Série do JB – “ CAIXA-PRETA DE ANTONINA”


Por Redação JB Litoral Publicado 05/06/2015 às 17h32 Atualizado 14/02/2024 às 08h04

Em sua edição 324, o JB publicou matéria inédita com relação a uma série de denúncias de supostas irregularidades feitas pelo operador de máquina Oriel Eleuterio nesta gestão do prefeito João Ubirajara Lopes (PSC), o João Domero em Antonina. Segundo o funcionário, ocorreram  uma série de supostas irregularidades, falcatruas e abuso do erário público no município, tudo isso com a conivência de secretários e do prefeito municipal. Com mais de 23 anos de serviço no município, Eleuterio desabafou que está sendo feito um saqueamento da cidade nas áreas de meio ambiente, obras e transporte. Após as denúncias, que foram levadas ao Ministério Público do Estado do Paraná (MPPR) e ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), na última semana os órgãos de investigação anunciaram em diário oficial a abertura de inquérito para investigar a gestão Domero.

As inúmeras denúncias feitas pelo servidor de carreira renderam uma série de matérias intitulada “Caixa-preta de Antonina”, e, devido à gravidade das informações, o JB inclusive levou as gravações ao MPPR, como garantia da integridade física do denunciante. O que era denúncia, agora se tornou o Inquérito Civil n° MPPR-0006.14.000322-6, que foi instaurado em 20/05/2015, tendo como assunto o Meio Ambiente e como objeto justamente a apuração da situação relatada pelo jornal, investigando a Prefeitura de Antonina.

Olhar de deboche

Oriel Eleuterio, logo no início da série, afirmou que o fato que mais incomodava na área de meio ambiente era a utilização de um terreno onde o próprio morava para despejar entulhos, restos de construção, entre outros materiais de toda a cidade, algo confirmado pelo JB no local. Segundo o servidor, o problema ocorre há mais de 17 anos e permaneceu na atual gestão municipal. Segundo ele, 60 caminhões foram levados com entulhos despejados no local, inclusive com a presença de uma máquina contratada pela prefeitura da empresa do Senhor Telmo Luis Veloso de Souza, que nunca aterrou ou espalhou o material e sequer fez limpeza no local.

De acordo com Eleuterio, além de não aterrar o seu terreno repleto de entulhos, a prefeitura ainda despejou o barro advindo do Morro do Bom Brinquedo em uma área pertencente ao empresário Telmo Luis Veloso de Souza. O fato trouxe revolta ao servidor, que relatou a “audácia” do prefeito em ir até uma rádio afirmar que o barro saído do morro e do asfalto iria para o terreno privado, mas que posteriormente seria depositado em outra área pública, algo que nunca ocorreu. “No momento que fui reclamar, eles olharam para a gente com olhar de deboche e não deram muita atenção”, disparou Oriel. Na época da denúncia, Oriel afirmou que a prefeitura continuava despejando entulhos em seu terreno, porém que ele deixava tal fato ocorrer pela promessa feita pelo prefeito de que um dia o Executivo iria aterrar o local. Ele prevê que sejam necessários de 40 a 50 caminhões de barro para cobrir o entulho presente no terreno.

O que disse a prefeitura na época

De acordo com a prefeitura, o depósito dos materiais no terreno de Oriel Eleutério sempre foi feito com anuência do proprietário do imóvel. Ele solicitava o despejo para que o local fosse aterrado. Complementando, o Executivo diz que é de conhecimento público e da população que indústrias que possuíam os chamados rejeitos inertes (não contaminantes) também os depositam no local, sempre com o aval do proprietário. A gestão municipal afirmou que é infundada a denúncia de que a administração prometeu ao servidor usar o barro retirado do Morro do Bom Brinquedo para aterrar esses entulhos, apesar do JB constatar o despejo de um caminhão de barro no local.
Segundo a Prefeitura, a obra feita no morro era do DER e cabe ao órgão dar a destinação adequada ao material, dizendo ainda que não é válida a informação de que a empresa de Telmo Luis Veloso foi contratada para espalhar esses entulhos ou até mesmo realizar o serviço, mas que trabalhou com maquinário pesado para o município e não especificamente em determinados terrenos, podendo por ocasião especial, o serviço ser prestado em terrenos particulares. A respeito dos 28 mil metros cúbicos de barro despejado no empreendimento particular de Telmo, a prefeitura se limitou a dizer que esta informação cabe ao departamento de engenharia do DER. Segundo a gestão Domero, uma ampla documentação já havia sido enviada à Câmara e ao MPPR sobre a questão dos terrenos e as licenças ambientais com relação ao bota fora do Morro do Bom Brinquedo.

Apesar das respostas dadas pela prefeitura ao JB, agora a gestão municipal terá que prestar esclarecimentos ao MPPR e ao GAECO, que darão prosseguimento à investigação, que agora já está protocolada e em andamento nos órgãos estaduais.