Rede de Combate ao Câncer ganha apoio e busca expandir atendimento


Por Marinna Prota Publicado 16/08/2021 às 23h40 Atualizado 16/02/2024 às 10h18

A Rede Feminina de Combate ao Câncer (RFCC) foi fundada com o objetivo principal de angariar recursos para a construção de um abrigo que atenderia cancerosos carentes. Deste projeto surgiu o Hospital Erasto Gaertner, referência no atendimento de pessoas com câncer no Paraná. Em Paranaguá, um braço da RFCC foi criado, mas as voluntárias têm se organizado para que o local cresça e possa fornecer ainda mais conforto àqueles que nescessitam.

Em uma reportagem exclusiva do JB litoral, conversamos com voluntárias e pessoas que tem aumentado a “rede” e feito com que a expansão seja possível. Atualmente, a Rede de Paranaguá atende cerca de 70 famílias, mas em um espaço improvisado, pequeno e que não possui as condições necessárias para oferecer tudo que a entidade pode fornecer, como cursos, atividades, grupos de apoio e ambiente aconchegante. A entidade, porém, é responsável por acolher homens e mulheres com todos os tipos de cânceres.

(foto: divulgação/RFCC)

Histórias de vida transformadas

Na busca por um lugar que pudesse dar amparo, Mariana [que terá seu sobrenome preservado], chegou até a Rede Feminina de Combate ao Câncer. Em sua procura, ela encontrou um lugar que desse uma atenção a todos os tipos de cânceres, já que ela possuía a doença instalada em seu útero. Junto com as voluntárias, ela conseguiu superar as adversidades e se tornou mais uma apoiadora e voluntária do espaço.

“Há dois anos eu recebi o diagnóstico. Foi uma história difícil, mas de superação. Primeiro fui diagnosticada com mioma, mas depois que tiraram meu útero foi visto que na verdade eu tinha um tumor bem raro. Comecei o tratamento com três cirurgias, depois fiz três “quimios” e cheguei a ser desenganada, já que o câncer ao invés de diminuir começou a crescer. Foram várias cirurgias e mais de 40 quimios, mas agora estou em remissão. Mas acho que conforme você melhora, você vai passando por uma situação dessa e acho que é natural você buscar ajudar quem está nessa situação”, relatou.

Em sua procura, Mariana achou a RFCC, se sentiu representada e há um mês passou a apoiar a causa. “Descobri que essa instituição existe desde 1966, e uma das pessoas que fazia parte nos primórdios era a própria Anita Gaertner, que posteriormente deu origem ao hospital. São aproximadamente 20 voluntárias que levam o atendimento a quem precisa. Hoje eu sou uma das únicas que possui histórico de câncer, as demais são pessoas que se dispuseram a ajudar”, disse a voluntária.

Arrecadações

Comandada pela presidente Rute Ardigo da Silva, a Rede Feminina consegue se manter com ajudas, doações e a venda de itens em um bazar. Os valores são utilizados para manter o espaço, pagar contas da instalação, ajudar pacientes que precisam de exames urgentes, e que o SUS não fornece com celeridade. As instalações, modestas, ficam na Rua Maneco Viana, 1662, no Jardim Eldorado, ao lado do Colégio Anchieta.

O bazar funciona todas as terças e quintas-feiras, das 14h às 17h. A venda é feita a partir de doações recebidas de voluntários. Uma das pessoas que auxilia no atendimento ao público afirma que estar no local é gratificante. “O trabalho voluntário é um olhar sensível a necessidade do próximo, é você fazer e não esperar nada em troca, é simplesmente se doar”, pontuou Andréa Rejane Rocha Lopes, voluntária da RFCC.

Sonho de uma nova sede

Local utilizado tem cozinha improvisada e falta de espaço para atendimentos. (foto: divulgação/RFCC)

Em busca de melhorar o atendimento e acolhimento, o sonho dos voluntários é conseguir fazer com que a Rede Feminina de Paranaguá tenha um espaço adequado. “A importância da sede é fundamental, pois o lugar que nós estamos hoje é minúsculo. Não temos uma cozinha, o que tem é improvisado. Mas o espaço é muito restrito. A ideia de termos uma sede melhor é um sonho, que está no nosso coração e das outras também, para que a gente tivesse um espaço, como se fosse uma casa”, ressaltou Mariana, a mais nova voluntária do espaço.

O projeto é ter espaço para:

  • Sala para desenvolver uma terapia ocupacional;
  • Local para atendimento com psicólogo, fisioterapeuta e afins;
  • Cozinha para poder preparar os alimentos de uma maneira descente e higiênica;
  • Local para o bazar.

“Seria uma forma de podermos atender melhor, pois hoje estamos limitados a oferecer cesta básica, roupas, medicamentos, fraldas e suplemento. Apesar disso ser muito importante, e claro que não vamos deixar de fazer, não devemos nos limitar. Outra coisa que seria interessante, é que a gente tivesse verbas para que a gente pudesse disponibilizar para exames em farmácia, para que pudéssemos ajudar a encaminhar exames daqueles que demoram”, descreveu Mariana.

Formação de uma rede de apoio a RFCC

Com um objetivo em mente, a população parnanguara tem se engajado na causa, que passou a ser prioridade para muitas mulheres importantes da região. Uma das voluntárias, responsável pela Corrida e Caminhada Contra o Câncer em Paranaguá, Luciana Picanço, explica que a ideia tem sido aumentar o grupo de pessoas que apoiam, seja com doações, voluntariado ou até mesmo com a divulgação do espaço.

“Elas têm um trabalho muito bonito, assistem pacientes e suas famílias. Acho que o paciente de câncer ele não precisa só de uma cesta básica ou roupas, ele precisa de apoio. Por isso, nós entramos com a proposta de ajudar e fazer essa rede crescer. Convidamos pessoas que apoiam a causa para tentar conseguir um local mais apropriado e que comporte esse crescimento”, explicou Luciana.

Deputada Federal Christiane Yared, do PL, será uma das mulheres a auxiliar a rede na busca por verbas e melhorias. (foto: divulgação/RFCC)

Comovida com a situação da instituição e com o pensamento de sempre auxiliar aqueles que precisam, a diretoria-executiva do JB Litoral, Jéssica Fernandes, atendeu ao chamado e passou a integrar também a RFCC, como voluntária e apoiadora. “Nós precisamos participar, além de divulgarmos a notícia e ajudarmos com a arrecadação. Me tornei voluntária e hoje estou engajada, ao lado de tantas outras mulheres fortes, para conseguir fazer com que a rede cresça ainda mais. Vamos fazer tudo que estiver dentro do nosso alcance para que Paranaguá se torne referência no litoral neste tipo de amparo”, destacou Jéssica.

A vereadora Vandecy Dutra, do PP, que é presidente na Comissão de Educação, Saúde, Assistência Social e Meio Ambiente (CESASMA), também aceitou o desafio e têm auxiliado as voluntárias na busca por melhorias no local de atendimento aos cancerosos.

“Já conhecia o trabalho valoroso e de grande relevância da Rede Feminina de Combater ao Câncer, as famílias das pessoas que passam por este problema, trabalho social extremamente necessário. Fui convidada a participar desta rede como apoio a estas mulheres que estão à frente nesta luta. A Liga Feminina faz chegar um atendimento extremamente necessário a quem mais precisa em um momento muito difícil de sofrimento e dor, ajudando na superação deste desafio“, pontuou Vandecy.

Ela ainda aproveitou para contar que “iniciamos uma conversa com o Poder Executivo, o nosso prefeito Marcelo Roque sobre esta demanda, que já sinalizou como positivo este apoio. Estaremos solicitando o Título de Utilidade Pública na Câmara de Vereadores para dar suporte as novas ações que virão como possibilidades. A Deputada Federal Christiane Yared, se colocou à disposição a buscar suporte para as políticas públicas que darão suporte a estas grandes mulheres que estão à frente na Liga aqui em Paranaguá. Acreditamos na união de esforços para um bem comum, ajudar e participar com as pessoas que ajudam outras pessoas”.

“Estas mulheres são guerreiras e eu estou buscando alternativas para que possamos melhorar a condição de vida das pessoas. Fiquei emocionada com tamanha luta que enfrentam e agora podem contar comigo”, declarou Christiane Yared, do PL, que aceitou o desafio de buscar verbas federais para apoiar a RFCC.