SEM TRANSPARÊNCIA- Edgar Rossi não esclarece exoneração de diretora do SAMU por denúncia anônima
Demonstrando total falta de transparência em seus atos como presidente do Consórcio Intermunicipal de Saúde do Litoral (Cislipa), o prefeito de Pontal do Paraná, Edgar Rossi (SD), não respondeu a nenhum dos quatro questionamentos feitos pelo JB sobre a exoneração da Dra. Valeria Fernandes como diretora do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) do Cislipa.
A atitude chamou atenção pelo desinteresse da necessária busca da informação sobre o fato por parte de Rossi e no explícito cerceamento no direito de defesa da médica. A reportagem do JB enviou à assessoria de imprensa de Pontal do Paraná alguns questionamentos para que o prefeito explicasse as razões que o levaram a fazer a exoneração. O JB fez as seguintes perguntas: Por que a decisão de exonerar a diretora no mesmo dia do recebimento da denúncia anônima? A situação foi checada? É comum o Cislipa exonerar um diretor baseado em uma denúncia anônima e de cunho político? Esta situação é irreversível? Se for, quem assumirá o lugar da Dra. Valéria? Exonerações e nomeações no Cislipa são atribuições do vice-presidente, por que motivo isso não foi respeitado? O vice-presidente tomou conhecimento da exoneração quando ela foi determinada? Se tomou, ele foi favorável?
Sem responder a nenhum dos questionamentos, a assessoria de imprensa limitou-se a passar a seguinte nota: “informamos que o município de Pontal do Paraná não tem competência para responder sobre atos administrativos de outros órgãos”.
Ocorre que o prefeito do município, Edgar Rossi, possui competência para falar sobre o Cislipa, em razão de sua condição de presidente do consórcio de saúde. Vale destacar ainda que o “ato administrativo” em questão se trata da exoneração feita pelo próprio prefeito como presidente da entidade.
JB levantou os fatos
Sem manifestação do prefeito Edgar Rossi, o JB foi atrás do fato e procurou a médica Valéria Fernandes para saber o que ocorreu neste episódio.
Ainda surpreendida e indignada com a situação, a médica explicou o que acontecera, apesar de continuar sem entender o verdadeiro motivo de sua saída.
Ela conta que na noite anterior à exoneração, verificou um e-mail anônimo com a denúncia e, no dia seguinte, recebeu outra mensagem eletrônica, desta vez, do Cislipa, com a exoneração.
Sobre o fato, Valeria Fernandes explica que no dia 24 do mês passado fazia muito calor em Paranaguá e o ar condicionado dos médicos estava estragado, depois de um conserto que tornou a dar problemas. No plantão do SAMU estava o Dr. Adriano, médico cardiologista, que pediu ajuda de alguma maneira com aquele forte calor. Ela sugeriu emprestar o ar condicionado portátil de sua casa, para melhorar a qualidade na condição do trabalho.
No mesmo dia, a médica se encontrava em sua residência em Antonina e Dr. Adriano fez menção ao empréstimo do aparelho. Dra. Valéria se prontificou a emprestar, porém não tinha como levá-lo. Em uma segunda ligação, o médico disse que haveria uma remoção de Antonina para Paranaguá de um paciente com uma luxação de punho e perguntou se o ar condicionado poderia ser pego na casa da médica. O que foi feito, porque estava muito calor. Na cidade, após deixar o paciente no Hospital Regional, o ar condicionado foi levado até o SAMU. Na oportunidade, um funcionário fez a foto da retirada do aparelho e entregou para alguém que fez a denúncia. “Agora estamos investigando se a direção está ou não envolvida nesta denúncia”, disse a médica.
Perseguição e assédio moral
Para a médica, sendo ela uma pessoa pública, sua vida correu bem até o momento em que resolveu se candidatar a um cargo público. Após isso, ela passou a ser vítima de perseguição desde o Hospital Regional do Litoral. “Acho que de alguma maneira represento medo a essas pessoas que querem ocupar um cargo simplesmente pelo lado financeiro.”Eu quero e vou disputar a eleição, por motivos óbvios, ou seja, quero melhorar a cidade de Antonina e isso está gerando medo e ciúme nestas pessoas, mas não irei desistir da ideia porque não fiz nada de errado”, dispara Fernandes.
Ela explica ainda que, no SAMU, alguns aparelhos foram comprados com seu dinheiro, como ar condicionado e geladeira. Eles foram retirados na mesma semana da denúncia na Central de Regulação.
Segundo a médica, a geladeira e o aparelho de ar condicionado ficavam no repouso médico. A geladeira foi doada e o aparelho emprestado, porém, ambos foram retirados da base após a exoneração por terem sido adquiridos com seus próprios recursos.[tabelas]
Os aparelhos foram retirados dos quartos e estão no chão do corredor. Foram comprados e instalados novos aparelhos no sábado (9).
A médica garante que todos esses fatos podem ser provados, porque todas as ligações no SAMU são gravadas e estão à disposição da justiça que, segundo ela, provará que não houve má fé em momento algum nesta situação. Emprestei um bem próprio para o bem Público, quis melhorar as condições de trabalho do funcionário e, em momento algum, lesei de forma financeira o sistema e também não agi em benefício próprio, pois me encontrava em minha casa”, defende a médica.
Para Valéria Fernandes, causa estranheza a administração do SAMU ter aceito de forma muito rápida a situação, sem ao menos fazer um processo administrativo para que ela pudesse se defender, algo que a deixou chateada.
Ela conta ainda que no dia seguinte à exoneração foi até o Ministério Público do Paraná (MPPR) com documentos, gravações e declarações do médico que solicitou para que o órgão ficasse ciente do que ocorreu. “Vamos abrir um processo de assédio moral e posteriormente uma ação indenizatória”, finalizou Valeria Fernandes.