SEM CHECAR INFORMAÇÃO – Prefeito exonera diretora do SAMU baseado em denúncia anônima


Por Redação JB Litoral Publicado 15/01/2016 às 14h00 Atualizado 14/02/2024 às 11h44

O atual presidente do Consórcio Intermunicipal de Saúde do Litoral (Cislipa), o prefeito de Pontal do Paraná, Edgar Rossi (SD) sem checar o total conteúdo de uma denúncia anônima contra a Diretora do SAMU, Dra. Valeria Fernandes de Oliveira, a exonerou do cargo, mesmo não sendo dele a atribuição de nomear ou exonerar funções no Cislipa.

O JB obteve acesso ao e-mail enviado ao prefeito, onde alguém usando o nome de “Antonio Anonimos” denunciou que, no dia 24 de dezembro, a diretora havia ordenado que a ambulância do SAMU de Antonina trouxesse um aparelho de ar acondicionado de sua casa até Paranaguá. Disse ainda que para isso criaram um paciente fictício que viria para o Hospital Regional do Litoral.
Entretanto, o que chama a atenção na mensagem eletrônica é o fato que o autor ou autora da denúncia dizer que “por muitas vi essa diretora postar mentiras contra a administração municipal de Antonina”, o que demonstra se tratar de pessoa ligada à gestão do prefeito João Ubirajara Lopes (PSC), o João Domero. Vale lembrar que a médica já tornou pública sua decisão de disputar a sucessão municipal na cidade de Antonina pelo PSB. [tabelas]A mensagem anônima afirma ainda que foram enviadas fotos tiradas por funcionários do SAMU de Paranaguá que, segundo o documento apócrifo, “não aguentam mais o manda e desmanda da diretora”. A mensagem encerra com o pedido de retirada da médica do cargo, o que surpreendentemente foi atendido no mesmo dia pelo prefeito Edgar Rossi.

Vale lembrar que a indicação da médica para a diretoria foi feita pelo vice-presidente do Cislipa, o prefeito Edison de Oliveira Kersten (PMDB), que é médico e conhece o trabalho de Valeria Oliveira. Existe a suspeita que a exoneração ocorreu sem o conhecimento de Kersten, que é o responsável por nomear e exonerar cargos no Cislipa.

Já houve uma primeira denúncia falsa

Esta não é a primeira vez que a médica é vítima de denúncia anônima, supostamente vinda de sua própria cidade. No dia 13 de julho do ano passado, o JB recebeu uma correspondência de um remetente intitulado “Antonina Unida”, com endereço de Curitiba, mas com numeração não existente e enviada de uma agência comunitária dos Correios da cidade de Morretes. Nela, havia a informação apócrifa (sem identificação) que a Dra. Valeria Fernandes, ex-Diretora do Hospital Regional do Litoral e pioneira do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU) do litoral, tinha sido exonerada por cobrança de propina de médicos em Paranaguá. Além da informação, o envelope trouxe uma cópia de uma ação judicial trabalhista de uma médica que trabalhou no SAMU e, posteriormente no HRL, contra o Hospital Regional do Litoral e, consequentemente, contra o Fundo Estadual de Saúde do Paraná (FUNSAUDE), as empresas Litovita e Unicore e o Consórcio Intermunicipal de Saúde do Litoral do Paraná (Cislipa). 

Nesta ação, além da exigência do que ela considera direitos trabalhistas, a médica “anônima” trouxe a informação da cobrança de uma “taxa de administração” no valor de R$ 1.800,00 pela Dra.

Valeria Fernandes, o que resultou na falsa denúncia de propina enviada ao JB. Diante da gravidade dos fatos inicialmente apresentados, que não condiziam com o histórico da médica antoninense, o JB passou a investigar o assunto e descobriu a falsidade da informação, o que motivou Dra. Valeria a entrar com uma ação judicial contra a colega de profissão por danos morais.

Para confirmar o que havia descoberto, a reportagem procurou a médica que confirmou o que havia sido levantado pelo jornal. O que de fato ocorreu foi o repasse pela colega de profissão para Dra. Valéria de dois plantões feitos pela médica antoninense no SAMU/Litoral, quando a outra médica não pode estar presente. Foram dois plantões ao custo de R$ 900,00 que, se Dra. Valeria não realizasse, o SAMU ficaria sem nenhuma assistência médica naquele período.

Nesta semana, a reportagem do JB irá procurar a médica Valeria Oliveira e os prefeitos Edgar Rossi e Kersten para saber a versão deles sobre este assunto.