Prefeitura de Morretes trata com descaso valioso acervo cultural de livros e quadros


Por Redação JB Litoral Publicado 13/11/2016 às 19h46 Atualizado 14/02/2024 às 17h02

“Não se pode ter a cabeça erguida sobre os homens, sem antes tê-la baixado sobre os livros”, esta é frase atribuída ao escritor Rui Barbosa que pode ser vista na recém-organizada Biblioteca Municipal de Morretes pelos seus visitantes.

Porém, quem teve acesso à situação que se encontrava um valioso acervo cultural, composto por milhares de livros e quadros, não conseguiu esconder a indignação, filmou e levou a denúncia até a Vereadora reeleita Flávia Rebello Miranda (PT), que trouxe a público na primeira sessão realizada no mês passado.         

De acordo com a vereadora, após o fechamento da Biblioteca da Fundação Mirtillo Trombini que atendia os alunos, moradores e turistas na cidade, todo o acervo público e os mais de 18 mil livros doados pela Fundação foram despejados na antiga biblioteca, que ainda estava com buracos no teto, infiltrações de água e sem ninguém cuidando de valiosas ferramentas culturais.
 

Fotos chegadas até a vereadora mostram obras destruídas pela ação do tempo, algumas mofadas e quadros rasgados. Indignada com o que viu do material recebido, Flavia Miranda expôs aos vereadores que se mostraram igualmente indignados e teceram críticas ao Prefeito não reeleito, Hélder Teófilo dos Santos (PSDB), reforçando a cobrança da vereadora feita no plenário.
 

Presidente da Comissão de Educação, Saúde e Assuntos Sociais da Câmara Municipal, a vereadora vem cobrando a recuperação deste valioso material e a reabertura da biblioteca municipal em perfeitas condições para atendimento ao povo. Muitos livros estavam em sacos plásticos e até mesmo quadros, apenas com a moldura e sem a tela, foram encontrados amontoados.

Fechada a cerca de oito anos, a biblioteca municipal ficou sem nenhuma manutenção e o sucateamento do prédio acabou ocorrendo ao longo deste tempo.  

Livros doados pela Fundação Mirtillo Trombini ficaram encaixotados por mais de um ano na prefeitura e, segundo a denúncia, “livros e quadros de grande valor estavam abandonados numa sala com goteiras e sendo destruídos sem que nenhuma providência fosse tomada”.

A vereadora destacou que, por várias vezes, foi até a Secretária de Educação reivindicar a abertura ou a revitalização da Biblioteca, até porque foi cobrada por doadores de coleções inteiras de livros.
 

Visita não animou
 

Depois de ter sido negada o uso da chave da biblioteca para uma vistoria mais profunda, após a aprovação do pedido de vistoria pela Câmara Municipal, a vereadora teve acesso ao prédio. Entretanto, admite que não ficou animada com o que viu. Flávia destaca que a solução para este problema, praticamente não depende de dinheiro e que não existe justificativa para tamanho descaso com a cultura. Ela defende que o acervo, que se encontra em condições precárias, seja realocado urgentemente para outro ambiente, a fim de serem feitas a limpeza dos quadros. Na sessão do mês passado, a vereadora disse esperar que os responsáveis pelo Instituto não tomem conhecimento da situação que se encontram as doações.

“Porque isto é uma vergonha para o Poder Executivo”, disparou a vereadora.

Nesta sessão, o Vereador Luciano Cardoso informou que estão armazenados junto com livros e quadros, diversos computadores estragados, num local com vazamentos e sem nenhuma preocupação da prefeitura em limpar o espaço. Na sessão desta quarta-feira (9), Flavia Miranda apresentará novo vídeo aos vereadores a respeito deste assunto.