Sessão é encerrada por tumulto e manifestante é detido no plenário em Paranaguá


Por Redação JB Litoral Publicado 05/04/2016 às 20h33 Atualizado 14/02/2024 às 13h00

Uma confusão anunciada implodiu na sessão desta terça-feira (5) na Câmara Municipal de Paranaguá, liderada pelo mergulhador profissional Luciano Carvalho de Sá, que acabou saindo do plenário algemado e detido pela Guarda Civil Municipal.

O clima de tensão começou na terça-feira (29) quando o plenário ficou completamente lotado de manifestantes simpáticos às causas defendidas por Luciano e participaram da sessão de forma tranquila, porém, demonstrando apoio à liderança deste manifestante da cidade gaúcha de Canoas.

Na rede social, o gaúcho postou que havia nascido naquele dia, o “Movimento 18° Vereador” e que as pessoas haviam feito história e justiça. “Ontem muitos parnanguaras dormiram com a sensação de dever cumprido”, escreveu em sua linha do tempo postando foto feita do plenário lotado. Porém, em outra postagem o manifestante atacou publicamente os vereadores. “Ontem foi um dia histórico nesta Câmara Municipal. A população afrontou a vagabundada no lugar certo”, postou Luciano.

Caixão na sessão

Na sessão seguinte (31) a situação ganhou mais tensão do grupo liderado e uma participação mais intensa com o manifestante tomando uma atitude bastante radical, ao tentar entrar com um caixão caixão funerário no plenário. Um princípio de confusão se formou na porta de entrada do prédio que foi contido com a posição firme do servidor Cristiano Borba e da Guarda Civil Municipal. Com isso caixão não entrou no plenário.

Durante a madrugada, nas redes sociais, o discurso do manifestante de liberdade de reivindicação aumentou sua agressão verbal contra os vereadores. “Os vereadores de Paranaguá são ditadores hipócritas, ficam se escondendo atrás de regimento interno. Estamos na lei e o nosso direito de protestar pacífica e organizada, foi impedida. Eles têm medo do caixão? Já nos impedem de usar a Tribuna Livre. Mas não adianta, quanto mais nos barram mais unidos e fortes ficamos. Os senhores não são donos desta casa legislativa, os senhores são servidores públicos, pagamos seus salários. Conhecemos nossos direitos e vamos usar… Tenham medo, mas não do caixão e sim do 18º Vereador, nós já somos o pior pesadelo de vocês. A vagabundada está sendo afrontada e com atitude”, postou o manifestante.

Início da confusão

Na sessão, diante da expectativa de tumulto, a Câmara Municipal investiu na distribuição de senhas para o público, no sentido de impedir que a lotação definida pelo Corpo de Bombeiros não fosse descumprida. Isto, porém, foi visto por alguns manifestantes que acompanhavam Luciano, como tentativa de impedir a participação na sessão pelo suposto “Movimento 18° Vereador”.

Enquanto o representante dos Correios falava sobre os problemas no Centro de Distribuição de Documentos (CDD) da cidade, Luciano tentava fazer entrar pessoas do seu movimento, mesmo com o controle do público sendo feito por uma servidora da Câmara, acompanhada por Guardas Municipais. Isso fez o vereador Antonio Ricardo dos Santos (PP) cobrar o fim da conversa paralela e o fechamento da porta, o que foi feito.

Isto foi o suficiente para o manifestante gritar palavras de ordem contra os vereadores, incitando parte do público e o tumulto se tornou generalizado, a ponto do presidente Jozias de Oliveira ramos (PDT) interromper a sessão para que o clima se normalizasse.

Confusão no plenário

Durante o período de interrupção, os ânimos acabaram se exaltando, tanto do público, como a do manifestante e dos vereadores. O cantor e artista Breno Sampaio ficou revoltado com a atitude do homem e partiu para cima cobrando respeito às pessoas que estavam acompanhando a sessão e a tensão aumentou.

Logo após foi a vez do vereador Ricardo discutir com Luciano e acusando-o de enviar ameaças apócrifas para seu gabinete afirmando não temer o manifestante que, em resposta, lia em seu tablete frases em favor da justiça. Algo que foi criticado pelo vereador Marcio Costa (PRP) que o chamou de “revolucionário de botequim”. O ponto alto da tensão ocorreu quando o ex-policial Valderi criticou a postura do manifestante e foi até seu encontro, deflagrando a confusão.

Neste momento a Guarda Civil Municipal tentou retirá-lo do plenário e, diante do que pareceu ser uma tentativa de resistência, o manifestante foi algemado e detido. Diante da confusão generalizada, o presidente Jozias encerrou a sessão, sob vaias e protestos de manifestantes que permaneceram no plenário mesmo assim.

Crimes contra o Estado e a Ordem Política e Social

Durante a discussão após a detenção, algumas pessoas disseram que Luciano estava armado na sessão, porém, uma duas manifestantes que viram sua chegada ao prédio, garantiram que ele foi revistado pela Guarda Municipal que constataram que ele não portava nenhuma arma.

O manifestante que, segundo seu perfil no Facebook, trabalha na empresa Coral Sub Serviços Subaquáticos, como mergulhador, estudou na Universidade Metropolitana de Santos (Unimes), pode ter incorrido em crime contra o Estado e a Ordem Política e Social, definidos pela Lei Federal 1802/35.

Entre eles, os que constam nos artigos, 8° e 21°. O primeiro com pena de reclusão que varia de 1 a 4 anos, por se tratar de poder municipal e o segundo, detenção de seis meses a 3 anos.