Prefeitura cancela ônibus e crianças passam mal na viagem pela Viação Graciosa


Por Redação JB Litoral Publicado 09/10/2015 às 15h00 Atualizado 14/02/2024 às 10h19

O que era para ser um passeio inesquecível para conhecer o Aquário Marinho aos alunos e alunas da escola municipal João Paulino, localizada no bairro Batel, em Antonina, se transformou num pesadelo para mães, professoras e, mais ainda, para a diretora Sonia Mara Elias dos Santos, na última quarta-feira (30). 

Investindo na interação com os alunos, aliado a um programa de conhecimento prático dos pontos turísticos do Litoral, a diretora organizou um passeio para 45 crianças para conhecerem o Aquário Marinho. Depois de receber a garantia do fornecimento do ônibus pela prefeitura, as professoras tiveram que contribuir na diária de R$ 80 para o motorista que faria o trajeto. Este seria o segundo passeio feito pela escola, já que na primeira vez as crianças foram conhecer o Museu de Arqueologia e Etimologia na cidade.

Porém, quando estavam prontas para saírem de Antonina, pela manhã, foram informadas que o ônibus havia quebrado na noite anterior quando fazia o trajeto de acadêmicos da faculdade.
A notícia frustrou a todos, principalmente as crianças que estavam na expectativa do passeio e pelo enorme empenho no levantamento dos recursos necessários para a viagem, inclusive a entrada no Aquário e alimentação, através de bingos e rifas. Sem opção e decididas a não estragar o passeio das crianças, mães e professores decidiram pegar o ônibus da Viação Graciosa e seguir o trajeto para o Aquário Marinho. [tabelas]

Durante a viagem no ônibus de linha intermunicipal, as crianças passaram mal, algumas chegaram vomitar e até sofreram o constrangimento de outros passageiros que queriam sentar. Todavia, a diretora e mães fizeram questão de pagar a passagem de todas as crianças, justamente para que fossem sentadas.

Piquenique e retorno pela Graciosa

Com a chegada em Paranaguá, o drama deu lugar a expectativa de conhecerem a vida marinha no Aquário e as crianças puderam se divertir. Logo após, foi organizado um piquenique com alimentos que cada mãe e pai trouxeram em uma grande confraternização. As crianças brincaram nas margens do Rio Itiberê e depois foram embora, novamente, num ônibus intermunicipal.

A diretora mostrou-se indignada com a maneira como foram tratados pela prefeitura, lembrando que alguns pais e mães pediram dispensa do trabalho para poderem acompanhar seus filhos. Ela disse ainda que o passeio estava organizado há um mês e meio e que não foi algo de última hora, por isso ela se surpreende pelo fato da prefeitura não fazer nenhum esforço em resolver o problema, tentando arrumar outro veículo para o transporte das crianças. Acho que esta situação deveria ser vista com carinho por parte das pessoas responsáveis porque não é um simples passeio, tem a questão da cultura para essas crianças, já que nossa cidade não tem disponível algo diferente fora das quatro paredes da sala de aula”, desabafou Sonia.
Para a diretoria, esta situação deve servir de alerta para o prefeito João Ubirajara Lopes (PSC) e as pessoas responsáveis, para que não frustrem a expectativa dos alunos por se tratar de um sonho deles, que é o de fazer um passeio. “Não se pode simplesmente dizer assim: chega lá e diga que não vai ter. Não é dessa forma, é preciso ter um pouco de responsabilidade de cada setor, cada pessoa”, disparou Sonia que garante, apesar de todos os problemas, que o passeio valeu e todos ficaram felizes.

A mãe de aluna Ivonete de Souza, residente no Barigui, destacou o esforço da diretora, professoras e, principalmente das mães dos alunos e alunas, que firmaram um pacto de não transformar o sonho das crianças em um pesadelo. “É uma pena que algo assim ocorra, quase frustrando o passeio das crianças. Minha filha estava muito animada, assim como os outros alunos e alunas. Por isso é de se louvar a decisão da diretora de seguir com o passeio mesmo diante das dificuldades. Todas foram guerreiras”, disse Ivonete.

Mais de R$ 3 milhões para a Viação Pilar

Desde o início da gestão do prefeito João Domero, a contratação, através de dispensa de licitação, de 13 ônibus da Viação Pilar, no valor de mais de R$ 838 mil, para o atendimento do transporte de alunos por 100 dias letivos, tem sido alvo de questionamentos dos vereadores em Antonina.
No dia 7 de julho, a Câmara Municipal aprovou a Resolução 11/2015 que instalou a Comissão Especial de Inquérito (CEI) para averiguar, de maneira mais complexa, os vínculos da prestação de serviços e contratos do município em concessão para o transporte coletivo urbano, rural e escolar na cidade. Na Resolução, foram designados os vereadores Ademir Rodrigues (PRB), Antonio Yukiyoshy Osaki (PSD), Givanildo Soares Cabral (PR) e Jackson Clayton de Paula Silva (DEM) que teriam um prazo de dois meses para conclusão dos trabalhos. Mas a CEI ainda não foi apurada e a Viação Pilar já faturou mais de R$ 3 milhões em contrato com a prefeitura até o momento.

No domingo (4), a Fanpage Comunicação Antonina trouxe uma postagem da secretaria municipal de Educação, informando que na segunda-feira (ontem) não haveria aula na escola da zona rural do Cedro. De acordo com a Fanpage, o ônibus que faz a linha escolar encontra-se quebrado. O ônibus que faz a linha Saivá – Barigui e atende os alunos da região também está quebrado. Por este motivo, os pais deveriam providenciar, temporariamente, condução para levar seus filhos até a instituição de ensino pública. A nota fecha informando que os ônibus já foram levados para conserto e em breve a situação deve ser restabelecida.

O JB entrará em contato com a prefeitura nesta semana para saber sua versão dos fatos.

 

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