresa e que relatavam questões como rachaduras em paredes, despejo de produtos, barulho e poeira, o ex-funcionário defendeu a Plant Bem, argumentando que as nove famílias que possuem suas casas na região estão em situação irregular, já que habitam em uma área pertencente ao governo federal de modo ilegal. Nesse caso, ele afirma que os confrontantes do terminal são invasores do patrimônio público. Vale destacar que a área é pertencente à antiga Rede Ferroviária Federal (RFFSA).
O ex-colaborador ainda faz uma crítica aos moradores, pois, segundo ele, “com o encerramento das atividades, a galinha dos ovos de ouro desses moradores não existe mais, pois não há interesse em adquirir estes imóveis confrontantes que não são regularizados”. Segundo ele, os vizinhos faziam as queixas, apresentavam documentos e, posteriormente, encerravam o procedimento. Inclusive, ele é taxativo ao dizer que a principal reclamação dos vizinhos, que dizia respeito à contaminação do ar, não se sustentava, visto que relatórios de medição de ar feitos pela empresa não indicavam poluição no ar.
EIV
Ao ser indagado sobre questões referentes a licenças de construção e operação, já que a partir de 2007, os moradores passaram a questionar no Instituto Ambiental do Paraná, no Ministério Público do Paraná e no Ministério Público Federal a necessidade de um Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV) para a execução das atividades da empresa, o ex-colaborador informou que “a empresa possuía todas as licenças ambientais em dia, tanto que se outra empresa vier a operar naquele terminal terá que começar do zero todos os processos de licenciamento ambiental”.
Moradores
Em reportagem feita em 2015, o JB ouviu famílias que dividiam espaço com as paredes do armazém e que reclamavam constantemente com as deteriorações em seus imóveis em virtude do exercício das atividades da empresa no local. Houve quem se queixasse de rompimentos em paredes que vieram a causar despejos de produtos nos terrenos. Rachaduras também eram marcas visíveis em praticamente todas as casas. O barulho e a poeira também foram elencados como intervenções negativas ocasionadas pela presença da empresa na região.
De acordo com moradores ouvidos pelo JB, o clima, no momento, é de apreensão, já que quando os danos foram feitos, a Plant Bem alertou às famílias para que não fizessem benfeitorias nas casas, pois elas não seriam validadas para efeito de indenização. Agora, com o fim dos trabalhos, as pessoas não sabem exatamente como proceder. A situação, porém, ainda está em trâmite no MPPR.