Sem Capela Mortuária, família vela Corpo em uma VAN em Antonina


Por Redação JB Litoral Publicado 17/07/2015 às 15h00 Atualizado 14/02/2024 às 08h46

Uma situação inusitada, ocorrida recentemente e que deixou moradores do bairro do Batel indignados, mostra a falta de compromisso da administração municipal com o momento mais difícil que uma pessoa vive que é o velório de seus familiares, diante da ausência de uma Capela Mortuária em Antonina. 

No final do mês passado, uma família se viu obrigada a realizar o velório de seu familiar com o caixão numa VAN no bairro do Batel. Foi o que informou a presidente da Associação dos Moradores do Bairro do Batel (AMBB), Ariadne Dias Cruz. Segundo ela, uma pessoa idosa, não residente em Antonina, teve atendido pela família seu pedido de ser sepultado na cidade onde nascera. Por volta das 14hs30 moradores que participavam do Chá Social na AMBB notaram a VAN branca estacionando próximo da Igreja do Batel e, por volta das 17 horas, ao ver o que estava ocorrendo, tomaram conhecimento de se tratar de um velório. Ao questionarem a família, que não era residente na cidade, ficaram sabendo que estavam atendendo ao pedido do familiar que queria ser sepultado na cidade. Diante disto, os moradores pediram que as pessoas usassem o banheiro da igreja se necessitassem e até para beber água. A maioria das pessoas ficou indignada, por entenderem que o velório e sepultamento é o último fio de dignidade que uma pessoa merece ter antes de sua partida na terra.

Para a dirigente comunitária, este tipo de situação não teria ocorrido se as obras de reforma da Capela Mortuária do cemitério municipal São Manoel no Bairro do Batel tivessem cumprido o cronograma determinado pela prefeitura de 40 dias para sua conclusão.

As obras que começaram no final de abril estão paralisadas e, segundo a prefeitura, neste período os velórios estão ocorrendo em um espaço na Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Algo que a família que realizou o velório na VAN não teria como saber, por não ser moradora na cidade. Entretanto, sem cumprir o prazo de entrega pela prefeitura que seria no início de junho, a Associação de Moradores intensificou sua cobrança pela retomada da obra.

AMBB reivindica desde 2009

De acordo com a presidente do bairro, a AMBB, desde sua fundação, em março de 2009, vem trabalhando para que a Capela Mortuária do Batel seja aberta para o uso dos antoninenses. O primeiro ofício nesse sentido foi feito em maio de 2009, enviado a ex-vereadora Margarete, que aprovou o requerimento 038/ 2010 ainda na gestão de Carlos Augusto Machado, o Canduca (PSD). Depois vieram os ofícios 34/2009, 01/2010 e o 25/2011, relatando irregularidades no cemitério e solicitando a reabertura da capela, depois de sua devida limpeza e restauração.

Sem ação da prefeitura, a AMBB levou a situação ao Ministério Público do Paraná (MPPR), cobrando respostas aos pedidos realizados pelo ofício 33/2011, invocando o artigo 5°, inciso XXXIII da Constituição Federal. O último requerimento aprovado neste sentido partiu dos vereadores Odileno Garcia Toledo e Givanildo Cabral, o 24/2015, aprovado no dia 10 de fevereiro deste ano.

Decidida a fazer a reforma da Capela Mortuária, através dos moradores da região, a AMBB realizou uma reunião no dia 15 de abril, na sede da entidade para debater a abertura e reforma da capela mortuária do cemitério São Manoel no Batel. A reunião contou com a presença da presidente da Câmara Municipal, Marigel Alves Machado e do vereador Givanildo Cabral, além do padre José Miguel, moradores, associados e membros da Igreja São João Batista. Realizada a pedido da vereadora Marigel e do vereador Giva, a reunião buscou uma solução para o problema. Ao final ficou decidido que os vereadores cuidariam da parte burocrática, como projeto e licenças, enquanto que a prefeitura daria como contrapartida os materiais de construção, o que foi garantido pelo então Secretário de Obras, Alexandre Parodi, em conversa com a vereadora Marigel.

Passados mais de 30 dias do início, a Fiscalização Cidadã da AMBB esteve visitando a obra que está sendo executada pela Secretaria de Obras e foi constatada a continuidade da reforma que ficou alguns dias parados. Porém, na sexta-feira (10), dois meses após o prazo prometido para entrega das obras, a reportagem do JB esteve no local e comprovou que não existe nenhuma atividade no local, apesar de encontrar no local material de construção civil.

Prefeitura não responde

Diante da paralisação das obras que estão atrasadas no seu prazo de conclusão, a reportagem do JB, seguindo a orientação da Secretária de Comunicação, Cibele Fontanela, enviou ao prefeito João Ubirajara Lopes, o João Domero (PSC) os seguintes questionamentos: qual local a prefeitura disponibiliza à população para fazer seus velórios na cidade? Por que a obra de reforma da capela mortuária no cemitério do Batel está parada? Quando a obra será retomada e entregue a população? Porém, até o fechamento desta edição não houve resposta.