Usina de Reciclagem da Ilha dos Valadares gera mais de 40 toneladas de material limpo


Por Redação JB Litoral Publicado 29/03/2018 às 17h37 Atualizado 15/02/2024 às 02h04

 A Usina de Reciclagem, localizada no Bairro Sete de Setembro, na Ilha dos Valadares, não poderia ter uma denominação mais apropriada do que esta: Nova Esperança. Ela é a única fonte de renda para 15 associados e beneficia aproximadamente 60 pessoas. Foi fundada em 2008 pelo Provopar estadual com o intuito de dar uma destinação correta ao lixo doméstico e melhorar a qualidade de vida das famílias carentes da localidade, tornando assim a ilha mais atraente. Por mês, a associação produz mais de 40 toneladas de reciclados os quais são vendidos para indústrias de Curitiba e outros estados, gerando uma remuneração suficiente para a sobrevivência das pessoas cadastradas.

De acordo com Nelson Zuzi, assessor técnico da entidade, a associação já teve 34 pessoas cadastradas, mas devido à falta de uma melhor estrutura, hoje são apenas 15, sendo 13 dentro da usina e dois “carrinheiros”, além de quatro caminhões que faziam o transporte dos materiais. Atualmente são apenas dois.

Catadores fazem a reciclagem do que será comercializado

A Ilha dos Valadares não possui um programa de coleta seletiva de grande expressão, justamente por questão de não existir uma melhor estrutura em relação à destinação do lixo. “A maior parte dos materiais recicláveis vem da área urbana de Paranaguá. Ou seja, o lixo faz um “passeio” até a ilha e volta para a sua destinação final, depois de ser separado e classificado pela associação, enquanto que, só aqui, existe uma quantidade alta de material muito bom, isto é, limpo, aquele já tem uma classificação certa para a indústria”, conta Nelson.

Colabora trabalhando na prensa

Parceria com o TCP

A grande maioria da população desconhece o trabalho da associação, que não se limita a separar o lixo, mas que faz mais do que isto, tem uma preocupação com o bem-estar dos moradores, não só da Ilha dos Valadares, mas de outras comunidades, como a parceria com a TCP, fazendo a troca de material reciclável por alimento.

A entidade também faz o trabalho de conscientização junto aos moradores, promovendo palestras e outras atividades voltadas para a melhoria da qualidade de vida, inclusive a Semana do Meio Ambiente.

“Fizemos um projeto piloto para o recolhimento dos materiais reciclados, mas não teve continuidade por falta de apoio da municipalidade”, relata Nelson Zuzi. Ele disse que tem cobrado das autoridades responsáveis, mas não tem encontrado o respaldo necessário, embora haja boa vontade por parte do órgão específico.

Barracão da Associação no bairro do Sete de Setembro

A associação depende do município na questão dos caminhões coletores, pois quando há problema com um deles, o pessoal fica sem trabalho e, automaticamente, sem renda, gerando um problema social maior, já que os associados não têm outra forma de sobreviver.

“Aqui é diferente dos empregados em empresas ou no Poder Público, onde o salário é garantido. No caso da associação, se não tiver trabalho, não há salário”, conta a Presidente Silvia Zuzi.

Houve um tempo em que a associação chegou a pagar a travessia da balsa para poder transportar o material vendido, senão ficaria sem poder gerar renda para os seus associados. Hoje a empresa que presta o serviço de coleta é parceira da entidade e tudo está funcionando, mas a preocupação dos diretores da Nova Esperança é que a situação melhore e que ela possa atender um número maior de pessoas beneficiadas. Para tanto, de acordo com a entidade, são necessários vários ajustes por parte da prefeitura, tanto na questão burocrática quanto na infraestrutura da usina (barracão).

MPPR multou a prefeitura

Nelson conta que a associação vem lutando há muito tempo para que a prefeitura dê mais apoio à entidade, uma vez que ela presta um serviço público e não está sendo remunerada por isto. De acordo com o assessor existe uma lei que prevê isto.

“O Ministério Público já foi acionado e chegou a multar a prefeitura e fez um Termo de Ajuste e Conduta, mas não houve avanço”, relata Nelson Zuzi. Segundo ele, Paranaguá ainda não desenvolveu um planejamento a longo prazo para a questão da coleta seletiva do lixo, enquanto que outras cidades de pequeno porte do Estado já estão bem avançadas neste setor.

“A prefeitura contratou uma empresa para fazer a coleta de todos os resíduos, mas na verdade quem separa e classifica o lixo são as associações (Ilha dos Valadares e Imbocuí, Santa Maria), e por isto deveriam ser reconhecidas, recebendo uma verba para a manutenção das próprias entidades e remunerar os trabalhadores”, relata o assessor.

Ele espera que o Poder Público invista mais nestas entidades, uma vez que elas desenvolvem um trabalho de forma efetiva com a limpeza da cidade, contribuindo para a satisfação de todos e evitando a proliferação de insetos nocivos à saúde da população.